terça-feira, 25 de julho de 2017

"Os Correios precisam se adequar ao mundo digital", diz presidente da companhia


CLICRBS - SC
22/7/17


Com o objetivo de acelerar os serviços digitais oferecidos pelos Correios, o presidente da companhia, Guilherme Campos (E), esteve Santa Catarina nesta sexta-feira. No centro de distribuição da companhia, em São José, assinou com o presidente da empresa de tecnologia Nexxera, Edson Silva (D) contrato de aquisição de serviços digitais.

Fora do prédio, servidores protestavam contra mudança no plano de saúde, que está sendo revisto porque não será mais possível pagar tudo para funcionários e seus parentes. Entre as novidades que falou para a coluna, disse que Navegantes vai ganhar um centro de distribuição.

O senhor acaba de assinar um acordo com a empresa de TI de SC para o Correio Digital. Como será? Os Correios nasceram no mundo como empresas de  comunicação, com as tecnologias da época, o papel. O mundo evoluiu, as tecnologias evoluíram e os Correios precisam se adequar ao mundo digital. O monopólio acabou. As pessoas não usam mais correspondência de papel para se comunicar. O mundo postal se restringe a atividade comercial. São boletos de cobrança, faturas, relação comercial entre empresas e entre empresas e consumidores, e a comunicação digital. A grande diferença do Brasil para o restante do mundo é que os grandes correios lá de fora, há 15 anos, vêm fazendo um processo de mudança, se readequando. Aqui estamos atrasados. Com tecnologia digital poderemos oferecer vários produtos. Um exemplo é uma caixa postal virtual certificada na qual as pessoas podem receber todas as contas e pagar de uma só vez.
 
O que está mudando na empresa? Nosso programa de transformação da empresa se chama Dez em um, para fazer neste ano tudo o que não foi feito até agora nos correios. Estamos fazendo uma transformação na estrutura interna da empresa. Até duas semanas atrás os Correios tinham sua estrutura o conceito de unidades de negócios. Era válido se fosse um período rentável e estivéssemos ampliando mercado, o que não é o caso. Somos uma empresa com prejuízo, necessitando reduzir custos, otimizar estruturas e aumentar o faturamento. Precisamos ser uma empresa mais funcional. Houve um PDI que se encerrou mês passado com uma adesão da ordem de 6 mil pessoas, com economia no final da ordem de R$ 800 milhões/mês entre o custo das pessoas que aderiram ao PDI versus o salário que era pago a elas.

Como está o quadro de funcionários? Hoje, temos cerca de 110 mil funcionários na ativa e aproximadamente 40 mil aposentados. Estamos presentes em 5.570 municípios do país, com 6.500 agências próprias, 4.500 agências comunitárias e mil agências franqueadas. Esses são os grandes números dos Correios.

O modelo de franquias vai mudar? Vamos lançar um novo plano de franquias até o final do ano, considerando os vários mercados. Teremos desde a microfranquia até a franquia focada em grandes clientes. As franquias são responsáveis pela maior parte do faturamento da empresa e são extremamente rentáveis para os franqueados. Em todo lugar que eu vou existem duas situações. Primeiro as pessoas reclamam depois, puxam para o lado e perguntam: como eu faço para ter uma franquia dos Correios? Hoje, a única forma de ter é comprar uma já existente. Vamos apresentar um novo plano, para diversos tamanhos de mercado.

A empresa teve problema com o fundo de pensão Postalis. Quanto está custando? Isso é separado. Temos a empresa Correios, o fundo Postalis e o plano de saúde. O fundo de pensão teve problemas com a sua gestão no passado recente, com a vinda de gestores que fizeram opções erradas. Para restabelecer a saúde financeira do fundo é necessário fazer aportes. Ano passado a empresa contribuiu com RS 800 milhões e os trabalhadores entraram com valor igual. Este ano será um pouco mais, varia em função dos salários. Até julho, a empresa pagou R$ 574 milhões.

Os serviços para comércio eletrônico estão crescendo? O líder do setor de encomendas no país são os Correios. Sedex é a marca sinônimo do produto. Ela vale mais até do que a própria empresa de tão forte que é. Nós mudamos a política comercial da empresa em março. Com competitividade maior nos grandes centros, focando um equilíbrio maior nas cidades com mais atividade econômica. Estamos crescendo pelo aumento de volume e participação de mercado. A primeira grande saída dos Correios é ampliar a participação de mercado. O transporte de encomendas é nossa principal atividade. As encomendas são separadas em dois grandes grupos, a premium, que é o Sedex, que tem maior valor agregado e prazo curto de entrega, e a econômica, que tem mais volume. Trabalhamos com isso no centro de distribuição de São José e temos um projeto para outro centro em Navegantes.

Quanto será o investimento em Navegantes? Será alto. Não tenho o valor agora. Precisamos do prédio e de equipamentos de triagem, que fazem a automação do processo.

Como será a expansão do Correio Celular? Foi lançado em março. Os Correios comercializam linhas de celular usando infraestrutura de outra operadora. No nosso caso é a TIM. Começamos por SP. Até o final do ano estaremos em mais de 3 mil municípios do país. Vendemos o chip Correio Celular, só na modalidade pré-pago. 

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