Secretário de empresas estatais não vê problemas nas indicações políticas: ‘eu sou um indicado’
O GLOBO
14/2/18
Fernando Soares afirma que há recomendações de nomes para cargos em qualquer país e que só 64 companhias públicas, de um total de 147, adequaram seus estatutos à nova lei
Secretário de Empresas Estatais do Ministério do Planejamento, Fernando Soares, afirma que há recomendações de nomes para cargos em qualquer país e que só 64 companhias públicas, de um total de 147, adequaram seus estatutos à nova lei.
A lei das estatais
está realmente sendo aplicada?
Sim. Uma semana após
a edição da lei, emiti um ofício para os ministérios setoriais e empresas,
dizendo que a aplicabilidade do artigo 17 da Lei 13.303 era imediata. Este
artigo fala dos critérios de indicação do pessoal de diretoria e do conselho
administrativo. Entre eles, é preciso ter experiência comprovada, não pode ser
ministro de Estado, nem dirigente sindical ou pertencer a partido político. Tem
que estar de acordo com a Lei da Ficha Limpa. Se o sujeito passar, vai para
frente; se não passar, acabou. Quem já tinha sido indicado fica até o fim do
mandato. Se a pessoa fosse demitida por esse motivo, poderia até judicializar.
No fim do mandato, acabou.
Das 147 estatais,
quantas já têm estatuto novo? Das 147 estatais, 64 tiveram seus estatutos
ajustados. O prazo final de adaptação é até 30 de junho e, até lá, estará tudo
pronto. Há pressão de políticos por cargos nas estatais para aprovar a reforma
da Previdência?
A lei já existe, foi
discutida e aprovada no Congresso. Não tem como discutir com a lei. Outra
coisa, para que demonizar indicações políticas? Eu sou um indicado político.
Vou assumir um cargo em conselho sem qualquer indicação? O negócio é: essa
pessoa que foi indicada perfaz os critérios da lei? Em qualquer país do mundo
você terá indicação política. As estatais terão que se adequar à nova lei
trabalhista? Participamos da reforma trabalhista e colocamos alguns pontos para
as estatais, que terão de se adaptar. Uma medida muito relevante, por exemplo,
diz respeito a uma faculdade que havia na CLT que dizia que, depois de dez anos
em uma determinada função com gratificação, você incorpora o salário dessa
função. Se você foi contratado como escriturário num banco público, virou
superintendente e depois voltou a ser escriturário, o salário de
superintendente estava incorporado. Agora, isso não pode mais. Se você permite
uma incorporação automática depois de dez anos, você destrói o sistema de
incentivo para que essa pessoa tenha qualidade no serviço e produtividade. Não
dá para tirar de quem já incorporou porque é direito adquirido. Mas aquele que
tem cinco anos não poderá incorporar mais.
Há outras medidas
adotadas para o setor privado que valerão também para estatais?
A terceirização na
atividade-fim, por exemplo. A Caixa e o Banco do Brasil são celetistas. Imagina
se você tem um Bradesco que consegue terceirizar e você, não. Você tem um
desnível competitivo. A ideia da terceirização é aumentar a competitividade das
empresas, eficiência e qualidade.
Qual é a economia esperada com a norma que fixou teto para o crescimento de despesas com saúde nas estatais (de 8%, limitados a 10% da folha, e contribuição paritária)? Hoje há um desnível. Em termos gerais, a empresa paga 77% e o funcionário, 23% do plano de saúde. Dentro de quatro anos, a relação será de 50% a 50%, e a economia prevista é de R$ 2,5 bilhões por ano nas estatais. A paridade é uma medida justa e equilibrada. Temos que lembrar que, neste caso, o principal acionista é a União, e a sociedade paga por isso. Há outros desequilíbrios identificados? As empresas estavam com excesso de mão de obra, e a gente começou uma política de redução do número de empregados, com o objetivo de aumentar eficiência e produtividade. Nós abrimos planos de desligamento voluntário e dissemos que as empresas têm que se ajustar estruturalmente, não tirar um e pôr outro. Por isso, estamos cancelando vagas. Depois do PDV, as empresas nos enviam um relatório com o número de desligados e aí cortamos 75% a 100% das vagas. Na maior parte das empresas, o corte é de 100%. Já existem resultados significativos? Em 2015, estávamos com 550 mil empregados e as empresas, com indicadores financeiros e resultados ruins, o que demonstrava a necessidade de ajuste nas empresas. Em setembro do ano passado, estávamos com 507 mil empregados e grande parte dessa redução é graças ao PDV. A gente conseguiu reduzir o número em 7,9% em um ano e meio. A sociedade está satisfeita com os serviços oferecidos pelas estatais? Sim. Mas não é essa redução do número de empregados que fez a qualidade piorar ou melhorar. O resultado das empresas melhora com o aumento da produtividade. Há uma série de outros fatores que interferem na qualidade dos serviços. Para garantir a qualidade do serviço oferecido pela Eletrobras e pela Infraero, há agências reguladoras setoriais e, para os bancos públicos, o Banco Central. A Infraero é um problema para o governo? Estamos tentando reestruturar a Infraero de acordo com os ativos que ela tem. Já perdeu dez aeroportos e parte de seu pessoal foi transferida para esses terminais. Os ativos se foram, e os empregados ficaram. Estamos tentando readequar a Infraero para o tamanho que ela tem que ficar. A Infraero tinha mais de 14 mil empregados e hoje tem menos de dez mil. A Infraero acha que tem que ajustar esse volume para 6 mil, o meu número é de 4 mil.
