Cotado para Previc ajudou a 'mascarar' resultados do Postalis
Valor Econômico
08/02/2018
08/02/2018
Uma articulação entre lideranças do
PSD e do MDB busca colocar o advogado Fábio Berbel na diretoria da
Previc, responsável pelas intervenções em fundos de pensão com
suspeitas de fraudes.
Berbel era um dos sócios do escritório Bichara Advogados, que participou da criação dos fundos de investimento usados para "mascarar" o déficit existente no Postalis, segundo relatório da própria Previc obtido pelo Valor.
O Postalis, fundo de previdência complementar dos empregados dos Correios, está sob intervenção da Previc desde outubro do ano passado. A utilização de quatro FIDCs (fundos de investimentos em direitos creditórios) para reverter contabilmente prejuízos do Postalis foi um dos gatilhos para a intervenção do órgão.
Berbel atuou na estruturação legal dos FIDCs criados e fez pessoalmente uma apresentação ao conselho fiscal dos Correios, no dia 25 de abril de 2017, sobre "ações em andamento para ativos em default" do Postalis. Ele é associado atualmente ao Balera Advogados, que presta consultoria jurídica aos mesmos fundos.
Os quatro FIDCs foram constituídos no fim de 2016 com o suposto objetivo de reaver perdas bilionárias do Postalis com investimentos malsucedidos.
Esses prejuízos foram recalculados e os novos valores incluídos como ativos nos FIDCs, o que ajudou a reverter, ao menos contabilmente, pelo menos R$ 1,1 bilhão do déficit apresentado pelo Postalis.
Berbel era um dos sócios do escritório Bichara Advogados, que participou da criação dos fundos de investimento usados para "mascarar" o déficit existente no Postalis, segundo relatório da própria Previc obtido pelo Valor.
O Postalis, fundo de previdência complementar dos empregados dos Correios, está sob intervenção da Previc desde outubro do ano passado. A utilização de quatro FIDCs (fundos de investimentos em direitos creditórios) para reverter contabilmente prejuízos do Postalis foi um dos gatilhos para a intervenção do órgão.
Berbel atuou na estruturação legal dos FIDCs criados e fez pessoalmente uma apresentação ao conselho fiscal dos Correios, no dia 25 de abril de 2017, sobre "ações em andamento para ativos em default" do Postalis. Ele é associado atualmente ao Balera Advogados, que presta consultoria jurídica aos mesmos fundos.
Os quatro FIDCs foram constituídos no fim de 2016 com o suposto objetivo de reaver perdas bilionárias do Postalis com investimentos malsucedidos.
Esses prejuízos foram recalculados e os novos valores incluídos como ativos nos FIDCs, o que ajudou a reverter, ao menos contabilmente, pelo menos R$ 1,1 bilhão do déficit apresentado pelo Postalis.
Após a intervenção da Previc, no entanto,
constatou-se que os novos valores foram superdimensionados, de forma a
mascarar as perdas do fundo de pensão.
"Inflaram
os números dos investimentos para apresentar déficit menor nas contas dos
planos de benefícios. A intenção ficou muito bem caracterizada: criar fundos de
investimento com 32 ativos diversos que estão totalmente provisionados
para perda devido ao "default" dos emissores e que valeriam, na
melhor das hipóteses, R$ 165 milhões, e atribuir-lhe valores irreais
para mascarar a insuficiência existente nos planos de benefícios",
diz relatório da Previc, elaborado no ano passado e sem divulgação.
O comando da Previc está vago e tem sido ocupado por interinos. A
tentativa de emplacar o nome de Berbel na diretoria de fiscalização e
monitoramento é patrocinada por PSD e MDB.
O advogado tem ligação, segundo fontes, com dois ex-integrantes da
cúpula do Postalis: Christian Schneider e Roberto Macedo. Schneider, que
era presidente do fundo de pensão quando foi decretada a intervenção,
chefia o PSD em Londrina (PR) e tem articulado sua candidatura a deputado
federal.
Ele é próximo do ministro Gilberto Kassab (Comunicações, Ciência
e Tecnologia). Macedo, ex-diretor de administração e finanças, era
considerado o homem do senador Edison Lobão (MDB-MA) no Postalis. Ele foi
colega de faculdade de Márcio Lobão, filho do senador, que chegou a ser
alvo de um mandado de busca e apreensão da Polícia Federal em
investigações que apuram o suposto pagamento de propina nas obras da usina
hidrelétrica de Belo Monte.
A indicação já teria sido levada ao ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, a quem está subordinada a Previc. Consultado por meio de sua
assessoria, Kassab negou que tenha indicado o nome do advogado para
a superintendência que fiscaliza os fundos de previdência complementar.
Procurado pelo Valor, Berbel afirmou desconhecer "completamente"
a informação de que seu nome estaria sendo levado ao Ministério da
Fazenda para ocupar uma diretoria da Previc. "Não tenho relação
nenhuma com qualquer partido político", garantiu.
Berbel disse que atuou na estruturação legal dos FIDCs pelo Bichara Advogados
e que não participa da equipe do escritório Balera responsável hoje por
prestar consultoria jurídica aos fundos. O advogado defendeu esse tipo de
instrumento. "O Postalis não inventou a roda ao usar os FIDCs.
Eles foram estruturados para dar transparência e efetividade na
recuperação de créditos", afirmou.
Mais de 100 mil trabalhadores da ativa e aposentados terão que participar
do equacionamento do déficit bilionário nos planos de benefícios definidos
do Postalis. A cobrança recai como contribuição extra ou desconto
nos benefícios e será feita até 2039.
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