Efraim
Filho: desvios em fundos de pensão têm mesmo DNA do
mensalão e petróleo
Estadão
16/11/2015
16/11/2015
O presidente da CPI dos Fundos de
Pensão, Efraim Filho (DEM-PB), afirmou nesta segunda-feira que o mesmo modus
operandi dos desvios nos cofres da Petrobras, investigados pela Operação Lava
Jato, e do escândalo do mensalão, foi utilizado para o aparelhamento, tráfico
de influência e desvios de recursos dos fundos de pensão dos funcionários da
Petrobras (Petros), Caixa Econômica Federal (Funcef), Correios (Postalis) e
Banco do Brasil (Previ). "Os personagens desses escândalos se
interligam" disse o parlamentar, citando especificamente o ex-ministro da
Casa Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, ambos presos pela
Lava Jato.
Em entrevista ao Broadcast Político,
serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o deputado defendeu a
prorrogação em mais de 60 dias do trabalho do colegiado, a contar a partir de 8
de dezembro, para que se esclareça "quem ganhou com esses desmandos e com
essa máquina de corrupção dentro do governo, utilizada para financiar um
projeto de poder e saquear os cofres públicos". O requerimento para a
prorrogação da CPI já foi aprovado, mas a medida precisa do aval do plenário da
Câmara. Efraim acredita que, apesar do imbróglio que cerca o presidente da
Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o peemedebista deverá pautar essa prorrogação.
"O apelo social de nossa CPI junto à sociedade é grande, pois mexe com
direitos dos aposentados, viúvas e pensionistas."
Nesta terça-feira, a CPI ouve o
empresário Eike Batista com o intuito de levantar detalhes sobre os aportes
financeiros que suas empresas receberam de fundos de pensão. A CPI aprovou
também a convocação do ex-gerente de serviços da Petrobras Pedro Barusco, um
dos delatores da investigação Lava Jato, nesta quinta-feira. Os quatro fundos
de pensão investigados pela CPI movimentam cerca de R$ 350 bilhões e Efraim
Filho destaca que o déficit dos três fundos geridos por correligionários
ligados ao PT - Petros, Funcef e Postalis - é da ordem de R$ 25 bilhões.
"Não por acaso, o único fundo não gerido por um petista que é o Previ, é o
único não deficitário", afirma.
Efraim Filho diz que, ao contrário
da CPI da Petrobras, que acabou poupando do relatório final políticos
envolvidos nos desvios da estatal, a dos Fundos de Pensão, além de mostrar os
responsáveis pelos problemas, quer propor mudanças no modelo de previdência
complementar no Brasil. "Vamos fazer muito mais do que a pizza que a CPI
da Petrobras produziu", alfinetou.
Um dos focos da CPI
dos Fundos de Pensão é averiguar a formação da empresa Sete Brasil, concebida
no governo Luiz Inácio Lula da Silva para construir as sondas com as quais a
Petrobras exploraria as reservas de petróleo do pré-sal. A nova companhia, em
menos de um mês de criação, recebeu aporte de R$ 3 bilhões de Previ, Petros e
Funcef. "Precisamos ver se teve alguma ordem de cima para isso",
disse o deputado do Democratas. Barusco, que será ouvido nesta quinta-feira,
foi diretor da Sete Brasil e indicado para o cargo por Renato Duque, diretor da
Petrobras tido como braço do PT no esquema investigado pela Lava Jato que
participou ativamente da formação da companhia.
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