Ponto e Contraponto
Lemos
recentemente na Folha o artigo de Aécio Neves, intitulado "E
os Correios"
Neste
último dia 1º de maio, a Folha trouxe, em resposta, o artigo do Presidente dos
Correios, Wagner Pinheiro, intitulado "Os
Correios cumprem seu papel".
Os mencionados artigos trazem visões distintas sobre os Correios e a ADCAP entende que seja importante refletir sobre alguns dos pontos abordados.
A
ADCAP respeita os técnicos do TCU e entende que, independentemente de ter ou
não havido julgamento pelos ministros do tribunal, é fato gravíssimo que os
técnicos tenham enxergado problemas na atuação dos Correios durante as eleições
presidenciais. Os Correios são uma infraestrutura muito importante para o
Governo Federal nas eleições e não pode estar sob suspeição. Assim, se é
importante observar que não houve ainda julgamento pelos ministros do tribunal,
por outro lado não se pode considerar que o assunto é menor por se tratar
apenas de parecer de técnicos.
A
utilização de premiações recebidas pela Empresa como prova de que a instituição
vai bem é algo com o que a ADCAP não concorda, porque historicamente a Empresa
sempre recebeu muitos prêmios, por sua atuação simpática à população e pelo
profissionalismo de seus trabalhadores. Na atualidade, há muitos flancos a descoberto
na Empresa, decorrentes especialmente de problemas de gestão e, mais
especificamente, de gestão de pessoas, que são gravíssimos e que afetam
seriamente a qualidade dos serviços da Empresa. O altíssimo e crescente volume
de reclamações, que já supera a marca de 1 milhão/mês, e as inúmeras
matérias negativas trazidas diariamente pela mídia estão aí para demonstrar que
o momento atual não é de melhoria, mas sim o contrário. Basta comparar o volume
de reclamações nos últimos quatro anos e se observará essa curva claramente. A
multa de R$ 8 milhões aplicada recentemente aos Correios no Espírito Santo, por
má qualidade na prestação dos serviços, é a materialização mais concreta desse
quadro.
Outra
questão abordada superficialmente nos artigos é o aparelhamento político da
Empresa. A ADCAP enxerga nesta questão um dos mais graves problemas da Empresa
neste momento e a origem da maioria dos demais problemas. Dos nove
integrantes da Diretoria Executiva, somente um é funcionário de
carreira. As iniciativas capitaneadas pela área de gestão de pessoas para
abrir portas ao aparelhamento político foram responsáveis por um processo de
desprofissionalização sem precedentes nos Correios, que tem desmotivado as
pessoas e deteriorado os processos empresariais. Que outra empresa estatal tem
um Vice-Presidente de Gestão de Pessoas que faz questão de se cercar de pessoas
trazidas de fora (com aumentos significativos dos salários de origem),
humilhando os técnicos do quadro próprio da Empresa, que são encostados para
abrir caminho aos paraquedistas? Além disso, empregados foram alçados a
funções de gestão sem possuírem as habilidades e competências necessárias para
desempenharem bem as novas atribuições. O que os membros da Diretoria
Executiva, os trazidos por cessão de outros órgãos e os empregados que
"cresceram" na empresa têm em comum: todos são do mesmo partido
político do governo.
E
quanto ao POSTALIS, os trabalhadores não estão nada satisfeitos com a
explicação de que "os prejuízos são decorrentes de investimentos feitos
antes de 2011". São R$ 5,6 bilhões de déficit num fundo cujos ativos
líquidos são de apenas R$ 5 bilhões! E nessa caixa preta há muito o que ser
esclarecido. Entre outras coisas há que se perguntar o que fizeram, de 2011
para cá, os que lá foram colocados pela Diretoria dos Correios? Por que não
corrigiram os rumos do POSTALIS, eliminando ou reduzindo os prejuízos? Por que
não conseguiram sequer alcançar os objetivos atuariais não só no plano BD
saldado, mas também no Postal PREV? Por que nenhum ex-dirigente do POSTALIS foi
preso, condenado ou devolveu um centavo aos cofres do instituto até agora? Os
trabalhadores não concordam em sacrificar mais de um quarto de seus benefícios
durante mais de 15 anos para cobrir rombos produzidos por ladrões ou incompetentes.
Que os verdadeiros responsáveis paguem por isso!
Quanto
aos resultados dos Correios, se não há o prejuízo mencionado no primeiro
artigo, também não vemos um quadro de evolução positiva, já que o lucro dos
Correios caiu de cerca de R$ 1 bilhão em 2012 para cerca de R$ 300 milhões em
2013. E, em 2014, ninguém sabe o resultado porque, embora estejamos já em maio,
os Correios ainda não divulgaram seu balanço de 2014! O que terá motivado esse
inusitado atraso?
Os
Correios certamente já estiveram melhores do que estão hoje. E a culpa por este
quadro não é de seus trabalhadores, que só querem poder fazer bem seu trabalho,
mas se vêem frequentemente impedidos por falhas graves na gestão da Empresa, em
especial na desastrosa gestão de pessoas.
A
ADCAP espera que debates como esse decorrente dos dois artigos da Folha
resultem em melhorias na gestão dessa que é uma das mais importantes estruturas
do Governo Federal, por sua presença nacional e por sua relevância na vida das
pessoas.
Direção Nacional da ADCAP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário