Corte em patrocínios afetará desempenho esportivo', admite presidente dos Correios
Uol
04/07/17
04/07/17
Com
menos dinheiro, o esporte brasileiro entregará aos seus patrocinadores
resultados piores do que no ciclo olímpico passado. Quem admite isso é
Guilherme Campos, presidente dos Correios. Na comparação com
os últimos três anos, a empresa dele cortou em cerca de 80% os valores pagos às
confederações de desportos aquáticos (CBDA), tênis (CBT) e handebol (CBHb).
“Eu chamei as três na virada do ano e passei: ‘Acabou o patrocínio’. Mas aí
negocia daqui, negocia dali, fizemos a manutenção do patrocínio às
confederações com redução na ordem dos 80% dos valores. Vai comprometer o
desempenho esportivo? Não tenha dúvida. Mas é melhor ter alguma coisa do que
não ter nada”, ponderou Campos, ao Olhar Olímpico.
Os Correios cortaram drasticamente os patrocínios à CBDA (agora R$ 5,7 milhões
ao ano), à CBT (R$ 2 milhões) e à CBHb (R$ 1,6 milhões), mas também passou
a investir na confederação de rúgbi, ocupando uma cota que não é master
(os valores não foram revelados). Em todos os casos, são confederações que
já não deram retorno nos Jogos Olímpicos do Rio. A única medalha foi de
bronze, com Poliana Okimoto, na maratona aquática.
“Se fosse para levar a ferro e fogo a situação da empresa, era para acabar com
todos os patrocínios. Mas ponderando a história que a empresa tem junto à
esfera esportiva, a gente optou por fazer uma proposta com redução
substancial. Nos Jogos do Rio, nosso resultado foi desastroso”, reconhece
Campos.
O corte no patrocínio afeta diretamente a preparação dos atletas. Exemplo é o
polo aquático. Os jogadores da seleção recebiam uma bolsa paga com
recursos dos Correios. Quando a verba acabou, os atletas deixaram de
aceitar a convocação, até porque muitos precisaram procurar outra forma de
sobreviver. E o resultado disso é que, dois anos depois do bronze na Liga
Mundial, o Brasil vai com um time praticamente todo amador ao Mundial de
Budapeste.
Crise geral – Apesar da situação difícil que vivem os Correios, a empresa ainda
tem sido bastante procurada por confederações que buscam patrocínio.
Afinal, quase todo mundo está em situação delicada.
Como mostrou o Olhar Olímpico em maio, a Caixa Econômica Federal cortou R$ 98
milhões de patrocínios às confederações, na comparação o ciclo passado. Já
a Petrobras encerrou completamente sua política de fomento ao esporte
olímpico a partir de confederações.
Com isso, as confederações de boxe, esgrima, levantamento de peso, remo,
taekwondo, judô, luta e ciclismo ficaram sem patrocínio público, enquanto
que as de ginástica, atletismo, handebol, desportos aquáticos, tênis, judô
e vôlei até têm empresas públicas como patrocinadoras, mas com corte de
recursos.
O basquete ainda sonha em assinar com o Caixa.
“É delegada às empresas publicas uma responsabilidade no esporte que é
responsabilidade do estado: fomento, desenvolvimento e disseminação do
esporte. Empresas públicas também são empresas. São só patrocinadoras, que
chegam com a necessidade de cuidar da imagem, de ter veiculação comercial.
A empresa precisa ter sua imagem devidamente colocada no mercado, para que
se justifique por que do seu
investimento”, comenta Campos.
Bradesco – Não são só as empresas públicas que estão cada vez mais distantes do
esporte olímpico. As privadas também. Hoje só três confederações têm
relativa tranquilidade financeira graças a patrocinadores privados: CBRu
(rúgbi), CBJ (judô) e CBVela (vela). E todas elas têm como patrocinador master o
Bradesco.
“As nossas decisões foram baseadas em planejamento. Assinamos com as
confederações que nos apresentaram os melhores projetos a longo prazo, de
governança, gestão e planejamento, mostrando o que esperavam para o
esporte nos próximos anos”, diz Fábio Dragone, gerente de marketing esportivo
do Bradesco.
Na comparação com o ciclo olímpico passado, o banco deixou de patrocinar a CBDA
e a também a Confederação Brasileira de Basquete (CBB), confederações que
atingidas por escândalos recentemente.
Enquanto isso, manteve o apoio a três das confederações mais são elogiadas por
suas gestões. Não é coincidência.
Quem fez o dever de casa saiu ganhando. “Os contratos no mínimo se mantiveram.
Com a CBJ a gente já havia renovado em 2015 até 2020. Recentemente
fechamos também com rúgbi e agora com a vela. Com todas, o acordo vai até
Tóquio”, afirma Dragone, sem revelar os valores envolvidos.
Ele admite que a verba de marketing esportivo da empresa, patrocinadora dos
Jogos Rio-2016, sofreu grande redução após a Olimpíada, como já era
esperado, mas garante que a empresa continua aberta a boas propostas.
“Nossa carteira não está fechada. Estamos consolidados, isso sim. Para um, dois
anos, a gente está bem resolvido. As propostas de planejamento, transparência,
governança, todas elas nos interessa olhar.”
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