sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Adcap Net 30/10/2020 - Privatização dos Correios em bloco – um caos logístico previsível - Veja mais!

Governo estuda "fatiar" setor postal e privatizar Correios em blocos regionais


Gazeta do Povo
29/10/2020

Governo estuda privatizar os Correios em blocos, com municípios rentáveis e não rentáveis, no modelo “filé com osso”.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
 

Governo estuda privatizar os Correios em blocos, com municípios rentáveis e não rentáveis, no modelo "filé com osso"

O governo estuda privatizar os Correios em blocos. A ideia é dividir o país em regiões e licitar cada uma separadamente, juntando municípios mais atraentes, com operação potencialmente lucrativa, com outros não rentáveis.

O objetivo é manter a universalidade do serviço postal mesmo após a privatização e não deixar desassistidos municípios que seriam pouco atraentes à iniciativa privada caso fossem concedidos sozinhos. O modelo já é utilizado nas concessões de aeroportos e nas privatizações de saneamento que estão sendo feitas a partir da aprovação do novo marco legal.

O martelo sobre o modelo de privatização dos Correios só será batido no próximo ano. Mas uma fonte que acompanha as discussões informou à Gazeta do Povo que, caso o governo opte mesmo pela concessão dos serviços dos Correios à iniciativa privada, a única alternativa viável será esse modelo, conhecido informalmente como "filé com osso".

Esse modelo só não será utilizado caso o governo resolva abrir o capital dos Correios e fazer uma oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores. O IPO
não está descartado, apesar de ser uma possibilidade mais remota.

O modelo "filé com osso" tem se mostrado exitoso através do plano de universalização dos serviços de tratamento de água e esgoto por meio do novo marco legal do saneamento básico, em vigor desde julho. Esse plano dividiu o programa por regiões, oferecendo à iniciativa privada a concessão de municípios superavitários junto de deficitários. O modelo foi adotado porque é meta do novo marco a universalização dos serviços de saneamento, e nenhuma cidade poderia ficar sem atendimento.

A concessão de aeroportos também usa o modelo "filé com osso". O governo tem licitados os terminais em bloco. Cada bloco tem um ou mais aeroportos chamados de "puxadoresde-bloco", ou seja, aqueles rentáveis, e também terminais não rentáveis. A escolha dos aeroportos é feita de forma que cada bloco tenha saldo final positivo, com potencial de lucro para a iniciativa privada.

O governo entende que terá de fazer o mesmo com os Correios, já que a opção foi manter a universalidade da prestação do serviço postal no projeto de lei que será encaminhado ao Congresso.

"E que fique bem claro: quem recebe cartas, boletos, qualquer embalagem dos Correios, em qualquer lugar do país, a parte da universalização está mantida", disse o ministro das Comunicações, Fábio Faria, em coletiva após entregar o texto para avaliação do Planalto.

Modelo de privatização dos Correios só será definido em 2021

A definição do modelo de privatização dos Correios acontecerá somente em 2021. O consórcio Postar, contratado pelo BNDES para subsidiar o governo na venda da estatal, entregará a primeira fase dos estudos em dezembro deste ano.

A fase 1 tem por objeto o diagnóstico do setor postal e o estudo de alternativas para sua
modernização. No ano que vem, o consórcio dará início à fase 2, que engloba estudos de
modelagem da alternativa escolhida para a modernização do setor postal.

O consórcio é formado pelas consultorias e escritórios Accenture, Meyer, Sendacz, Opice e Falcão Advogados. Os estudos que eles vão entregar servem para subsidiar as discussões, ou seja, não são definitivos. Inclusive, devem apresentar mais de uma solução para a privatização, com pontos positivos e negativos de todas. O martelo será batido pelo Executivo, em um comitê criado para acompanhar o processo de privatização da estatal.

Esse comitê é formado pelos Ministérios da Economia e Comunicações, pelo BNDES, pelos próprios Correios e pelo Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República, secretaria que gere os projetos de concessões e privatizações do Executivo.

Em paralelo aos estudos, tramitará no Congresso o projeto de lei que autoriza a privatização dos Correios. Esse projeto permitirá que a União conceda à iniciativa privada a prestação do serviço postal, que hoje é feita unicamente pelos Correios, por determinação legal.

Para isso, será criado um marco legal para o setor postal, com regras gerais da concessão, e definido que o setor será regulado pela Agência Nacional de Comunicações (Anacom), em substituição à atual Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A Anacom incorporará atribuições que estão hoje com a Anatel, como telecomunicações (telefonia, internet, tevê por assinatura). Atualmente, não há marco legal e nem agência que regule o serviço postal.

O projeto apenas prepara toda essa base legal para a privatização. O modelo de privatização será definido depois, pelo Executivo, a não ser que os parlamentares façam alterações nesse sentido. O Planalto deve enviar o projeto dos Correios ao Congresso agora em novembro. A expectativa é que ele seja aprovado nas duas Casas até o primeiro trimestre de 2021, para que dê tempo de fazer o leilão até o fim do ano. Por Jéssica Sant'Ana, Gazeta do Povo.

