sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Um governo trapalhão que tumultua a economia

 



Nota em coluna do jornal O Globo de hoje trouxe a informação de que o governo se articula para tentar aprovar no Senado o projeto de lei que abre as portas para a privatização dos Correios, o PL-591/2021.

Ao final da matéria, a coluna menciona que “A expectativa do Palácio do Planalto é que pelo menos a Amazon e Magalu participem do leilão. E, talvez, o Mercado Livre também”.

Na realidade, os marketplaces que operam no Brasil, incluindo os três mencionados e diversos outros mais, como Via Varejo, Shopee, B2W, AliExpress etc, operam com total liberdade no país, podendo constituir suas próprias transportadoras, adquirir ou contratar outras e usar os serviços dos Correios, dentro de suas estratégias e custos. Nesse contexto, os Correios são muito mais que um simples player – são a infraestrutura pública disponível em condições conhecidas e análogas para todos os demais players, que assegura a efetiva realização do comércio eletrônico mesmo para localidades onde nenhuma outra empresa tem escala ou interesse de atuar.

Nesse contexto, o que os grandes marketplaces enxergam com esse movimento atrapalhado do governo no meio de uma pandemia é um grande perigo para seus negócios e não uma oportunidade. Afinal, nenhum deles gostaria de amanhecer dependendo de seu principal concorrente para entregar seus produtos. E nenhum deles deve cogitar a mudança de seu foco de atuação para passar a cuidar também da universalização do serviço postal num país continental como o Brasil.

O governo federal, induzido pelo Ministério da Economia, promove assim mais uma trapalhada, enviesada por uma questão ideológica que, se for consumada, não beneficiará o mercado real, constituído especialmente pelas empresas que operam o comércio eletrônico, mas sim aquele outro mercado, formado por agentes econômicos ávidos por uma negociação de bons ativos a preços vis. Na verdade, quem está à espreita desse negócio são apenas as consultorias, bancos de investimento e especuladores, os mais frequentes interlocutores do Ministério da Economia.


ADCAP – Associação dos Profissionais dos Correios

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