quinta-feira, 16 de março de 2017

Moradores de Praia Grande não recebem correspondências dos Correios

A Tribuna
15/03/201
A aposentada Marilene Gomes Gil, de 73 anos, saiu de casa, no Jardim Maracanã, em Praia Grande, e ficou por mais de três horas em uma fila. Eram exatamente 13 horas quando ela conseguiu, enfim, receber suas mais de 40 correspondências, entre cartas e, principalmente, faturas para serem pagas. Marilene era apenas uma entre as mais de 50 pessoas que tiveram de fazer o mesmo na terça-feira (14) – e de tantos que têm feito isso nos últimos dias.
O motivo do transtorno, todos repetiram à exaustão enquanto aguardavam para ser atendidos por uma única funcionária, que estava no balcão do Centro de Distribuição dos Correios (CDC), na Vila Caiçara: há pelo menos dois meses, segundo relatos, praia-grandenses de vários bairros não conseguem receber correspondências em casa.
“Tive de vir até aqui para poder receber minhas cartas. Fiquei mais de três horas na fila e olha quantas correspondências estou levando”, disse a aposentada, mostrando um leque de documentos que, na teoria, deveriam ter sido entregues em sua casa pelo serviço dos Correios. Porém, na prática, ficaram retidos no CDC de Praia Grande.
Ironicamente, nas paredes do posto – de espaço reduzido, com apenas dois guichês e três cadeiras disponíveis para idosos, gestantes, pessoas com deficiência ou com crianças no colo –, lia- se o seguinte comunicado: “CDC Caiçara informa que as correspondências simples não serão mais entregues no balcão de atendimento a partir de 26 de janeiro de 2017”. Marilene teve de ir ao local justamente para retirar o básico de sua correspondência: cartas e contas.
“Moro no Samambaia e tive de vir aqui ao Caiçara para buscar esta encomenda. Curiosamente, comprei dois produtos. Um foi entregue e o outro ficou aqui no CDC. Permaneci na fila por quase quatro horas, para retirar algo que foi entregue pela metade, já que os dois produtos deveriam ter sido entregues juntos", reclamou o técnico em refrigeração Jeferson Menezes Sodré, de 33 anos.
Se Jeferson saiu do Samambaia para retirar o produto, na fila estavam moradores do próprio Caiçara. “Moro aqui no bairro e faz um mês que não recebo minhas correspondências. Estou há duas horas na fila e acho que vou ter de esperar muito mais”, comentou a dona de casa Simone Marco Antonio, 44 anos.
Na fila também estavam pessoas que nem sequer sabiam se teriam algum tipo de correspondência para retirar. “Não recebo correspondências há mais de um mês. Vim aqui para saber o que está acontecendo”, disse uma jovem, que pediu para não ser identificada. 
E o horário?
Enquanto aguardava para ser atendido, o funcionário público Diamond Ribeiro, de 30 anos, questionava informação do site dos Correios.
“Aqui no site oficial está dizendo que os postos atendem até as 17 horas. Ontem (segunda-feira) cheguei aqui às 16 horas e soube que a unidade já estava fechada. Como assim, e o horário?”, indagou Diamond, que mora no Samambaia.
Após ouvir as reclamações, A Tribuna apurou que o problema no CDC de Praia Grande seria a falta de funcionários, devido a férias de uns e licenças médicas de outros. A Reportagem solicitou informações dos Correios. 
Em nota enviada por sua assessoria, a empresa disse apenas que “o caso será apurado pela área técnica responsável e após a conclusão enviaremos resposta definitiva sobre o caso”.
Empresa fechará 250 agências
Os Correios pretendem fechar, até o fim deste ano, 250 agências no Brasil, 37 delas em regiões metropolitanas do Estado – incluindo a Baixada Santista. Trata-se de uma reestruturação para diminuir despesas em meio a uma grave crise enfrentada pela empresa.
Apesar de a região estar na lista, ainda não se sabem quais unidades encerrarão as atividades. Os Correios alegam que, na prática, vão fundir agências muito próximas.
Questionada por A Tribuna, a empresa respondeu que não informaria quais agências locais serão fechadas porque ainda não há decisão definitiva.
Entretanto, também não se confirmam quais agências continuarão abertas. A empresa informa que é possível consultar, no site dos Correios, as agências próximas de casa. Quando uma for fechada, desaparecerá da listagem.
“O projeto para fusão de agências vai tornar a rede de atendimento mais eficiente e melhorar a prestação de serviços. A implantação das mudanças será gradual para minimizar os impactos aos clientes com as adequações”, citaram os Correios, em nota.

Com contas no vermelho, os Correios, além de fecharem agências, entraram para o mercado de telefonia móvel e lançaram um plano de demissão para funcionários.

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