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OPINIÃO DA ADCAP

Privatização dos Correios em bloco – um 
caos logístico previsível


Veículos da imprensa trouxeram, nesta sexta-feira, a notícia de que o governo estaria estudando a privatização dos Correios em blocos regionais. Se for procedente, a informação demonstra mais uma vez os riscos que os brasileiros estão correndo com essa aventura desnecessária que o governo empreende por razões meramente ideológicas.

O serviço postal é muito diferente de serviços como saneamento, rodovias, aeroportos ou mesmo telecomunicações. A ideia de território postal único num país é a prática dominante, inclusive nos poucos países em que os correios foram privatizados. Ou seja, cogita-se de uma aventura sem precedentes, sem referências, que só pode levar os brasileiros a terem gravíssimos problemas de atendimento no serviço postal.

Se mesmo nos casos em que a privatização se deu com um único operador assumindo o serviço postal, como em Portugal, a situação anda muito ruim, é fácil imaginar o que ocorrerá no Brasil com diversos operadores atuando em regiões diferentes, com transbordos de carga a serem controlados em nível de objeto, incluindo os objetos vindos do exterior etc. Um caos logístico previsível é, enfim, o que se pode vislumbrar num modelo assim.

A aventura de tentar privatizar os Correios já custa alguns milhões aos brasileiros com a contratação de consultorias e bancos de investimento, mas pode custar muito mais se ideias estapafúrdias como esta prosperarem, as quais podem colocar por terra toda a evolução havida ao longo da história dos Correios e transformar a vida dos cidadãos e das empresas que dependem do serviço postal num verdadeiro inferno.  

E tudo isso apenas para extinguir um paradigma que mostra que o serviço público pode ser bom e sustentável, bastando apenas que seja bem administrado.


 

Direção Nacional da ADCAP.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Desmontando Fake News nº 14 - Resultados dos Correios

Como estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.

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RESULTADOS DOS CORREIOS


A guerra contra a reputação dos Correios, perpetrada por órgãos e autoridades do governo federal, em associação com grupos empresariais que controlam bancos e concorrentes da empresa, continua demandando que apresentemos nova edição do “Desmontando Fake News”, desta feita novamente com relação à matéria trazida pela revista Exame, em 28/10/2020.

A matéria da revista, que pode ser lida AQUI, começa mencionando um “estudo exclusivo” realizado por técnicos do SIEST – Sistema de Informações das Estatais. De início, já se pode argumentar que, se houve um estudo exclusivo feito por órgão do governo federal para uma publicação específica, isso precisaria ser investigado, pois demonstra conduta inadmissível e eticamente condenável. No caso específico, isso fica ainda mais grave quando se percebe que se trata de uma publicação que pertence a um Banco que já teve o Ministro da Economia como um de seus sócios e que tem ligações com um grupo que controla um concorrente relevante dos Correios.

A publicação segue falando em “impasses dos Correios, que tem sido objeto de inquietação no mercado”, tentando, assim, atribuir à Empresa uma responsabilidade que é do próprio governo federal, com suas decisões desencontradas e sem base técnica, e de alguns veículos da própria imprensa, que tentam produzir notícias a qualquer custo, o que acaba, de fato, afetando negativamente o mercado.

Com relação ao cálculo de passivos dos Correios, a matéria segue apresentando números que estariam no suposto “estudo exclusivo” e tirando conclusões a partir daí. Comentaremos algumas das informações e conclusões trazidas na matéria.

Exame: Quase a metade do passivo da Empresa se refere a pendências financeiras com o Postalis.

Comentário da ADCAP: Deve ser mesmo verdade que o principal item do passivo da Empresa se refira ao Postalis. O instituto, como também acontece com os demais fundos de previdência privados de grandes estatais brasileiros, apresenta déficit a ser coberto. Nesse caso, a culpa “in eligendo” e “in vigilando” do governo federal fica cada vez mais evidente, afinal foi o governo federal quem colocou nesses fundos os dirigentes que lá estiveram e fazia parte da estrutura do governo federal o órgão de controle central que deveria fiscalizar a operação do sistema. No caso específico do Postalis, além desse fato de caráter mais geral, há ainda uma questão específica, decorrente da suspensão de pagamento de uma dívida da patrocinadora (Correios) com o instituto, a qual foi recomendada à época pelo próprio Tesouro Nacional. Esse calote deve entrar também nessa conta. O que o governo federal deveria estar fazendo com esse assunto não era tentar colocar esse passivo na conta de uma eventual privatização, mas sim buscar a recuperação dos recursos desviados, utilizando, por exemplo, a AGU para acionar os grandes responsáveis pelos prejuízos que, no caso do Postalis, são encabeçados por um grande banco internacional americano, conforme já demonstrou a CPI dos Fundos de Pensão.

Exame: O custo da atividade consumiu no ano passado 85% da receita líquida.

