quarta-feira, 19 de junho de 2019


Bolsonaro tem carta na manga após o #foraLevy

Notibras
19/06/2019

Bolsonaro acertou em demitir Joaquim Levy. Bolsonaro errou em nomear Joaquim Levy. Apoiadores dividem opiniões. Acertou ao demitir, tardiamente, por motivos claros e a participação direta dele em dois governos que promoveram assaltos sem precedentes aos cofres públicos. No do apenado centenário Sérgio Cabral e no da liberada ex-presidente da República Dilma Rousseff.

Nas duas funções, seu papel era cuidar das fazendas. Como assim? Levy foi secretário e ministro nos governos de duas notórias quadrilhas, ainda que não estivesse envolvido nelas. Ninguém havia entendido a nomeação de Levy e a sua capacidade de servir a dois senhores presidentes – Dilma e Bolsonaro – de orientações radicalmente opostas. E aí encontramos um paradoxo.

Se Joaquim Levy é um profissional ilibado, isento, correto, bom caráter, como acredita a maioria, então é pior para o programa de limpeza imposto por Bolsonaro. Só uma pessoa de caráter reto poderia respeitar pessoas de seu passado, independente da relação daqueles políticos com o Código Penal. Na melhor das hipóteses.

Ao contrário, acreditam observadores, se Bolsonaro tivesse mandado para a missão BNDES um esquerdopata arrependido – se é que existe -, mau caráter, traidor traído, seu primeiro ato na presidência teria sido abrir a caixa preta da instituição e gritar #dentroLula! (da cadeia). Mas é uma ideia não aceitável, embora possível, como uma espécie de “nomeação premiada”.

Buscando um caminho intermediário, então Levy pra lá foi. Então Levy de lá saiu, já vai tarde, após macular a sua biografia com tinta vermelha. E agora verde e amarela.

Chama atenção a resiliência de Bolsonaro, que correu o risco máximo de sua administração, ao levar um lobinho para o galinheiro dos ovos de ouro. Prova disso foi a defesa calorosa empreendida pelo filho tchutchuca do ex-terrorista (ex?) Zé Dirceu, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) nas redes sociais. Disse ele: “O formatado (sic) da demissão do presidente do #bnds (sic), prova que a única prioridade do governo é destruir o PT. Nenhuma decisão leva em conta, competência e resultados. Ignoram necessidades da população e agem só pela luta política. Nenhuma proposta para #emprego, #saúde e #educação.”

Segundo ativistas da nova era bolsonarista, “o filhote de meliante”, como é chamado nas mesmas redes sociais, não merece um segundo de atenção, mas sua declaração deixa explícito o descontentamento do PT ao perder um nome supostamente infiltrado no principal propinoduto da esquerda lalau.

Dos males, o menor. Serviu de experiência para outras decisões complexas, como a de privatizar os Correios. A empresa que surgiu há 356 anos está presente em quase 100% dos municípios brasileiros (cerca de 5.500), desempenhando um papel social em nosso território continental, que raras estruturas no mundo seriam capazes de cobrir.

Os mais antigos devem ainda imaginar que os Correios existem para entregar cartas e telegramas, serviços praticamente extintos. Mas não é. A partir de sua reestruturação, nos anos 80, a empresa ganhou funções com reflexos na logística nacional, como a distribuição de encomendas e renda – e-commerce e numerário onde inexistem agentes bancários.

Há uma certa confusão na avaliação açodada sobre a sua privatização. Se Bolsonaro, com a recente e amarga experiência do BNDES (muito atrasado em uma auditoria com lupa e relatório de crimes), decidir tratar o assunto Correios com a cautela necessária, a privatização pode ser descartada. Existem diversas opções para a sua recuperação. O problema em privatizar uma instituição estratégica será a interrupção dos serviços em localidades onde nenhuma empresa privada mundial terá interesse em comparecer.

Apenas 6% dos municípios atendidos são superavitários aos serviços postais. Empresas multinacionais de courier, como DHL ou FedEx, terceirizam suas entregas por meio do Sedex, acreditem, para os municípios brasileiros onde elas não têm filiais, ou seja, cerca de 5.150. Quem vai entregar o remédio urgente em Carutapera, no Pará, ou fazer chegar a mesada enviada pela diarista de São Paulo para a vovó Vavá em Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul?

A dimensão e infraestrutura dos Correios não poderão ser reproduzidas por nenhum grupo ou pool de empresas privadas. Elas não têm papel social, não atenderão um negócio onde 94% do mercado não dão lucro. Haverá um colapso no sistema postal. O governo vai cobrir essa mancha no mapa com o antigo CAN – Correio Aéreo Nacional, serviço antológico da Segunda Guerra Mundial?

Essa análise não é restrita aos discursos tendenciosos sindicalistas, apenas. Especialistas patriotas e sérios estão repletos de argumentos e alternativas de solução. É necessário afastar, portanto, os vermelhos que infestam os sindicatos e ouvir técnicos especializados.

A difamação sistemática dos Correios feita por revistas nacionais tendenciosas tem explicação: esses grupos editoriais criaram empresas postais e querem acabar com o monopólio, que é uma necessidade estratégica. Além disso, se os sindicalistas contribuíram com o assalto sofrido pela empresa, isso ocorreu de forma escancarada entre os anos 2013 e 2016, nos governos comunistas ou socialistas, como queiram, com mensalões pornográficos que feriram até o Postalis, fundo de pensão com quase 200 mil trabalhadores pendurados.

Paulo Guedes, o ministro que quer encontrar dinheiro até em enterro de petista, com razão, não deve contar com esses recursos em curto prazo. Já basta o equivocado caso Levy, indicado por ele. Será muito mais caro aos cofres públicos recriar o CAN como agente de integração nacional, do que reestruturar uma empresa que já mereceu o reconhecimento internacional pela sua pontualidade e utilidade pública.

O choque mais importante foi dado pela gestão atual com a interrupção da pilhagem empreendida na era da vergonha. Bolsonaro deve ignorar os sindicalistas terroristas, eles que se danem, e concluir o saneamento, devolvendo aos brasileiros um dos maiores e mais complexos sistemas de integração nacional em todo o mundo. Fazer é melhor que refazer. 

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