Qual é a economia esperada com a norma que fixou teto para o crescimento de despesas com saúde nas estatais (de 8%, limitados a 10% da folha, e contribuição paritária)? Hoje há um desnível. Em termos gerais, a empresa paga 77% e o funcionário, 23% do plano de saúde. Dentro de quatro anos, a relação será de 50% a 50%, e a economia prevista é de R$ 2,5 bilhões por ano nas estatais. A paridade é uma medida justa e equilibrada. Temos que lembrar que, neste caso, o principal acionista é a União, e a sociedade paga por isso. Há outros desequilíbrios identificados? As empresas estavam com excesso de mão de obra, e a gente começou uma política de redução do número de empregados, com o objetivo de aumentar eficiência e produtividade. Nós abrimos planos de desligamento voluntário e dissemos que as empresas têm que se ajustar estruturalmente, não tirar um e pôr outro. Por isso, estamos cancelando vagas. Depois do PDV, as empresas nos enviam um relatório com o número de desligados e aí cortamos 75% a 100% das vagas. Na maior parte das empresas, o corte é de 100%. Já existem resultados significativos? Em 2015, estávamos com 550 mil empregados e as empresas, com indicadores financeiros e resultados ruins, o que demonstrava a necessidade de ajuste nas empresas. Em setembro do ano passado, estávamos com 507 mil empregados e grande parte dessa redução é graças ao PDV. A gente conseguiu reduzir o número em 7,9% em um ano e meio. A sociedade está satisfeita com os serviços oferecidos pelas estatais? Sim. Mas não é essa redução do número de empregados que fez a qualidade piorar ou melhorar. O resultado das empresas melhora com o aumento da produtividade. Há uma série de outros fatores que interferem na qualidade dos serviços. Para garantir a qualidade do serviço oferecido pela Eletrobras e pela Infraero, há agências reguladoras setoriais e, para os bancos públicos, o Banco Central. A Infraero é um problema para o governo? Estamos tentando reestruturar a Infraero de acordo com os ativos que ela tem. Já perdeu dez aeroportos e parte de seu pessoal foi transferida para esses terminais. Os ativos se foram, e os empregados ficaram. Estamos tentando readequar a Infraero para o tamanho que ela tem que ficar. A Infraero tinha mais de 14 mil empregados e hoje tem menos de dez mil. A Infraero acha que tem que ajustar esse volume para 6 mil, o meu número é de 4 mil.
Quais são as estatais
mais problemáticas?
Infraero e Correios.
No caso dos Correios, a situação é bem pior, pois estamos falando
de 108 mil pessoas. Qual foi a última vez que vocês postaram uma carta em uma
agência dos Correios? É uma atividade que gera monopólio que está desmoronando.
Que medidas podem ser tomadas? Medidas paliativas. É preciso entregar carta
todos os dias? Outra coisa: tem uma cidade e três distritos. É preciso ter
quatro agências ou postos? Não é melhor ter só uma agência na sede do município?
Recentemente, vice-presidentes da Caixa foram afastados por indícios de corrupção, e a instituição está sendo acusada de fazer empréstimos a estados e municípios sem garantias constitucionais. Qual a sua opinião a respeito?
O resultado que a Caixa vai apresentar em 2017, em seu balanço, demonstra uma melhora do próprio banco. O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, está dando mais governança e melhorando os padrões do banco.
Recentemente, vice-presidentes da Caixa foram afastados por indícios de corrupção, e a instituição está sendo acusada de fazer empréstimos a estados e municípios sem garantias constitucionais. Qual a sua opinião a respeito?
O resultado que a Caixa vai apresentar em 2017, em seu balanço, demonstra uma melhora do próprio banco. O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, está dando mais governança e melhorando os padrões do banco.
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