Comentário da ADCAP: A partir desse número a jornalista concluiu que os Correios utilizaram a maior parte de seu faturamento para pagar suas contas. Os Correios são uma empresa pública que existe para prestar um serviço público e não para produzir lucros. Assim, se a Empresa utiliza suas receitas para cobrir seus custos correntes, isso é perfeitamente normal. Ainda a se considerar que a Empresa já tem uma infraestrutura montada em todo o país, não havendo necessidade de grandes investimentos para construção dessa infraestrutura, mas sim, apenas para a manutenção (renovação de frota, mecanização de unidades de tratamento etc).

Exame: Em 2019, houve lucro líquido de 102 milhões de reais. Foi o terceiro ano de lucros, após quatro de prejuízos.

Comentário da ADCAP: A matéria incorre em erro ao afirmar que houve quatro anos de prejuízos e repete o discurso oficial que começa sempre a “contagem de resultados” a partir do primeiro ano em que os Correios registraram prejuízo na década. O quadro a seguir, com números extraídos do site dos Correios, mostra os resultados alcançados pela Empresa nos últimos dez anos. A partir do quadro, se pode ver que a Empresa acumulou saldo positivo de resultados nos últimos dez anos, mesmo considerando o período em que registrou prejuízos em seus balanços.

2010      818.966

2011      882.747

2012      1.113.287

2013      325.278

2014      9.913

2015      -2.121.238

2016      -1.489.505

2017      667.308

2018      161.049

2019      102.121

2010 a 2019       469.926

Além disso, é sempre importante lembrar que o governo federal levou nessa década mais de R$ 6 bilhões de reais de dividendos dos Correios, em valores atualizados, além de ter congelado as tarifas postais por dois anos, provocando significativo prejuízo à Empresa.

Exame: A privatização conta com o apoio de boa parte da sociedade.

Comentário da ADCAP: Apesar das declarações injuriosas de autoridades do governo federal sobre os Correios e da torcida de banqueiros e de concorrentes pela privatização da Empresa, os Correios continuam merecendo a confiança da população. O Congresso Nacional saberá levar isso em conta quando o assunto lhe chegar para deliberação.

Exame: As queixas de consumidores em relação ao serviço prestado pela estatal aumentaram este ano.

Comentário da ADCAP: A greve produzida por decisão do Presidente dos Correios, que diminuiu a remuneração dos trabalhadores em plena pandemia, certamente influiu no volume de reclamações. A situação operacional dos Correios, porém, já se encontra praticamente normalizada, o que deverá levar o nível de reclamações para patamares normais. Ou seja, o serviço dos Correios não piorou; apenas passou por uma crise criada pelo representante do governo federal no comando da estatal.

Ao tratar de resultados, seria importante sempre haver um contexto para permitir aos leitores uma avaliação adequada dos números apresentados. No caso dos Correios, os lucros registrados nos últimos 3 anos e, especialmente, o lucro de R$ 770 milhões acumulado até agosto de 2020, não mencionado na matéria, são, na verdade, indicadores que colocam a Empresa em posição destacada, muito acima da imensa maioria das demais empresas brasileiras. Quantas empresas brasileiras lucraram mais de R$ 100 milhões em 2019? Quantas lucraram mais de R$ 770 milhões em 2020, até agosto? Pouquíssimas, além de bancos. E isso numa empresa que tem a imensa responsabilidade social de estar presente em todo o território brasileiro e que não foi feita para gerar lucros, mas sim para prestar um serviço público.

 

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Os brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a respeito. 

 

Direção Nacional da ADCAP.


terça-feira, 27 de outubro de 2020

Desmontando Fake News nº 13 - Quer vender, mas deprecia?!

Como estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.

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QUER VENDER, MAS DEPRECIA?!

Guedes diz que "engrenagem política não tem permitido privatizações"

O jornal Valor Econômico de 26/10/2020 trouxe matéria intitulada Guedes diz que "engrenagem política não tem permitido privatizações", na qual, entre outras declarações estapafúrdias, o Ministro da Economia disse, conforme o jornal, que "Para ele, escândalos de corrupção em empresas estatais deveriam facilitar os processos de privatização, o que não está acontecendo. "Se houve escândalo na Petrobrás, nos Correios, na Caixa, devia estar claro para a população que a governança está equivocada."

O Ministro repete, com essas declarações, o comportamento lesa-Pátria de integrantes do governo federal que, ao mesmo tempo em que declaram interesse em privatizar estatais, enlameiam sua reputação, desvalorizando essas organizações.

O Ministério da Economia, que tem assento nos Conselhos Fiscais da maioria das estatais, deveria fazer seu trabalho e melhorar a governança dessas empresas, zelando pelo patrimônio público, e não as enxovalhar publicamente. Mas parece mais fácil para o Ministro não fazer seu trabalho e criticar as organizações, como se isso bastasse para justificar privatizações.

O Congresso Nacional precisa compreender bem essa situação e cobrar do governo federal antes de tudo a proteção e a valorização do patrimônio público construído pelos brasileiros, afinal uma nação não pode se fundar no empobrecimento dos cidadãos para agradar banqueiros e intermediários.

 

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Os brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a respeito. 

 

Direção Nacional da ADCAP.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Desmontando Fake News nº 12 - 30.000 Empregados nos Correios? Fake News!

 



Como estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.

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30.000 EMPREGADOS NOS CORREIOS?

