Consumidor.gov.br
oferece respostas em 10 dias e 80% de acordos
CONJUR
4 de novembro de 2015
4 de novembro de 2015
Para tentar evitar que mais ações de
consumidores cheguem ao Judiciário, a Secretaria Nacional do Consumidor
(Senacon), órgão do Ministério da Justiça, criou o site consumidor.gov.br. As
282 empresas que aderiram ao projeto têm dez dias para chegar a um acordo com o
cliente. Toda a negociação é monitorada pela Senacon.
No site, é possível saber o índice de
acordo atingido por cada uma das empresas e o tempo médio de resposta ao
consumidor. Há ainda uma nota pelo atendimento atribuída por cada um dos
clientes.
A secretária nacional do consumidor,
Juliana Pereira da Silva, diz que não se trata de fechar as portas do
Judiciário para as demandas de consumo. A ideia é abrir nova frente de
negociação direta entre as empresas e seus clientes. Caso não haja acordo, todo
o histórico das conversas fica registrado na plataforma, e o consumidor pode
usá-lo para propor ação na Justiça, afirma.
O presidente do Tribunal de Justiça de São
Paulo, Renato Nalini, firmou parceria com a Senacon nesta quarta-feira (4/11).
Segundo ele, juízes e desembargadores trabalham atualmente em seu limite. E,
apesar da alta produtividade, não é possível dar respostas rápidas diante do
número de ações que chegam diariamente. Tentar uma solução pelo site criado
pela Senacon vale mais a pena do que entrar com um processo, que pode levar
anos para ser decidido e, ainda, com a possibilidade de a resposta não ser
satisfatória nem para o consumidor nem para a empresa, recomenda o
desembargador.
O site entrou no ar em setembro de 2014. De
lá para cá, foram finalizadas 182 mil reclamações, com índice de 80% de
acordos, de acordo com Juliana Pereira da Silva. Começou com 50 empresas
cadastradas, que foram procuradas pela secretaria por estarem no ranking
daquelas com maior número de reclamação de consumidores. Hoje, as empresas
interessadas devem procurar a secretaria.
“Procuramos sair do histórico ranking dos
piores para criar um novo ambiente onde as empresas disputem para serem as
melhores no atendimento ao consumidor, e não o contrário. O objetivo é que as
empresas demonstrarem que têm compromisso com os seus clientes”, afirma
Juliana.
Nota para o atendimento
Na cerimônia de assinatura do acordo entre
o TJ-SP e a Senacon, mais 14 empresas decidiram aderir à plataforma de solução
extrajudicial de conflitos. Cada uma delas tem uma equipe voltada para atender
essa demanda.
Na Samsung, por exemplo, a central de
atendimento recebe as reclamações e envia para o departamento jurídico, que vai
propor uma solução para o caso. Foi a primeira empresa no setor de
eletro-eletrônicos a aderir à plataforma. Segundo a chefe do departamento
jurídico da empresa, Adriana Mori, o objetivo da empresa é reduzir o número de
litígios no Judiciário.
De acordo com o consumidor.gov.br, a
empresa já respondeu a 5.151 reclamações e obteve um índice de 65,2% de
acordos. O prazo médio das respostas foi de 3,8 dias. A satisfação do
consumidor, numa escala de 1 a 5, foi de 2,8.
O banco Itaú-Unibanco conta com uma equipe
de mediadores e conciliadores, formados pela Escola Paulista da Magistratura,
para atender às demandas. Respondeu ao todo a 4.377 reclamações, com 74,5% de
acordos. O prazo médio da resposta foi de 6,9 dias, e a satisfação do
consumidor foi de 2,9.
O plano de saúde Amil aderiu há pouco tempo
ao programa. Respondeu a 462 reclamações e atingiu 64,3% de problemas
resolvidos por meio da conciliação. O prazo médio da resposta foi de 8,2 dias,
e a nota de satisfação do consumidor ficou em 2,2.
A Senacon já fechou parceria com Procons, a
Defensoria Pública e os tribunais de Justiça da Bahia, Distrito Federal,
Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
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