sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Desmontando Fake News nº 2 - A opinião da ADCAP é diferente da opinião da Gazeta

 

Como estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.

---------------------------------------------------------------------
 

A OPINIÃO DA ADCAP É DIFERENTE DA OPINIÃO DA GAZETA

 

Neste segundo número de seu informativo “Desmontando Fake News” abordaremos matéria trazida pelo jornal Gazeta intitulado “Correios precisam puxar a fila das privatizações no Brasil”. A matéria original da Gazeta pode ser lida AQUI.

Primeiramente, destaca-se que qualquer eventual privatização que viesse a ser feita deveria decorrer de razões baseadas no interesse público. Redução da máquina pública não se enquadra nisso e a modernização dos serviços de entrega no país é uma falácia, produzida pelo governo e repetida sem crítica pela mídia. Não se justifica, portanto, o título da matéria, como demonstraremos.

Com relação ao mercado de encomendas, o mercado já é totalmente liberado, como menciona a matéria. A modernização do serviço se dá, portanto, naturalmente, com a própria concorrência entre os players. Com relação às cartas, os brasileiros foram os segundos no mundo a poderem produzir e enviar suas cartas pela internet, em 1997. E a frota de entrega dos Correios foi recentemente renovada, com o recebimento de mais de 5.000 veículos, adquiridos no mercado nacional com recursos próprios da Empresa. Que modernização adicional na entrega de cartas seria necessária?

A matéria afirma ainda que “Com um marco regulatório robusto, a privatização dos Correios certamente trará avanços para a logística do país.” e segue tentando demonstrar isso com a alegada incapacidade de o governo aportar recursos na Empresa para o “gigantismo da tarefa de modernizar estruturas e serviços”. Ora, os Correios não têm dependido de recursos do governo federal para se desenvolverem. Pelo contrário, foi o governo federal que exauriu, por meio do recolhimento excessivo de dividendos, os recursos que a Empresa tinha acumulado para financiar sua expansão comercial. Nos últimos dez anos, o Tesouro Nacional recolheu, em valores atualizados, algo como R$ 6 bilhões dos Correios, muito mais do que os lucros obtidos pela Empresa. Além disso, a Empresa dispõe de mecanismos que a atual direção não utiliza para se capitalizar fortemente, como é o caso do banco postal. Na última seleção de parceiro, realizada em 2011, o banco do Brasil pagou R$ 2,8 bilhões pela exclusividade na parceria por até 10 anos. Bem antes, na virada do século, o Bradesco havia pagado, em valores da época, R$ 300 milhões pela mesma exclusividade. Ou seja, não procede de forma alguma a argumentação de falta de recursos para se desenvolver.  

A matéria conclui também, sem trazer nenhum exemplo do setor postal, que “a consequência natural da livre concorrência ... é tornar as entregas mais eficientes e baratas”. Bastaria consultar os efeitos da última privatização de correios havida no mundo para saber que os efeitos são exatamente o inverso disso – as tarifas sobem e a qualidade do serviço piora. Não por acaso, os cidadãos portugueses estão nas ruas pedindo a reestatização do seu CTT.

Finalmente, a matéria assevera que setores como telefonia, energia elétrica e siderurgia provam que o fim das estatais trouxe mais benefícios do que prejuízos à população. Afirmações genéricas assim que tentam criar um senso comum juntando coisas muito distintas são uma forma de tentar convencer as pessoas sem enfrentar as peculiaridades de cada situação. Comparando, por exemplo, o caso dos Correios com o da telefonia, que é o mais próximo em características dentre os citados, tínhamos no Brasil a seguinte situação quando se implementou o processo de privatização das teles: serviço bem caro, linhas inacessíveis tanto em disponibilidade quanto em preço, com filas e ágio para aquisição, a ponto de serem declaradas como patrimônio no imposto de renda, além de acesso limitado ao serviço, com muitas regiões desassistidas. Já o serviço postal está disponível em todos os municípios do país e tem uma tarifa dentre as menores do mundo apesar de o Brasil ser o 5º maior país.

Os brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a respeito. 

 

Direção Nacional da ADCAP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário