Plano de saúde dos
servidores ‘está matando’ os Correios, diz
presidente da estatal
O Globo
29/03/2017
29/03/2017
O presidente dos Correios, Guilherme
Campos, disse nesta quarta-feira que o plano de saúde oferecido aos servidores
“está matando” a estatal. Conforme publicado na edição de hoje do GLOBO, dentro
de um processo de reestruturação da empresa está uma negociação com os
sindicatos para revisão do plano de saúde. Campos ameaçou que, se a negociação
não avançar até esta sexta-feira, procurará “as vias judiciais”, levando a
questão ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).
— Com certeza teremos de fazer esse movimento
em função da sobrevivência dos Correios — disse Campos em audiência pública na
Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal.
Segundo ele, em números ainda preliminares,
do total de prejuízo apurado pelos Correios em 2016 de cerca de R$ 2 bilhões,
R$ 1,8 bilhão se referem diretamente ao plano de saúde. Do total de custos do
plano de saúde, a estatal paga 93% e os funcionários, 7%.
— A empresa não quer acabar com o plano de
saúde, mas nos moldes que está hoje, é impossível de ser mantido.
Campos confirmou diante dos senadores as
intenções da empresa, antecipadas pelo GLOBO, de reformar a estratégia
comercial do Sedex e de transformar as agências dos Correios em um posto de
relacionamento mais abrangente entre os órgãos públicos e a população,
oferecendo outros tipos de serviços públicos.
O presidente disse ainda que a venda de
linhas de celulares dos Correios em São Paulo tem obtido sucesso e que, em
breve, as vendas avançarão para Brasília, Belo Horizonte e o interior de São
Paulo. Até o fim do ano, disse Campos, as linhas deverão ser oferecidas em 3
mil cidades do país.
REESTRUTURAÇÃO
Guilherme Campos disse também que, dentro do
pacote de reestruturação da empresa que será apresentado em até 90 dias consta
uma solicitação à Caixa Econômica Federal para os Correios oferecerem em suas
agências uma espécie de loteria. Hoje, as loterias são monopólio da Caixa, mas
já existe uma discussão em âmbito federal para abertura do mercado para novas
empresas, inclusive pela privatização da Lotex.
— É uma alternativa, aproveitando a
capilaridade e a abrangência nacional dos Correios — disse Campos.
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações
e Comunicações, Gilberto Kassab, disse que é preciso achar um caminho para a
crise dos Correios e reafirmou que, caso contrário, não vê caminho possível que
não seja a privatização da empresa. Ele negou, porém, que o processo de venda
da empresa esteja em discussão dentro do governo do presidente Michel Temer.
— Nenhum de nós brasileiros gostaria de ver a
empresa Correios privatizada, mas essa será a única solução, caso os Correios
não encontrem o seu caminho — disse Kassab.
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