FAKE NEWS!

 

Entre as informações sem nenhuma base científica ou técnica que têm surgido ultimamente, sem que se saiba exatamente a fonte, uma se refere ao fato de que alguém teria declarado ser possível fazer o trabalho dos Correios com 30.000 trabalhadores, enquanto que a Empresa tem hoje quase 100.000 empregados.

Basta uma simples observação da estrutura mantida pelos Correios para cobrir o Brasil todo, incluindo agências, centros de tratamento de carga e centros de distribuição, entre outros, para se perceber que se trata de fato de uma mentira surgida para tentar macular a reputação dos Correios e de seus trabalhadores.

Quisemos, porém, ir além dessa fácil constatação e verificar como são os quadros de efetivo postal noutros países, ainda que os correios exerçam atividades um pouco diferentes dependendo do país. Alguns resultados dessa avaliação, feita a partir de dados de 2018, publicados pela UPU – União Postal Universal, se encontram a seguir:

Os 20 maiores correios do mundo em trabalhadores são os seguintes:

Correios

Total de Empregados

China

935.191

EUA

634.447

Alemanha

547.459

Índia

418.818

Japão

384.742

Rússia

335.921

França

222.772

Reino Unido

139.456

Itália

123.069

Brasil

105.335

Ucrânia

66.269

Suíça

58.180

Canadá

52.891

Vietnã

47.361

Paquistão

47.348

Egito

45.476

Coréia do Sul

43.804

Austrália

34.870

Rep. Tcheca

29.879

Hungria

29.836

Tailândia

28.993

Desse quadro se pode depreender que o efetivo do correio brasileiro é bem razoável, considerando que os países com maior extensão territorial (China, EUA e Rússia) possuem bem mais trabalhadores em seus correios, havendo países com menor extensão que possuem mais trabalhadores no serviço postal (Índia, Japão, França, Reino Unido e Itália). O Canadá, apesar de ter extensão territorial maior que o Brasil, possui apenas cerca de 38 milhões de habitantes.

É importante, portanto, que qualquer informação sobre os Correios levada a público nesse momento em que o governo federal insiste em discutir a privatização da estatal seja bem checada e avaliada, para evitar a proliferação de fake news, produzidas tão somente para tentar sustentar teses que não resistem à mínima análise técnica ou científica.

 

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Os brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a respeito. 

 

Direção Nacional da ADCAP.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

ADCAP promove live com ex-Presidente


Com o apoio da consultoria política Conecta, a ADCAP promoveu hoje (23/10) live com o ex-Presidente dos Correios, Guilherme Campos.

Essa live vem na esteira de iniciativas que buscam qualificar o debate sobre os Correios, trazendo ao palco pessoas que tenham experiência estratégica, para que expressem suas opinião sobre a empresa, seus desafios e possibilidades.

A live com Guilherme Campos pode ser assistida AQUI.
 


Direção Nacional da ADCAP.

Desmontando Fake News nº 11 - “As eleições americanas, os Correios e seu bolso”


Como estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.

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Opinião da ADCAP

"AS ELEIÇÕES AMERICANAS, OS CORREIOS E SEU BOLSO"


"O desencontro e a falta de lógica de decisões governamentais assim como a baixa qualidade de algumas abordagens feitas na imprensa pesam mais sobre a decisão de investimentos no Brasil, sobre o Ibovespa, sobre o câmbio, sobre os juros que a privatização dos Correios. E, por isso mesmo, cabe à imprensa um trabalho de investigação adequado e um posicionamento responsável nesse tema."

A Exame trouxe hoje a seguinte declaração, logo abaixo da imagem do debate presidencial nos Estados Unidos, com o título "As eleições americanas, os Correios e seu bolso":

"Como a privatização dos Correios mexe com sua vida? O serviço ruim da estatal e suas constantes greves atrasam milhões de encomendas diariamente, claro. Mas o impacto vai além: o debate sobre a privatização da estatal fundada em 1663 é decisivo para a agenda de reformas do governo federal. Logo, a venda ou não dos Correios pesa sobre a decisão de investimentos no Brasil, sobre o Ibovespa, sobre o câmbio, sobre os juros."

Comentário da ADCAP: A publicação parece ter assumido institucionalmente a opinião de que o serviço dos Correios é ruim e procura alardear essa posição em todas suas matérias relacionadas, inclusive de forma descontextualizada. A ADCAP entende que a Exame erra grosseiramente com seus assinantes e leitores ao tratar de temas relacionados aos Correios da forma rasa como tem feito, não fazendo jus à história de matérias aprofundadas e bem realizadas que a edição produziu ao longo de sua história.

A eventual privatização dos Correios, se ocorrer, trará sérios impactos de fato. Principalmente para a sociedade, que findará, fatalmente, com um serviço mais caro e pior do que dispõe hoje. Foi assim em Portugal. Foi assim na Argentina. No Brasil, com suas dimensões continentais e suas diferenças regionais, não será diferente; será bem pior.

