Investigadores criticam 'demora' para PF deflagrar operação sobre irregularidades no fundo de pensão dos Correios
G1
05/02/2018
05/02/2018
Operação Pausare, sobre desvios no Postalis,
fundo de pensão dos Correios, foi deflagrada na
última quinta-feira (1º) em meio a críticas à Polícia Federal sobre a demora
para “colocar a operação na rua”. No andamento judicial da operação, disponível
no site da Justiça Federal em Brasília, é possível ver que os mandados estavam
prontos desde o dia 15 de dezembro.
A última movimentação mostra a frase: “carga
retirados polícia federal”. Investigadores confirmaram que isso quer dizer que,
no dia 15 de dezembro, os mandados já estavam com endereços atualizados e
prontos para que o planejamento da operação fosse posto em prática.
A autorização judicial para a operação, do
juiz Vallisney de Oliveira, da Justiça Federal no Distrito Federal, é do dia 6
de novembro de 2017, quase três meses antes de a operação ir para as ruas.
Reservadamente, fontes que acompanham o caso
relataram insatisfação com essa demora. Disseram que era uma operação para ter
sido deflagrada ainda em 2017, e que procedimentos considerados simples, como a
atualização de endereços se arrastaram.
Essas mesmas fontes que acompanham as
investigações reforçaram que a deflagração de uma operação policial pressupõe
urgência, para evitar vazamentos. Por isso, quanto mais os preparativos se
estendem, mais riscos a investigação corre.
O problema, relatado nos bastidores, ganhou
contornos oficiais e foi citado na decisão do desembargador do Tribunal
Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), Ney Bello, de revogar a prisão
preventiva de um dos alvos da operação, José Carlos Lopes Xavier de Oliveira,
ex-presidente da instituição financeira internacional BNY Mellon.
Para Bello, a demora de três meses demonstra
que não havia urgência e motivos para a prisão preventiva de Xavier de
Oliveira.
"A prisão não tem vinculação direta com
a interrupção de qualquer atividade criminosa , que foi requerida em set 2017 ,
portanto , há 4 meses. Se fosse urgente haveria cumprimento ainda no ano
passado . A própria demora na decisão e no seu cumprimento favorecem os
argumentos dos impetrantes”.
José Carlos Lopes Xavier de Oliveira nem
chegou a ser preso. Ele estava nos Estados Unidos quando a PF deflagrou a
operação e voltou ao Brasil neste domingo (4).
O Postalis é um reduto de indicações
políticas do PMDB. Milton Lyra, apontado como operador de senadores do partido,
foi alvo da Operação Pausare na semana passada.Questionada pela TV Globo, a PF
informou que “para que as operações sejam efetivas, a PF necessita convocar
policiais e realizar um trabalho de logística para compatibilizar as ações com
outras operações em andamento. No caso da Operação Pausare foram convocados
cerca de 250 policiais para atuar em 4 unidades da federação e fazer cumprir
cerca de 100 mandados judiciais”.
Veja a cronologia do caso:
o pedido da operação foi feito pelo procurador Ivan Marx e pelo delegado Luis Flávio Zampronha no dia 12 de setembro de 2017 (há quase 5 meses);
a operação foi autorizada pelo juiz Vallisney de Oliveira, da Justiça Federal no Distrito Federal, no dia 6 de novembro;
os mandados estavam prontos no dia 15 de dezembro;
a operação foi deflagrada pela Polícia Federal no dia 1º de fevereiro (quase 3 meses depois da decisão judicial que autorizava a ação).
o pedido da operação foi feito pelo procurador Ivan Marx e pelo delegado Luis Flávio Zampronha no dia 12 de setembro de 2017 (há quase 5 meses);
a operação foi autorizada pelo juiz Vallisney de Oliveira, da Justiça Federal no Distrito Federal, no dia 6 de novembro;
os mandados estavam prontos no dia 15 de dezembro;
a operação foi deflagrada pela Polícia Federal no dia 1º de fevereiro (quase 3 meses depois da decisão judicial que autorizava a ação).
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