CORREIOS - Só uma nova diretoria
pode mudar os fatos
Os Fatos, a Versão
e a Verdade
A Direção
dos Correios manifestou sua posição com relação à Carta CT/ADCAP-0358/2015
enviada ao Exmo. Ministro de Estado das Comunicações, no último dia
06/10/2015.
Apesar da realidade dos
Correios ser do conhecimento da maioria dos trabalhadores, entendemos oportuno,
para não restar dúvidas sobre os fatos, a versão e a verdade, apresentarmos os
seguintes comentários:
1. Postalis:
O Fato: O Postalis
(Plano BD Saldado) apresenta déficit astronômico de cerca de 6 bilhões.
A Versão: O déficit
decorre de resultados não satisfatórios de investimentos realizados em anos
anteriores.
A Verdade: O déficit
astronômico, apurado em 2014, possui três partes distintas:
a) RTSA - dívida assumida pelos Correios com os participantes para
o saldamento do Plano BD em 2008, que os Correios vinham quitando até março de
2014 e que foi suspenso por decisão da atual Direção, acolhendo recomendação do
Governo Federal. Essa decisão implicou em cerca de 1,2 bilhões de déficit (foi
chamada de "pedalada" pelo presidente da CPI dos Fundos de Pensão);
b) Aplicações temerárias dos recursos do Postalis - compra de
títulos da Argentina e da Venezuela são exemplos de centenas de investimentos
"criminosos" realizados por interferência política na administração
do Postalis e que estão sendo investigados pela CPI dos Fundos de Pensão,
Polícia Federal, TCU e Ministério Público Federal. A Direção dos Correios detém
o poder de mando no Postalis, pois indica toda a sua Diretoria e têm a
obrigação legal de fiscalizar seus atos. As aplicações temerárias representam
cerca de 3,5 bilhões do déficit total. Na última semana a Previc liberou novos
autos de infração, nos quais são autuados o atual presidente do Postalis,
alguns diretores (só escaparam o atual Diretor Administrativo e o Diretor
Financeiro) e todos os membros dos Conselhos Deliberativo e Fiscal das gestões
sob influência do presidente Wagner Pinheiro. Isto anula o discurso das gestões
passadas;
c) Desequilíbrio
atuarial - essa parcela é a parte do déficit que é fruto dos desequilíbrios
estruturais do Plano BD e ocorre em decorrência de fatores econômicos e
atuariais, como o aumento da expectativa de vida.
Quanto à cobrança do
déficit, cabe lembrar que, para a Direção dos Correios e do Postalis, ela
deveria ter iniciado em abril de 2014. A ADCAP obteve uma liminar na justiça
que suspendeu a cobrança. Alguém esqueceu que o Postalis e a direção dos
Correios havia orientado para que os trabalhadores pagassem por
boleto?
O TAC assinado entre o
Postalis e a PREVIC, este somente ocorreu após a liminar conseguida pela Adcap,
que sustou a cobrança e a posterior interferência dos representantes dos
trabalhadores junto ao Ministério das Comunicações. Assim, a administração dos
Senhores Wagner, como Presidente dos Correios, e do Sr. Nelson, Gestor de
Pessoas, não agiram em tempo e de modo efetivo para evitar grande parte do
déficit e muito menos para minimizar o pesado ônus desse déficit para os
trabalhadores dos Correios.
2. Postal Saúde:
O Fato - A Postal Saúde foi criada às escondidas, sem
transparência e sem a participação dos trabalhadores e com o objetivo expresso
de reduzir custos.
A versão - O novo modelo foi criado para atender às exigências da
ANS e da legislação e já pagou mais de R 685 milhões no primeiro semestre de
2015.
A Verdade - A ANS não
obrigou que fosse criado nenhum modelo novo. Havia, sim, a necessidade de
adequação do Correios Saúde às alterações normativas ( padrão TISS estabelecido
pela ANS para a troca de informações administrativas e financeiras entre
prestadores e operadoras de planos de saúde). Tudo estava encaminhado mas foi
barrado pela VIGEP para possibilitar a implantação do novo cabide de empregos.
Ou alguém esqueceu que o VIGEP virou VIPAD e levou a área de saúde com ele,
trazendo depois de volta para a VIGEP? A Postal Saúde é uma caixa preta!
Todos os trabalhadores, e agora a imprensa, sabem disso. A Direção dos senhores
Wagner e Nelson conseguiram uma proeza nesse sentido: milhares de credenciados
estão ou suspendendo o atendimento ou abandonando a rede por falta de
pagamentos e os custos estão explodindo. Pelo dado divulgado na resposta, esse
ano o Plano custará mais de 1,36 bilhões! Onde está a prometida redução de custos?