Com relação ao mercado, a decisão de investimentos no Brasil e o Ibovespa, câmbio e juros, a ADCAP pensa que há fatores que influenciam muito mais fortemente nisso, como, por exemplo, o desencontro e a falta de lógica de decisões governamentais, assim como a baixa qualidade de algumas abordagens feitas na imprensa.

Mais especificamente no caso dos grandes players diretamente envolvidos nessa questão, um trabalho jornalístico sério mostraria que, em geral, não vislumbram oportunidade nessa questão de privatização dos Correios, mas sim um grande problema, que pode desestruturar o funcionamento do mercado, hoje bastante livre e pujante no que se refere a encomendas.

Assim, se é para apenas enriquecer banqueiros, consultorias e intermediários e prejudicar a sociedade em geral, esse movimento não é bom e deve ser combatido, mesmo que diante das palmas de alguns.

 

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Os brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a respeito. 

 

Direção Nacional da ADCAP.


Desmontando Fake News nº 10 - Privatização dos Correios



Como estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.

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PRIVATIZAÇÃO DOS CORREIOS


O jornal O Estado de São Paulo trouxe nesta quinta-feira (22/10/2020) um artigo de Celso Ming intitulado “Privatização dos Correios”, que traz algumas informações e afirmações que comentaremos a seguir.

“A pandemia produziu uma explosão de demanda por serviços de entrega. Mas, em vez de ocupar esse largo espaço de mercado, os Correios no Brasil acumulam ineficiência, reclamações por extravio, por atrasos e por danos nas encomendas.”

Comentário da ADCAP: Na verdade a explosão de demanda do comércio eletrônico alcançou não só as empresas de entrega privadas, que têm crescido bastante, mas também os Correios, que viram sua curva de postagens inclinar-se substancialmente. Com relação aos qualificativos de ineficiência, reclamações por extravio, atrasos e danos nas encomendas, ponderamos que, dada a escala monumental do tráfego postal brasileiro e os desafios logísticos envolvidos em cobrir o país todo, de ponta a ponta, incluindo agora os efeitos da própria pandemia, a qualidade geral do serviço postal brasileiro não se distancia muito do que é praticado nos países mais desenvolvidos e que, por isso, dispõem de condições bem mais favoráveis para desenvolver seu trabalho. Há, porém, realmente espaço para melhorias, especialmente no que se refere à adequada alocação de pessoal nas unidades operacionais da Empresa, algo descuidado pela atual direção.

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“Os Correios precisam de grandes investimentos para a modernização de sua estrutura, hoje fortemente sucateada. Mais do que a repisada incompetência de sua administração, é a falta crônica de recursos do Tesouro para dar conta dos investimentos para a modernização que empurra os Correios para os capitais privados e para a desestatização, projeto antigo, mas nunca enfrentado com determinação.”

Comentário da ADCAP: Na verdade, os Correios são o que se costuma chamar no mercado de “vaca leiteira”, ou seja, aquele tipo de empreendimento que já realizou o investimento necessário em infraestrutura e que agora só precisa de manutenção. Evidentemente, o porte da Empresa demanda investimentos consideráveis mesmo que apenas para manutenção. Recentemente, por exemplo, os Correios renovaram sua frota, com a aquisição, no mercado nacional, de mais de 7.000 veículos. Assim, não só a empresa não se encontra sucateada, mas também não tem dependido e não precisa depender de recursos do Tesouro para se modernizar e desenvolver. Para a empresa decolar de vez, basta colocar na direção pessoal competente e pedir ao governo, especialmente ao Ministério da Economia, que deixe a empresa trabalhar, não congele tarifas em período eleitoral e nem retire dividendos em excesso, mas apenas os 25% regulamentares.

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“Foi o aprofundamento da crise da empresa e o empenho do setor privado em ocupar nichos novos que parecem ter tornado inevitável esse novo passo. Até agora não foram reveladas as diretrizes do projeto, se a empresa seria privatizada por inteiro de uma vez ou se fatiada por região, como aconteceu com a Telebrás. Nem como ficaria a situação dos seus funcionários. Proposta de criação do Banco Postal não avançou. Mas o projeto já enfrenta enormes resistências, a começar pela da corporação dos seus funcionários, que temem perder as tetas do Estado.”

Comentários da ADCAP: Nos últimos três anos os Correios registraram lucros superiores aos auferidos pela imensa maioria das empresas privadas brasileiras, apesar de a Empresa não existir para isso, mas sim para assegurar a prestação de um serviço público. Foram mais de R$ 800 milhões acumulados nesses três anos. Em 2020, em plena pandemia, os Correios já acumularam R$ 770 milhões de lucros, algo completamente fora da curva da realidade brasileira e mundial, explicado pelo boom do comércio eletrônico. Não há, portanto, uma “crise em aprofundamento”. Na verdade, uma análise comparativa dos Correios com outras organizações públicas e mesmo privadas mostra uma vitalidade incrível, inacreditável mesmo, diante dos ataques que a organização tem recebido a sua reputação por parte de autoridades do próprio governo. Um exemplo de resiliência organizacional a ser estudado.

