Apenas 188
funcionários aderem ao Plano de Demissão Voluntária
dos Correios em Santa Catarina
DC
23/02/2017
23/02/2017
Apenas 188 funcionários dos Correios aderiram ao
Plano de Demissão Voluntária (PDV) em Santa Catarina. O índice, segundo o
levantamento apresentado na tarde desta quarta-feira, corresponde a 4,5% dos
empregados da estatal no Estado e 2,8% dos servidores aptos a aderiram ao plano
em todo o país. Atualmente, a empresa conta com 4.175 empregados em SC e 17,7
mil no Brasil. Destes, cerca de 8 mil possuíam os critérios necessários para a
adesão ao PDV.
Encerrado na última sexta-feira, o plano
previa uma economia inicial de R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão em todo o país por
ano. No entanto, com um número de demissões abaixo do esperado, os Correios
ainda não sabem o resultado da reestruturação. De acordo com a superintendência
da empresa em SC, mesmo com a saída dos trabalhadores, não há indicativo de agências
fechadas no Estado. Em outros locais do país, 5% da rede de atendimento própria
dos Correios, que hoje é composta por cerca de 6,5 mil agências, devem ser
fechadas. Segundo os Correios, "a medida não afetará as demais unidades
como as filiais comunitárias e franqueadas".
Apesar da negativa da empresa, o Sindicato
dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos e Similares de Santa
Catarina (Sintect/SC) afirma que desde 2015, pelo menos 60 agências foram
fechadas no Estado. Além disso, conforme o presidente da entidade, Gilson
Vieira, os planos de demissão incentivada têm a intenção de "mandar os
funcionários mais velhos embora".
— É um jeito de mandar os funcionários mais
velhos para enxugar a máquina realmente. A empresa tem o maior número de
empregos comissionados do país e para manter esses salários eles tem que tirar
os carteiros e funcionários.
De acordo com Sintect, SC conta com um
déficit de 1 mil funcionários e as condições de trabalho estão cada vez mais
precárias. Em SC, atualmente a entrega de cartas funciona no chamado
"plano de distribuição alternada". Com isso, o atraso de cartas e
correspondências é cada vez mais comum.
— Infelizmente é uma operação macro para
sucatear a empresa e vender os Correios. E os funcionários sofrem cada vez mais
com os problemas de estrutura nas agências e locais de trabalho — explicou
Gilson.
A estatal, que tem o monopólio da entrega de
cartas pessoais e comerciais, cartões-postais e malotes e pouca concorrência em
cidades do interior, encerrou o ano passado com prejuízo de R$ 2 bilhões -
número semelhante ao de 2015. Trata-se do quarto ano consecutivo que os
Correios fecham no vermelho.
Para incentivar a adesão, a estatal ofereceu
indenização de até 35% do salário por, no máximo, oito anos. Esse valor —
chamado de Incentivo Financeiro Diferido (IFD) — será reajustado anualmente com
base na inflação oficial. Segundo a empresa, não haverá sobre essa indenização
incidência de tributos, como impostos de renda, INSS e FGTS. No caso de
falecimento do empregado, a indenização será mantida aos herdeiros. O benefício
tem teto de R$ 10 mil mensais e o cálculo leva em consideração a média dos
salários recebidos nos últimos 60 meses e o tempo de serviço nos Correios, além
da idade.