Ajuste no plano de saúde dos Correios é golpe nos trabalhadores, diz federação
Rede Brasil Atual
10/01/2018
10/01/2018
Com o menor salário entre os trabalhadores
das estatais, os funcionários dos Correios deverão sofrer com outro
golpe do governo federal: alterações importantes no plano de assistência à
saúde. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) deverá julgar em fevereiro a ação
para retirar pais, filhos e cônjuges da assistência médica dos funcionários.
Para os trabalhadores, além da ação ir contra
o acordo coletivo, falta transparência do governo ao apresentar um suposto
déficit da empresa para justificar a medida. Segundo o secretário-geral da
Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e
Similares (Fentect), José Rivaldo da Silva, os funcionários não recebem um
salário justo para arcar com os custos que virão a partir da retirada de seus
familiares dos convênios.
"Cerca de 80% dos trabalhadores dos
Correios têm média salarial muito baixa, não chega a R$ 2 mil. É muito pouco
para que o governo coloque mais uma conta no nosso bolso. Não tem como a gente
pagar um plano de saúde", afirma.
Atualmente, o acordo coletivo permite a
cobertura de 95% dos custos do plano aos concursados e de seus 260 mil
dependentes. Os Correios querem reduzir em um terço o gasto de R$ 1,8 bilhão
anual, caso o TST julgue a ação em favor da empresa. "O governo quer dar
um golpe nos trabalhadores e colocar na nossa conta o falso argumento da
falência dos Correios", lamenta Rivaldo.
A federação diz que o déficit alardeado pela
direção da empresa não é transparente e tem como base os lançamentos contábeis
relacionados aos planos de demissão incentivada, pós-emprego e depreciações.
"Nos últimos 20 anos, o governo gastou, em média, de 8% a 9% da receita
bruta da empresa com plano de saúde. Ao longo dos anos a receita cresce, mas o
gasto não dobrou, se manteve nessa média", explica Rivaldo.
A Fentect afirma que atua em duas frentes
para derrubar a ação: mobilizando os trabalhadores e conversando com o
Ministério Público. "Vamos levar os números que temos para tentar
descaracterizar este argumento de que é o plano de saúde o responsável pela
oneração da empresa."
Entretanto, os ataques a direitos
conquistados pelos trabalhadores, desde a chegada do governo Temer ao poder,
faz a categoria se preparar para a necessidade de intensificar a luta.
"Com as mudanças nas leis trabalhistas e decisões monocráticas que o
tribunal tem tomado, a gente aguarda com muita cautela", acrescenta o
secretário-geral.
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