Quanto à resistência dos funcionários, a conclusão rasa do articulista é muito injusta, pois, embora os trabalhadores se preocupem legitimamente com seus empregos, têm procurado demonstrar para a sociedade, com argumentos e dados, que uma eventual privatização dos Correios não será boa para a sociedade, como não foi em Portugal, onde a população está nas ruas pedindo a reestatização de seu correio. Além disso, os trabalhadores dos Correios merecem respeito, por desenvolverem um trabalho digno e importante para a sociedade, que produz receitas por si só, sem depender das alegadas “tetas do Estado”.

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“O principal critério para nortear a definição não deveria ser nem corporativo nem ideológico. Deveria ser o interesse público ou, mais particularmente, a procura da eficácia de um serviço essencial para a população, num momento em que o mundo passa por uma revolução tecnológica e o comércio eletrônico ganha enorme impulso.”

Comentário da ADCAP: Concordamos com a afirmação do articulista. O interesse público precisa vir sempre em primeiro lugar, acima de razões ideológicas ou corporativas. No caso dos Correios, temos um quadro em que, embora o serviço oferecido à população possa ter um ou outro flanco a ser cuidado com melhorias, o serviço postal está disponível de maneira universal, em todos os municípios brasileiros, de maneira sustentável, sem depender de recursos públicos para ser prestado, com tarifas módicas. A carta brasileira tem uma das menores tarifas postais do mundo, apesar de o país ser o 5º maior em extensão territorial.

Os Correios deveriam ser vistos como uma conquista, uma vitória dos brasileiros e não como um problema. Com informação qualificada, a sociedade perceberá isso. 

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Os brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a respeito. 


 


Direção Nacional da ADCAP. 

Desmontando Fake News nº 9 - Sobre a matéria da Folha “Ensaio de Privatização”

Como estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.

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O que a ADCAP pensa

Sobre a matéria da Folha "Ensaio

de Privatização"


O jornal Folha de São Paulo trouxe nesta sexta-feira (23/10/2020) artigo intitulado "Ensaio de Privatização" com informações e afirmações com as quais a ADCAP não concorda, conforme comentários a seguir:

Já no início da matéria, o jornal conclui seu primeiro parágrafo afirmando que "não deixa de ser boa a notícia que o Ministério das Comunicações tenha desenhado uma proposta para orientar a venda dos Correios". A ADCAP não vê como boa notícia, mas sim exatamente o contrário, porque as bases e a motivação que orientam esse movimento não se sustentam no interesse público, mas sim tão somente em questão ideológica. Na verdade, esse movimento coloca em risco uma infraestrutura pública nacional que poderia ser vista como motivo de orgulho para os brasileiros, inclusive por razões econômicas, já que os Correios têm cuidado da universalização do serviço postal sem depender do Tesouro Nacional.

A Folha segue afirmando que a empresa é um exemplo das mazelas presentes em estatais, a começar pelos casos de corrupção e relembra o caso do mensalão. O jornal repete, assim, sem aprofundamento, uma afirmação injusta, pois, como ficou demonstrado, o foco de corrupção existente nos Correios na ocasião era infinitamente menor que os existentes em outras estatais e grandes empresas privadas brasileiras, onde se desviavam bilhões. A  ADCAP sugere ao jornal que levante os valores desviados no mensalão por estatal, para assim constatar que a empresa foi, de fato, utilizada como "boi de piranha", para distrair inclusive a própria imprensa, enquanto outras estatais eram realmente saqueadas por focos de corrupção.

Com relação às perdas do Postalis, o jornal repete argumentação falaciosa do Ministério da Economia, pois todos os grandes fundos de pensão brasileiros enfrentam déficits monumentais em seus planos, sendo que, dentre os quatro maiores – Petros, Funcef, Previ e Postalis – o Postalis é o que tinha o menor déficit, conforme dados do próprio Ministério da Economia em 2019. Além disso, numa questão dessas, o que o governo deveria fazer é efetivamente resolver a questão, punindo culpados e buscando a recuperação do prejuízo, e não tentar jogar o problema para debaixo do tapete com uma privatização.

O jornal segue afirmando que "Com quase 100 mil funcionários, os Correios também são caso notório de ineficiência, com inúmeras greves e falhas na prestação de serviços nos últimos anos." A afirmação da Folha, além de superficial, é também injusta com uma organização que, apesar do imenso desafio que vence todo dia, ao entregar cartas e encomendas em todos os municípios do país, está entre as instituições em que a população mais confia. A menção descontextualizada da quantidade de funcionários aparentemente tenta passar a ideia de excesso de contingente, o que também não tem base científica ou técnica, posto que as especificidades do serviço postal a tornam uma atividade de emprego intensivo de mão-de-obra, como acontece em qualquer país do mundo. Uma rápida pesquisa pode mostrar que os correios são grandes empregadores, com centenas de milhares de funcionários, em qualquer lugar e não apenas no Brasil.

