terça-feira, 31 de julho de 2018


Correios suspendem pacote básico de entregas e cota mensal salta para R$ 2 mil 

e-commercebrasil
25 de julho de 2018

Funcionários dos Correios começaram a informar clientes, desde o meio da semana passada, que deixarão de oferecer o pacote básico de entregas, chamado “Encomenda 1”. O gasto mínimo mensal de postagens nessa modalidade era de R$ 100, valor que poderia variar conforme o cliente.

Segundo os comunicados feitos pelos gerentes comerciais, os pacotes mais baratos terão exigência de R$ 2 mil por mês (“Encomenda 2” ou “Ecommerce 1”), além de envio de pelo menos 66 encomendas a cada 30 dias. Isso significa um aumento de 1900% no valor dos contratos.

Oficialmente, os Correios afirmam que o pacote foi “temporariamente suspenso”, sem informar, até a publicação desta reportagem, o prazo previsto para o serviço voltar a ser oferecido.

O discurso contradiz os comunicados enviados por gerentes comerciais de diversos Estados e aos quais o E-Commerce Brasil teve acesso. Em um deles, o representante chega a dizer que a presidência da estatal decidiu excluir a tabela mais básica do seu portfólio (veja nas imagens abaixo).


Em nota ao E-Commerce Brasil, entretanto, a estatal nega ter descontinuado o serviço. “O pacote Encomenda 1 não foi descontinuado, apenas está temporariamente suspenso. Nenhum dos contratos já firmados com o referido pacote sofreu qualquer alteração, desde que se cumpram as contrapartidas já acordadas”, afirmou a empresa.

Atualmente, existem três grupos principais de contratos da estatal com lojistas – Encomenda, Ecommerce e Marketplace. Cada um deles tem uma série de níveis, partindo do mais básico – e barato – ao mais avançado.

A diferença entre o envio de um pacote Sedex com e sem contrato com a estatal é considerável: em uma simulação feita pela reportagem, com origem em Goiânia e destino para São Paulo, o despacho no balcão ficou 15% mais caro.

Já no caso do PAC, o buraco é ainda maior: 22% mais custoso para quem não firmou contrato com os Correios.

Até os gerentes foram pegos de surpresa com a medida. “Esta alteração foi informada na última quinta-feira, também não tínhamos conhecimento”, admitiu um dos representantes, em comunicado enviado a um cliente que pediu anonimato à reportagem (veja a reprodução abaixo).


Segundo os Correios, pequenos negócios não ficarão desamparados. “Os Correios são o maior parceiro do e-commerce no Brasil. Dessa forma, continuamos disponibilizando nosso conjunto de soluções de encomendas para as empresas iniciantes no comércio eletrônico, sem a necessidade de contrato comercial, em nossa rede de agências presente em todo o país”, concluiu.

Na última sexta-feira (20), antes dos e-mails obtidos pela redação, os Correios haviam informado, por meio da sua assessoria de imprensa, que nenhuma alteração nos contratos estava prevista.

Impacto negativo

A descontinuidade ou suspensão do pacote básico promete impactar, principalmente, as pequenas lojas virtuais, que enviam menos pacotes do que o necessário para alcançar o novo mínimo de R$ 2 mil.

É o caso de Liana Marques, dona do e-commerce Ene Bolsas, que está para ser lançado no fim do mês. Desde julho, ela negociava um contrato mínimo de R$ 100 mensais com os Correios. Pelas suas contas, com a alteração, ela precisaria vender, logo no início da operação, pelo menos 66 peças por mês apenas para cobrir a nova cota. “Acho que esse [volume de vendas] não é o caso de nenhum e-commerce que esteja começando no país”, lamentou.

Quem também está começando é Gil Bastos, lojista que, na semana passada, deu entrada na documentação para aderir ao pacote básico. Nesta terça-feira (24), ela recebeu uma ligação da sua gerente explicando que o plano de entrada seria descontinuado.

Sua grande preocupação era integrar o sistema dos Correios de forma completa, inclusive logística reversa. Sem o contrato, ela deve ficar com as funções básicas. “[A mudança de preço] Beira o inacreditável. A gente faz todo um plano de negócios e fica ‘baleada’ quando escuta uma notícia dessas, porque pagar R$ 2 mil não é opção”, desabafou.

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