Déficit no quadro de
funcionários prejudica entrega dos Correios
O Globo
04/12/2016
RIO - Há um ano e oito meses, Domingos Sávio,
de 60 anos, busca todas as suas correspondências na Central de Distribuição dos
Correios localizada
na Rua Saldanha Marinho, no Centro. A rotina forçada, que chega a três vezes na
semana, começou quando o carteiro que atendia o prédio onde mora, no Fonseca,
na Zona Norte, aposentou-se.
— Não chega nada, nem mesmo uma conta. Eu
moro na Alameda (São Boaventura), que é um lugar de fácil acesso. Ele (o
funcionário) não foi substituído quando saiu — critica Sávio, que ainda precisa
de paciência para buscar as correspondências. — O atendimento no posto também é
ruim. (O posto) só abre às 13h e tem apenas um funcionário para atender todo
mundo que está nessa situação. Estou aqui há uma hora esperando.
A situação de Domingos Sávio, que falou com a
equipe de reportagem em 23 de novembro, não é isolada. Três dias antes, o
colunista do GLOBO-Niterói Luiz André Alzer mostrou que os moradores da
primeira quadra da Rua Belisário Augusto, em Icaraí, não recebiam
correspondência nem contas. Eles precisavam ir até o centro de distribuição na
Rua Saldanha Marinho, onde os próprios separavam o que era deles. A justificativa
dada aos moradores é o número insuficiente de carteiros.
A dificuldade enfrentada pela empresa é
confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no Estado do Rio de
Janeiro (Sintect-RJ). De acordo com o diretor Marcos Sant’Águida, o déficit de
funcionários da empresa vem se agravando há duas décadas.
— O déficit nacional está na faixa de oito
mil carteiros, (o que seria necessário) para normalizar a entrega postal. No
estado do Rio, são cerca de mil carteiros para normalizar o serviço. A situação
vai se agravando porque trabalhadores vão se aposentando ou se demitindo e não
vão sendo substituídos na mesma velocidade. Em São Gonçalo e Niterói, são cerca
de 300 carteiros a menos do que o necessário — afirma Sant’Águida.
Segundo o diretor, é necessário realizar
concursos públicos para solucionar o problema. O quadro, porém, deve se
agravar. No mês passado, a empresa lançou um Plano de Demissão Voluntária (PDV)
que pretende cortar cerca de oito mil funcionários em todo o país.
RANKING DE RECLAMAÇÕES
No site Reclame Aqui, a Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos (EBCT) aparece em mais de um ranking entre as mais
criticadas. É a nona, por exemplo, na lista das “piores empresas dos últimos 30
dias”, com 2.368 menções (até o fechamento desta edição). Já no rol das “mais
reclamadas dos últimos 12 meses”, os Correios figuram, com 31.787 citações, em
15° lugar.
A EBCT, em nota, disse que “não confirma o
déficit informado” e acrescentou que a falta eventual e pontual de
profissionais está sendo suprida com as medidas de reorganização dos distritos
de entrega e redistribuição do efetivo.
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