segunda-feira, 14 de outubro de 2019


Desde 1663 os correios garantem o direito de serviço postal ao povo brasileiro; conheça histórias de quem usa o serviço no cotidiano

Brasil de Fato
Outubro 2019

O prazer de enviar e receber carta pelos correios parece um pouco perdido no meio do mundo digital, não é mesmo? Mas, apesar do avanço no uso das redes sociais e dos e-mails, a troca de correspondência não morreu no Brasil. Aquela sensação boa, misto de curiosidade e ansiedade, pela espera do amigo carteiro ainda vive em muita gente - que recebe muito mais que boletos. O professor Edmar Cialdine, 39, morador da cidade do Crato/CE, desde que se entendeu como leitor sempre usou este serviço: seja assinando revistas, comprando livros ou trocando cartas, prática que mantém, inclusive nos dia atuais.

"As pessoas se entregam mais por meio das cartas. Não raro me vejo emocionado, quase às lágrimas, quando leio uma carta.Isso é algo que nem e-mail, nem redes sociais ou ligações telefônicas me fizeram sentir, conta Edmar que troca cartas com pessoas dentro e fora do Brasil.

Os Correios têm sua origem no Brasil no ano de 1663 e, desde então garante o direito de serviço postal ao povo brasileiro. A empresa está presente em 100% do território nacional e é autossustentável, ou seja seja, o Tesouro Nacional não precisa colocar recursos para que a instituição funcione. No ano de 2018, os Correios tiveram 161 milhões de reais em lucro.

Os Correios geram mais de 100 mil empregos diretos e garantem, com o menor custo e maior segurança, a entrega de itens essenciais como livros didáticos para escolas e vacinas e remédios para os postos de saúde de todos os municípios do país. No Ceará são 198 agências em funcionamento.
Privatizações pelo mundo
A partir de outras experiências de privatização dos serviços de correios ao redor do mundo, por exemplo em países como Portugal e Alemanha, é possível prever que, caso a empresa brasileira seja privatizada, haverá demissão de trabalhadores - mesmo os que entraram através de concurso público não tem garantia -, aumento no custo dos serviços, e fechamento das agências que não dão lucro, deixando assim milhões de brasileiros e brasileiras sem acesso ao serviço postal e também serviços bancários.

Relações
Para o carteiro Robério Gomes,41, trabalhador dos Correios desde 2002, a empresa estatal é parte fundamental do dia a dias do povo, além do serviço prestado, os trabalhadores desenvolvem também uma relação afetiva nas regiões em que atuam. "Tem pessoas que a gente conhece que é como se fosse da família, pessoas que vimos crescer, estamos todos os dias na casa das pessoas", conta o carteiro. Robério lembra ainda que manter o serviço postal e o correio aéreo nacional é tarefa do Estado brasileiro previsto na Constituição Federal, no artigo 21.
Um outro segmento que pode ser afetado de forma negativa com a privatização dos Correios são as microempresas que comercializam pela internet e enviam seus produtos para os consumidores."Muitos microempreendedores dependem dos Correios hoje.Temos umas das taxas mais baixas do mercado. Quem vende pela internet vai sofrer se o preço for elevado e o consumidor final também", alerta Robério.

Mobilização 
O Sindicato dos Trabalhadores em Correios, Telégrafos e Similares do Estado do Ceará (Sintect CE) tem se mobilizado para alertar a população e cobrar os parlamentares do Ceará através de audiências públicas e tribunas livres que vêm ocorrendo em todo o estado desde junho. Maria de Lourdes Paz Félix, 63, é trabalhadora dos Correios desde 1977 e atualmente ocupa a função de coordenadora geral do Sintect CE, e faz o alerta para os desmontes que os Correios vêm sofrendo como uma tentativa de justificar a proposta da privatização. "Já foram fechadas 161 agências em todo o Brasil, entre essas, 8 no Ceará. Isso vem acontecendo desde o governo Temer e agora se intensificou", afirma a coordenadora.

Em contraponto, está se formando uma Frente Parlamentar pela Soberania Nacional que se posiciona contra as privatizações e em defesa do patrimônio nacional. "A nossa soma é que vai dar nossa vitória", afirma Maria de Lourdes.

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