O gato comeu? As recentes divulgações de contratos feitos pelo presidente da
Postal Saúde com uma empresa do próprio filho e com a gráfica Bangraf, do
sindicato dos Bancários de São Paulo, envolvida no repasse de dinheiro para
campanhas políticas (segundo notícias da Operação Lava Jato divulgadas pela
imprensa), talvez revelem os reais objetivos da criação da Postal Saúde.
3. CorreiosPar:
O Fato - A CorreiosPar
foi criada para gerir as participações adquiridas pelos Correios.
A Versão - A CorreiosPar
integra as estratégias para revitalizar os Correios e garantir sua
sustentabilidade.
A Verdade - A
administração dos Senhores Wagner e Nelson receberam, em 2011, autorização
legislativa para realizar diversos avanços no processo de modernização dos
Correios. Estamos ao final de 2015, e exceto pela CorreiosPar, por enquanto
apenas uma empresa cabide de empregos, nenhuma aquisição, participação ou real
novo foi colocado nos cofres dos Correios fruto de sua "pseudo"
modernização.
4. Resultados Econômico-Financeiros:
O Fato - Perda da
sustentabilidade financeira dos Correios.
A Versão - Os maiores
lucros da história e expansão sustentável de negócios, para suportar a versão
apresenta dados de crescimento nominal da receita e os valores de
investimento.
A Verdade - Observe-se
que a resposta passa longe de comparar o crescimento real das receitas de venda
e das despesas. Os gastos com patrocínios, publicidade, consultorias, pessoal
alienígena, MOT, consultorias estão na estratosfera. Nenhuma medida consistente,
de modo inteligente, foi adotada pelos senhores Wagner e Nelson para reverter
essa tendência inexorável de "falência" dos Correios. Uma simples
verificação nos balanços financeiros dos Correios, disponibilizados no portal www.correios.com.br
mostra que a lucratividade de empresa mantém tendência de declínio. E nem os
bilhões recebidos de luva pela venda do Banco Postal para o Banco do Brasil
conseguiu reverter o desastre.
Percebe-se que a empresa opera em prejuízo quando
considerado exclusivamente as receitas, custos e despesas da sua atividade-fim,
desconsiderando resultados financeiros e receitas não recorrentes (como
as luvas do banco postal). O ROA - taxa de retorno sobre o ativo total apresentou
piora significativa, encerrando em 0,1% ao final de 2014. Os indicadores de
rentabilidade relacionados à atividade operacional sinalizam recuo nos anos
recentes frente ao desempenho histórico . O retorno sobre capital investido -
ROIC encerrou no menor patamar dos últimos anos. Constata-se, claramente, que a
empresa vem mantendo uma grave tendência de consumo de caixa por conta dos
fracos resultados operacionais que impacta na redução continuada dos seus
recursos financeiros aplicados. Mesmo assim, com a verdade financeira
escancarada para o mundo através do balanço divulgado, nenhuma medida
consistente, de modo inteligente, foi adotada pelos senhores Wagner e Nelson
para reverter essa tendência inexorável de "falência" dos
Correios.
Os Correios, assim como
o Postalis e a Postal Saúde, estão caminhando a passos largos para a
insolvência.
5. Modernização dos Correios:
O Fato - Os Correios
estão cada dia mais envelhecidos.
A Versão - A
modernização, pela resposta, se resume ao novo Estatuto.
A Verdade - A Diretoria
recebeu autorização legislativa para fazer muito e nada fez. Não há um único
real novo no caixa dos Correios fruto da sua modernização. As suas receitas
continuam dependentes do suor dos trabalhadores, de um portfólio de produtos
dia-a-dia envelhecido e sem renovação e de um caótico modelo de gestão que
somente avaliações superficiais e burocráticas não conseguem identificar.
6. Clima Interno:
O Fato - as pesquisas de
clima apontam a insatisfação dos trabalhadores.
A Versão - Em 2011 foi realizado
o maior concurso público e a maioria do corpo estratégico se manteve composta
por dezenas de funcionários efetivos.
A Verdade - Concurso
público é processo de rotina e nunca foi marcado nos Correios em anos, muito
menos em ciclos de 4, 5 ou mais anos. Vale lembrar que, em 2011, estávamos há
quatro anos sem concurso, tal qual ocorre agora. E que o Sr. Nelson de Oliveira
já era o Vigep da gestão anterior. Substituir as dezenas de funcionários
efetivos é tarefa muito difícil, pois numa empresa de 120 mil trabalhadores
afirmar que a maioria é do quadro efetivo atinge o absurdo da inocência, ou da
má-fé. Na resposta nenhuma linha sobre o resultado das pesquisas de clima, por
que razão tal resultado foi divulgado somente onze meses após a coleta
de dados junto aos empregados? Qual motivo da queda dos resultados e
quais propostas de melhorias? É meio assim, vamos mudar de assunto que é
melhor...
A conclusão é a de que a
Direção dos Correios continua na prática de vender, para o novo Ministro das
Comunicações e para a sociedade, o Mundo Mágico de Alice!
Direção
Nacional da ADCAP.