Reforma da
Previdência não será aprovada como foi enviada, diz
relator
O Globo
09/03/2017
09/03/2017
relator da reforma da Previdência, Arthur
Maia, afirmou que já sabe que a proposta não será aprovada da forma como está e
que as regras de transição terão que ser alteradas. Segundo ele, essa parte do
projeto está “muito mal formulada”. A afirmação foi dada a servidores do
Tribunal de Contas da União (TCU) durante um seminário sobre Previdência, um
dia após o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmar que qualquer
ampliação da regra de transição é inviável.
— Eu sei que a reforma não vai passar da forma como está. Alterações, ela vai ter. Particularmente em relação à regra de transição, mas também em relação aos trabalhadores rurais e aos regimes especiais — disse.
— Eu sei que a reforma não vai passar da forma como está. Alterações, ela vai ter. Particularmente em relação à regra de transição, mas também em relação aos trabalhadores rurais e aos regimes especiais — disse.
Ele criticou a inflexibilidade da Fazenda e
disse que já passou o recado ao ministro Meirelles de que o projeto não sairá
do Congresso da forma como chegou. Questionado sobre como o ministro teria
recebido a informação, Maia disse que Meirelles é “uma esfinge”.
— Eu disse ao ministro Meirelles, diante
dessa inflexibilidade da Fazenda, que o ótimo é inimigo do bom. Disse que o que
o senhor acha ótimo e o que os trabalhadores acham ótimo, não vai ser aprovado.
Vamos tentar construir um projeto bom — completou.
Ontem, o ministro da Fazenda fez uma
peregrinação no Congresso e conversou com várias bancadas com o objetivo de
convencer os parlamentares a aprovar o projeto da forma como foi enviado pelo
governo. Segundo Meirelles, se a reforma for diluída, o melhor seria nem
começar o desgaste. Ele disse que alterar as regras de transição é “inviável” e
afirmou que, se houver uma redução da idade mínima para aposentadoria feminina,
isso terá que ser compensado na mesma proporção pelos homens, para balancear o
custo.
Questionado sobre a gafe do presidente da República em um evento em referência ao dia da mulher, em que Temer citou a importância feminina na economia doméstica, Maia se limitou a dizer que o presidente “não comete gafes”.
Questionado sobre a gafe do presidente da República em um evento em referência ao dia da mulher, em que Temer citou a importância feminina na economia doméstica, Maia se limitou a dizer que o presidente “não comete gafes”.
APOSENTADORIA RURAL
Apesar de ponderar que a aposentadoria rural
seria alterada no projeto original da reforma, o relator defendeu a necessidade
de alguma contribuição por parte de trabalhadores rurais. Segundo o deputado,
eles causam um “déficit enorme na Previdência”. Para ele, o trabalhador rural
com carteira assinada tem hoje as mesmas condições que um urbano. Em relação à
agricultura familiar, ele ponderou que as regras atuais abrem brecha para
fraudes. Segundo Maia, muitas vezes o trabalhador rural que recebe o benefício
assistencial vai para a cidade, trabalha a vida toda e volta, na idoso, para o
campo somente para receber a aposentadoria rural.
— Hoje você tem mais pessoas aposentadas
nessas condições do que o número de brasileiros que o IBGE diz que mora no
interior. Temos que enfrentar essa situação. É uma situação das mais duras mas
o governo não pode abrir mão de alguma contribuição.
MILITARES
O relator ainda criticou a exclusão dos
militares da proposta de emenda constitucional (PEC) que reforma a Previdência.
O governo decidiu que, por terem condições especiais de aposentadoria, os
militares seriam tratados em um projeto de lei separado.
— Pessoalmente, tenho minhas discordâncias em
relação a isso — disse o deputado.
Maia disse que não tem dúvidas da necessidade
de uma reforma na Previdência e afirmou aos servidores do TCU que não há
diferenciação entre a forma como os trabalhadores civis e servidores são
tratados. O seminário foi organizado pela associação de auditores do tribunal
(AudTCU), que defenderam que a reforma é mais injusta com os funcionários
públicos. Segundo a presidente da associação, Lucieni Pereira, deveria haver
uma reforma em separado também para os servidores. Ela ponderou que os
funcionários públicos não recebem FGTS e que “não tem como dar ao servidor
público o mesmo tratamento do que para um trabalhador de fábrica”.
Maia criticou a possibilidade, incluída na reforma feita durante o governo Fernando Henrique Cardoso, de que servidores de estatais se aposentem e optem por continuar trabalhando na empresa. Segundo ele, esses funcionários continuam trabalhando e, mais à frente, negociam um acordo para serem demitidos. Assim, recebem a aposentadoria pelos serviços àquele órgão e os benefícios da demissão. Maia estima que esse tipo de acordo traz um prejuízo anual de R$ 2 bilhões aos cofres públicos. Segundo o deputado, só nos Correios existem 12 mil servidores nessas condições.
Maia criticou a possibilidade, incluída na reforma feita durante o governo Fernando Henrique Cardoso, de que servidores de estatais se aposentem e optem por continuar trabalhando na empresa. Segundo ele, esses funcionários continuam trabalhando e, mais à frente, negociam um acordo para serem demitidos. Assim, recebem a aposentadoria pelos serviços àquele órgão e os benefícios da demissão. Maia estima que esse tipo de acordo traz um prejuízo anual de R$ 2 bilhões aos cofres públicos. Segundo o deputado, só nos Correios existem 12 mil servidores nessas condições.
Questionado sobre a abrangência de
parlamentares na reforma, ele disse que o relatório que irá apresentar trará
clara inclusão de deputados e senadores.
— Não haverá nenhuma distinção para
parlamentares, porque eu não sou maluco.
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