Como
estamos numa luta desigual, em que a mídia reproduz informações distorcidas
provenientes de órgãos do governo federal a respeito dos Correios e a própria
empresa não se defende, emudecida por um direção subserviente e comprometida
com o desmonte da organização, a ADCAP passará a oferecer por esse canal seu
posicionamento sobre matérias que tratarem dos Correios.
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A OPINIÃO DA ADCAP É DIFERENTE DA OPINIÃO DA GAZETA
Neste
segundo número de seu informativo “Desmontando Fake News” abordaremos matéria
trazida pelo jornal Gazeta intitulado “Correios precisam puxar a fila das
privatizações no Brasil”. A matéria original da Gazeta pode ser lida AQUI.
Primeiramente,
destaca-se que qualquer eventual privatização que viesse a ser feita deveria
decorrer de razões baseadas no interesse público. Redução da máquina pública
não se enquadra nisso e a modernização dos serviços de entrega no país é uma
falácia, produzida pelo governo e repetida sem crítica pela mídia. Não se
justifica, portanto, o título da matéria, como demonstraremos.
Com
relação ao mercado de encomendas, o mercado já é totalmente liberado, como
menciona a matéria. A modernização do serviço se dá, portanto, naturalmente,
com a própria concorrência entre os players. Com relação às cartas, os
brasileiros foram os segundos no mundo a poderem produzir e enviar suas cartas pela
internet, em 1997. E a frota de entrega dos Correios foi recentemente renovada,
com o recebimento de mais de 5.000 veículos, adquiridos no mercado nacional com
recursos próprios da Empresa. Que modernização adicional na entrega de cartas
seria necessária?
A
matéria afirma ainda que “Com um marco regulatório robusto, a privatização dos
Correios certamente trará avanços para a logística do país.” e segue tentando
demonstrar isso com a alegada incapacidade de o governo aportar recursos na
Empresa para o “gigantismo da tarefa de modernizar estruturas e serviços”. Ora,
os Correios não têm dependido de recursos do governo federal para se
desenvolverem. Pelo contrário, foi o governo federal que exauriu, por meio do
recolhimento excessivo de dividendos, os recursos que a Empresa tinha acumulado
para financiar sua expansão comercial. Nos últimos dez anos, o Tesouro Nacional
recolheu, em valores atualizados, algo como R$ 6 bilhões dos Correios, muito
mais do que os lucros obtidos pela Empresa. Além disso, a Empresa dispõe de
mecanismos que a atual direção não utiliza para se capitalizar fortemente, como
é o caso do banco postal. Na última seleção de parceiro, realizada em 2011, o
banco do Brasil pagou R$ 2,8 bilhões pela exclusividade na parceria por até 10
anos. Bem antes, na virada do século, o Bradesco havia pagado, em valores da
época, R$ 300 milhões pela mesma exclusividade. Ou seja, não procede de forma
alguma a argumentação de falta de recursos para se desenvolver.
A
matéria conclui também, sem trazer nenhum exemplo do setor postal, que “a
consequência natural da livre concorrência ... é tornar as entregas mais
eficientes e baratas”. Bastaria consultar os efeitos da última privatização de
correios havida no mundo para saber que os efeitos são exatamente o inverso
disso – as tarifas sobem e a qualidade do serviço piora. Não por acaso, os
cidadãos portugueses estão nas ruas pedindo a reestatização do seu CTT.
Finalmente,
a matéria assevera que setores como telefonia, energia elétrica e siderurgia
provam que o fim das estatais trouxe mais benefícios do que prejuízos à
população. Afirmações genéricas assim que tentam criar um senso comum juntando
coisas muito distintas são uma forma de tentar convencer as pessoas sem
enfrentar as peculiaridades de cada situação. Comparando, por exemplo, o caso
dos Correios com o da telefonia, que é o mais próximo em características dentre
os citados, tínhamos no Brasil a seguinte situação quando se implementou o
processo de privatização das teles: serviço bem caro, linhas inacessíveis tanto
em disponibilidade quanto em preço, com filas e ágio para aquisição, a ponto de
serem declaradas como patrimônio no imposto de renda, além de acesso limitado
ao serviço, com muitas regiões desassistidas. Já o serviço postal está
disponível em todos os municípios do país e tem uma tarifa dentre as menores do
mundo apesar de o Brasil ser o 5º maior país.
Os
brasileiros merecem receber melhores informações e os devidos contrapontos ao
discurso falacioso do governo. A ADCAP estará atenta às matérias que tratem dos
Correios e divulgará amplamente sua opinião e suas observações a
respeito.
Direção Nacional da ADCAP.
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