TCU alerta em
auditoria que rombo do Postalis pode ser maior
O Globo
13/04/2016
13/04/2016
BRASÍLIA - O Tribunal de Contas da
União (TCU) alerta que o rombo do Postalis (fundo de pensão dos funcionários
dos Correios), pode ser maior do que o divulgado pela entidade porque existem
várias aplicações que geraram prejuízo e que ainda não entraram no balanço. Em
2015, o déficit acumulado do fundo de pensão atingiu R$ 6,763 bilhões — valor a
ser arcado pela patrocinadora (os Correios) e os participantes, a partir deste
ano. Na auditoria realizada pelo TCU na entidade, a pedido do Congresso
Nacional, o relator do processo ministro Vital do Rêgo, destacou que 62,7%
desse déficit decorrem da baixa rentabilidade dos investimentos e de
provisionamentos para perda, o que revela má gestão, entre 2011 e 2014.
"Os números revelam, portanto,
fortes indícios de gestão temerária do Postalis", disse o ministro do
voto.
No fim do mês passado, o conselho
deliberativo do Postalis aprovou um plano para equacionar déficit acumulado
entre 2012 e 2014. Pela proposta, a partir de maio, os aposentados dos Correios
terão uma redução no valor do benefício de 17,92% e quem está na ativa passará
a contribuir com o mesmo percentual por um prazo de quase 23 anos. Cerca de 100
mil trabalhadores serão afetados. Rombos posteriores terão que ser incluídos na
conta a partir do próximo ano.
Na auditoria, o TCU conclui que os
controles internos não foram suficientes para assegurar o objetivo do Postalis,
que é de acumular reservas honrar o pagamento de todas as aposentadorias e
pensões. O relatório afirma ainda que faltou fiscalização efetiva por parte da
diretoria executiva dos Correios e do órgão fiscalizador do setor, a
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc):
"Não existem evidências de que
a diretoria executiva da ECT tenha realizado as análises necessárias e
suficientes para caracterizar a devida supervisão e fiscalização do Postalis
(...) a aplicação das sanções, por parte da Superintendência Nacional de
Previdência Complementar (Previc), ocorreu muito tempo depois dos fatos
geradores das irregularidades".
"Observo que o déficit
acumulado do fundo de pensão, ao final de 2012, era de R$ 1,1 bilhão, ao passo
que, em dezembro de 2014, já somava R$ 5,7 bilhões", diz o ministro no
voto.
O texto destaca que as penas
impostas pela Previc são proporcionalmente pequenas em relação ao tamanho dos
danos ocorridos e que o órgão foi omisso ao não intervir no Postalis, conforme
prevê a legislação. Afirma ainda que faltam critérios para responsabilização
dos dirigentes da entidade e aponta lacunas na legislação.
Diante da gravidade dos fatos, o TCU
decidiu que irá aprofundar os trabalhos para apontar a responsabilidade de
todos os envolvidos. O ministro lembrou no relatório que a diretoria do
Postalis foi afastada, mas que o desempenho ruim da entidade persistiu em 2014,
o que "indica que a malversação dos recursos pode ter continuado".
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