quinta-feira, 13 de abril de 2017

ESPORTES Federação de tênis corta verba de atletas, mas reajusta a de cartolas

FOLHA DE S.PAULO
13/4/17


Paulo Roberto Conde Após sofrer uma redução de 76% no contrato de patrocínio que recebe dos Correios em relação ao exercício anterior, a CBT (Confederação Brasileira de Tênis) cortou funcionários e diminuiu repasse que fazia aos principais tenistas do país.

Jogadores como Thomaz Bellucci e Bia Haddad Maia -melhores brasileiros nos rankings mundiais masculino e feminino- foram afetados.

O vencimento do presidente da entidade, entretanto, passou ileso ao ajuste. Eleito em julho, Rafael Westrupp, teve seu salário reajustado pela inflação. Se seu antecessor, Jorge Lacerda da Rosa, recebia R$ 20 mil mensais bruto como mandatário, Westrupp passará a receber R$ 22 mil, teto estatutário estabelecido pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil).

O pagamento ao mandatário é feito com recursos da Lei Piva, que advém de porcentagem das loterias federais e é repartido pelo COB.

Também dentro de um cenário de contração, a CBT organizou no início de março sua assembleia geral, exatamente na qual Westrupp foi empossado.

A confederação gastou R$ 112 mil para pagar passagens aéreas, traslados, alimentação e alugar quartos para todos os presidentes de suas 26 federações filiadas em um hotel de luxo no Morumbi, zona sul de São Paulo, cuja diária mais barata é próxima a US$ 100 (cerca de R$ 300).

A cerimônia aconteceu simultaneamente ao Aberto do Brasil, torneio da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) realizado na capital.

Todos os cartolas tiveram direito a trazer acompanhantes de sua escolha e ganharam ingressos para o torneio, que foi realizado no Esporte Clube Pinheiros. A solenidade também serviu de ensejo para abrigar a premiação de uma revista do segmento.

A mesma assembleia aprovou que Rosa, que comandava a CBT desde 2004, permanecesse na entidade até o final de abril para ajudar na transição de Westrupp.

A definição suscitou um ponto controverso, em torno da real necessidade de uma transição, uma vez que Westrupp atuava como superintendente da CBT desde 2013.

Desde que foi eleito, em julho passado, o novo mandatário já vinha tomando praticamente todas as decisões executivas da confederação e participado de reuniões inclusive com a federação internacional da modalidade.

A transição foi um dos derradeiros itens aprovados na pauta da assembleia. Um dos que confirmaram a medida foi o duplista André Sá, que preside a comissão de jogadores. Ele também teve o repasse via Correios cortado pela CBT. Para ajudar Westrupp, Rosa receberá R$ 22 mil por mês (relativos a março e abril) e benefícios como  CORREIOS auxílio moradia. Ele vive em São Paulo e a sede da CBT foi transferida para Florianópolis no último mês de janeiro.

De acordo com o novo contrato de patrocínio assinado em dezembro, com duração de dois anos, os Correios repassarão à CBT R$ 4 milhões divididos entre 2017 e 2018. A entidade prevê um orçamento de R$ 8 milhões neste ano, segundo ata da assembleia geral.

Mediante o arrocho, a confederação cortou verbas.

Os atletas foram diretamente impactados. Grandes nomes do país, como Bellucci, Bruno Soares, Marcelo Melo e Thiago Monteiro, chegaram a ter 90% de corte no valor que costumavam receber da CBT por meio do patrocínio com a estatal.

Soares, que conquistou dois títulos de Grand Slam em 2016, já recebeu gorda premiação pelos títulos. Agora, a possibilidade inexiste.

Outros tiveram contratos simplesmente finalizados.

O máximo que um tenista pode receber atualmente da entidade é R$ 6 mil por semestre. Ou seja, R$ 1 mil por mês em ajuda voltada sobretudo para passagens aéreas. 

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