Com relação ao modelo defendido pelo governo, as informações trazidas pela Folha têm circulado na imprensa apesar de não se ter conhecimento preciso desse projeto secreto que foi entregue pessoalmente ao Presidente da República pelo Ministro das Comunicações, sem que nenhuma cópia dele tenha sido distribuída. Sobre isso, a ADCAP apenas ressalta que o mercado de entrega de encomendas é totalmente livre no país, havendo milhares de operadores de variados portes atuando. Nesse segmento, de elevado crescimento e competitividade, a concorrência já está plenamente assegurada no Brasil. Já no que se refere a correspondências, a permanência do monopólio postal se justifica, entre outras razões, para permitir a prestação de um serviço com preço uniforme em todo o território, o que é especialmente importante em países de dimensões continentais e grandes diferenças regionais como o Brasil.   

 

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Os brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a respeito. 

 

Direção Nacional da ADCAP.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Desmontando Fake News nº 8 - Mais dinheiro, menos gastos

Como estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.

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MAIS DINHEIRO, MENOS GASTOS


A revista Exame trouxe nesta quinta-feira (22/10/2020) dois artigos intitulados “Privatização dos Correios traz discussão sobre modernização, diz ministro” e “Mais dinheiro, menos gastos”, que contêm declarações e afirmações falaciosas e tendenciosas que comentaremos a seguir.

Na primeira matéria, a revista afirma que: “Mais de uma década de escândalos de corrupção, despesas crescentes e um passivo bilionário colocaram a empresa em um pântano difícil de ser navegado. Agora, com o processo de privatização batendo à porta, o governo quer passar um pente-fino em todos os pontos que podem fazer da venda da estatal um bom ou mau negócio, dependendo da forma como for estruturada a operação. Ou seja, a caixa-preta está sendo aberta.”

A ênfase destas declarações só pode ser explicada por algum interesse comercial do grupo editorial na saída dos Correios do mercado (a Abril controla a Total Express), na necessidade de produzir declarações espalhafatosas para vender suas publicações ou ainda na intenção de apoiar o atual governo independentemente da qualidade de suas informações, afinal a editoria da revista deveria ter informações suficientes para saber que são falsas ou exageradas essas declarações.

A frase começa afirmando que em “mais de uma década de escândalos de corrupção” ..., um enunciado inverídico e injusto com uma organização que, diferentemente de outras tantas, conquistou a confiança da população exatamente pela consistência e qualidade de seus serviços. Esta afirmação não resiste à mínima verificação que a editoria da revista deveria fazer antes de publicar, afinal quais escândalos foram esses, quantos bilhões foram desviados, como esses casos se destacariam de outras grandes organizações brasileiros públicas e privadas para serem taxados de escândalos?

A matéria segue falando em despesas crescentes e um passivo bilionário, uma afirmação tendenciosa, posto que a jornalista sabe que os Correios tiveram lucros nos últimos três anos, sabe que os lucros acumulados em 10 anos são de cerca de meio bilhão de reais, sabe que em 2020 os lucros da empresa são ainda melhores, sabe as causas que provocaram os déficits em anos anteriores e sabe também que as despesas da empresa têm sido reduzidas, principalmente com o corte de salários dos trabalhadores.

A verdade não pode ser distorcida.

Na outra matéria, “Privatização dos Correios traz discussão sobre modernização, diz ministro”, temos declarações do Ministro das Comunicações que comentaremos a seguir:

Há risco de os Correios se tornarem em algum momento dependentes do Tesouro?
O governo não tem como arcar com mais uma estatal deficitária [são 18 no momento]. Neste ano, por exemplo, não teria espaço no teto de gastos para bancar os custos de mais uma estatal nessa situação.

Comentário da ADCAP: O Ministro das Comunicações reverbera argumentação inconsistente do Ministério da Economia, afinal, se fôssemos levar isso à risca, todo o Estado deveria ser desmontado, pois sempre se poderá alegar que não se teria espaço para mais um órgão ou estatal deficitária. No caso dos Correios, a declaração se torna ainda mais falaciosa, pois, diferentemente de tantas outras, trata-se de uma estatal independente, que produziu lucros nos últimos três anos, que teve resultados positivos na soma dos 10 últimos anos, apesar de o governo federal ter exagerado na retirada de dividendos da estatal (R$ 6 bilhões, em valores atualizados) e que registra neste ano, até agosto, lucro de cerca de R$ 770 milhões. Temos então que possivelmente, com exceção dos bancos, os Correios sejam a instituição do governo federal mais saudável financeiramente.

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E como o senhor chegou ao valor de 15 bilhões de reais de precificação dos Correios?
Primeiro queria esclarecer o seguinte. Em um processo de privatização dos Correios, eu acho que empresas como a FedEx e a DHL, da área de logística, ou o Mercado Livre e o Magazine Luiza, que integram o setor de serviços, vão estudar a desestatização, mas não significa que vão participar. Em relação a números, se você multiplica o Ebtida obtido ao longo dos anos e faz uma projeção futura, chega-se a essa conta. Mas vamos saber melhor com base nos estudos apresentados no ano que vem.

