Sem fiscalização, rombo no fundo seria ainda maior, defende Previc
O ESTADO DE S.PAULO
19/2/18
A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) rejeita a
hipótese de falha na atuação no caso Postalis e defende que, sem o
trabalho de fiscalização e acompanhamento, o rombo desse e de outros fundos de
pensão seria ainda maior. Já a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) argumenta
que não faz parte de suas atribuições a fiscalização dos fundos de pensão.
O diretor de fiscalização da Previc, Sérgio Taniguchi, diz que o órgão ainda
não foi notificado. O diretor rejeita a percepção de que houve falha. “Essa
possibilidade de omissão, especialmente no Postalis, foi levantada na CPI dos
Fundos de Pensão e pelo Tribunal de Contas da União e não há apontamento de
omissão”, diz, ao argumentar que, ao contrário, o trabalho da Previc permitiu à
PF deflagrar ações para investigar o tema.
“Diria que, se não tivesse o trabalho da Previc, o rombo não só no Postalis
como em outras fundações seria muito maior”, diz. Taniguchi argumenta que a
Superintendência fez diversas autuações no fundo e a intervenção foi decidida
após percepção de que gestores “flertavam com novas operações inadequadas ou de
maior risco”.
Já a CVM explicou em nota que a fiscalização dos fundos de previdência
complementar não está entre as responsabilidades do órgão. A Comissão lembra ainda
que há interação do órgão com o MPF desde 2008, quando foi firmado um termo de
cooperação.
Citado como uma das entidades que avaliou o investimento do fundo dos carteiros
no projeto Mudar Master, o escritório Bocater, Camargo Costa e Silva Advogados
explica em nota que foi contratado “para a análise exclusivamente dos aspectos
legais de propostas de investimentos”. A empresa cita que “não externou
qualquer opinião sobre a adequação valores ou riscos financeiros”.
Já a SR Rating diz em nota que “aplicou rigorosamente a metodologia à época
estabelecida” para avaliação do investimento do Postalis. O rating atribuído em
2010 e 2011 era considerado “mediano”. A partir de setembro de 2012, a agência
rebaixou a nota em vários patamares. “A SR Rating afirma que atuou com total
rigor técnico na avaliação da empresa e os resultados foram amplamente
conhecidos pelos gestores do Postalis”.
Mencionada como consultora para o investimento no FIP Bioenergia do Grupo
Canabrava, a Apsis Consultoria afirmou em nota que realiza “com regularidade
laudos que suportam diversas operações societárias”. “Apresentamos tudo que nos
foi solicitado pelas entidades governamentais e reguladoras para as
investigações em curso.”
As consultorias Baker Tilly Brasil e LF Rating – também citadas pela PF e MPF –
foram procuradas, mas não se pronunciaram até o fechamento desta reportagem.
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