A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado recebeu hoje à
tarde (25/10) a minuta de relatório sobre o PL-591/2021 preparada pelo senador
Márcio Bittar.
O governo segue tentando privatizar a todo custo os
Correios, utilizando, no processo, de informações incorretas e omissões que
buscam iludir a população sobre o tema.
Sobre Resultados
Apesar de os Correios terem auferido lucro de mais de R$ 1,5
bilhão em 2020 e de haver sinalização de que esse resultado deve chegar a R$ 3
bilhões em 2021, o governo continua tentando alegar a inviabilidade econômica
da Empresa. É uma situação realmente surreal, em que o dono do negócio se
esmera em depreciá-lo sistematicamente, mesmo quando os próprios balanços
mostram uma situação diferente. Não querem apenas vender os Correios para
cumprir promessa de campanha ou agradar alas ideológicas; querem vender barato.
Para construir sua narrativa (mentira seria mais bem
aplicada), omitem informações, como, por exemplo, os graves efeitos produzidos
nos Correios por decisões tomadas no âmbito do Ministério da Economia, como a
retirada excessiva de dividendos a partir de 2011 ou o congelamento tarifário,
entre 2012 e 2014, que esvaziaram o caixa e empobreceram a empresa, levando o
balanço para o campo negativo.
Ao tratar do benefício tributário que os Correios possuem,
por ser a empresa considerada corretamente como “longa manus da União”, ignoram
completamente o fato que a estatal arca sozinha com os pesados custos da
universalização do serviço postal, que superam em mais de 3 vezes o benefício
tributário.
Assim, com omissões e meias verdades, o governo tenta
construir uma “narrativa” para tentar convencer a população de que a venda dos
Correios é boa. Evidentemente, porém, não é.
Sobre Universalização
Sobre a Constitucionalidade
Por que o PL-591/2021 não foi submetido a uma avaliação
profunda de constitucionalidade, já que existe no STF uma ADI na qual a própria
Procuradoria Geral da República reconheceu que a privatização do serviço postal
prestado pela União com exclusividade não pode ser feita, por ser
inconstitucional? A Comissão de Constituição e Justiça do Senado não vai
avaliar o projeto?
Sobre os Custos para a União
Por que o PL-591/2021 não esclarece quanto representarão
para União as despesas com a “tarifa social” lá prevista, assim como com a
ampliação da Anatel? Caso tais despesas sejam bancadas de outra forma, sem
retirar recursos da educação, saúde e segurança pública, isso precisa ficar
claro e não está. Dizer que não haverá despesas para a União é mentira.
A verdade é que o governo lança mão de falácias,
meias-verdades, dados incompletos e descontextualizados, para tentar induzir a
população a erro, numa prática que não pode mais ser tolerada, especialmente
quando o intuito é prejudicar todos os brasileiros em benefício de um grupo
pequeno de oportunistas que gravitam em torno do projeto – especuladores,
banqueiros e consultorias.
ADCAP – Associação dos Profissionais dos Correios
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