Comentários da ADCAP: É claro que todos os grandes players do mercado vão estudar a desestatização, afinal essa decisão atrapalhada e inconsequente do governo federal de tentar privatizar os Correios pode complicar a vida de todos eles, que hoje contam com os serviços dos Correios para escoar a maior parte de suas remessas. O que acontecerá com um operador privado no lugar dos Correios? Os preços subirão muito, como sempre aconteceu em outros casos de privatização dos Correios? O operador privado terá vantagens competitivas com relação aos demais players? Todas as localidades brasileiras continuarão sendo atendidas como hoje, ou o operador privado restringirá o atendimento às maiores localidades, onde há mais fluxo de encomendas? Essas e muitas outras dúvidas estão na cabeça dos players, afinal a logística é uma parte importante de seus serviços e uma mudança significativa nisso pode afetar seriamente os negócios. Não se trata, portanto, como tentam fazer parecer alguns, de interesse numa eventual aquisição dos Correios, mas sim em preocupação sobre como ficará conformado o mercado com uma eventual privatização dos Correios.
Com relação ao comentário infeliz do Ministro das Comunicações sobre o suposto valor dos Correios, só mostra o despreparo e desinformação sobre a organização e seu valor, sem contar o fato de que os trabalhos técnicos a respeito apenas começaram.

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O que pode prejudicar a valoração da empresa?
Um desses fatores é a última greve, que durou 35 dias. Os marketplaces e as empresas menores de e-commerce tiveram de encontrar alternativas para a entrega de encomendas e não devem voltar mais para os Correios. O prejuízo da greve é enorme.

Comentário da ADCAP: Apesar da greve provocada pelo interventor militar e sua junta que se encontram na Diretoria da Empresa e da torcida do Ministro das Comunicações contra a organização, os marketplaces e as empresas menores de e-commerce já voltaram a utilizar os serviços dos Correios, porque esses serviços são em geral mais abrangentes e econômicos que os oferecidos pelos concorrentes, cobrindo espaços importantes para a performance daquelas empresas. O prejuízo da greve é enorme mesmo e deveria ser cobrado da direção da Empresa que reduziu a remuneração dos trabalhadores em plena pandemia e do Ministro que nada fez para resolver a situação.

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E qual é o papel da capilaridade dos Correios na precificação da estatal?
Os Correios exercem um papel estratégico, com presença em muitas cidades. Se a Amazon resolver entrar na desestatização, o Mercado Livre, por exemplo, vai ter de se defender diante da ofensiva do concorrente. Isso é algo que o mercado leva em consideração e pode influenciar nos múltiplos de Ebtida. Muitas empresas já foram vendidas por 12, 15 vezes o valor do Ebtida. Também é preciso fazer a projeção da empresa para os próximos cinco anos.

Comentário da ADCAP: O real valor da capilaridade dos Correios não pode ser expresso apenas em múltiplos de EBTIDA, mas sim na utilidade que uma rede de serviços presente em todo o país tem para a sociedade e para o próprio Estado. Mais importante que o valor que a empresa teria para um operador privado que eventualmente a adquirisse ou que efeito isso traria para seu concorrente é saber o que isso significará de piora no serviço e de aumento de preços para os cidadãos, pois esse será, de fato, o preço que esse empreitada trará aos brasileiros se não for obstada. Os portugueses podem explicar bem isso.

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O que mais deve ser levado em conta pelo mercado?
A tendência é que as empresas interessadas no negócio já tenham uma estrutura capaz de absorver os Correios. Provavelmente, são empresas que já têm bons índices de produtividade e têm experiência em manter os custos em patamares mais baixos. Se uma companhia com esse perfil administrasse os Correios, o lucro poderia ser duas ou três vezes maior, e esse dado também influencia a precificação, positivamente.

Comentários da ADCAP: O serviço postal tem particularidades que não são comuns às demais empresas que atuam em serviços de logística e distribuição. Players experientes têm respondido claramente sobre isso quando indagados sobre eventual interesse na privatização.
Quanto às ilações sobre potencial ampliação de lucros, o Ministro das Comunicações segue apresentando números que tira da cartola, sem nenhuma base científica, no afã de propagandear o governo que integra.

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Os Correios têm 95.000 funcionários. Como esse número é avaliado por quem tem interesse na compra da estatal?
Nesse caso, é um fator positivo. O fato de ser uma empresa inchada acaba impactando positivamente a percepção do mercado, que pode enxergar aí que tem um bom espaço para diminuir as despesas. Estou me referindo a essas questões, nesta entrevista, com base em outros casos que já foram realizados.

Comentários da ADCAP: Se o Ministro das Comunicações se preocupasse em, pelo menos, ler os relatórios dos Correios, saberia que a empresa tem contratado um número significativo de trabalhadores terceirizados, para cobrir lacunas abertas com o tempo, pois a Empresa não realiza concurso público desde 2011. O quadro da Empresa não está, portanto, inchado como menciona. Numa coisa, porém, concordamos: um operador privado sempre vai demitir trabalhadores, em qualquer circunstância, pois isso produz um resultado muito rápido nos balanços e agrada os acionistas. Em casos como o dos Correios, porém, a sociedade será chamada a pagar o preço, com menos serviço e menor qualidade, como, repetimos, acontece neste momento em Portugal. 

 

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Os brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a respeito. 

 

Direção Nacional da ADCAP.