terça-feira, 11 de julho de 2017

EMPRESAS Com perda menor em maio, Correios terão novo PDV

VALOR ECONÔMICO
10/7/17

Sem terem atingido a meta definida no início deste ano, que previa o desligamento de 8,2 mil empregados e recebeu 6.263 adesões, os Correios vão reabrir o plano de demissões voluntárias (PDV) com novas condições. Desta vez, os critérios serão mais flexíveis e qualquer funcionário com pelo menos 15 anos de casa poderá aderir. A primeira versão do programa era restrita a trabalhadores com mais de 55 anos de idade e já aposentados pelo INSS.

"Houve muita reclamação de gente que queria ter entrado, mas não se enquadrava nas exigências", afirma o presidente dos Correios, Guilherme Campos. Ele espera a abertura do novo PDV ainda no segundo semestre, o que depende de aval de órgãos como a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) do Ministério do Planejamento. Da mesma forma que no programa anterior, a expectativa é diluir os pagamentos por oito anos. Hoje o contingente está em 110 mil empregados.

Apesar da sangria financeira, a companhia teve em maio o menor prejuízo mensal desde 2013, conforme números recémcompilados. O resultado ficou negativo em R$ 13 milhões, alimentando as esperanças de uma recuperação na segunda metade do ano. No acumulado dos cinco primeiros meses, a perda ficou em torno de R$ 800 milhões.

Algumas ações adotadas recentemente, segundo Campos, começam a surtir efeito e explicam os dados mais saudáveis de maio.

Na sexta-feira, houve uma importante reestruturação administrativa. Com a ajuda da Accenture, consultoria internacional contratada no fim do ano passado, foram extintos 20 departamentos e cerca de 400 gerências.

A cúpula da estatal também está sendo reorganizada para sair de um modelo de unidades de negócios para uma estrutura mais funcional. No organograma anterior, cada vice-presidência na área de operações - postal, rede de agências, encomendas e logística - tinha uma estrutura própria, o que levava à duplicidade de funções em setores como marketing e comercial.

Agora, a divisão será em quatro áreas: comercial, operacional, negócios públicos, canais de varejo e atacado. "Isso vai aproveitar sinergias, reduzir custos e dar focos", afirma o presidente. Para ele, a volta do recesso judiciário deve definir o futuro dos Correios. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) fará a mediação para uma tentativa de acordo entre a empresa e sindicatos em torno da Postal Saúde. Criada em 2014 para gerir diretamente o convênio médico dos funcionários, a empresa tem sido responsável por um déficit anual da ordem de R$ 1,8 bilhão - número que representa entre 80% e 90% do prejuízo total dos Correios nos últimos dois anos. Atualmente, para cada R$ 100 em despesas médicas do plano, a estatal banca R$ 93 e os beneficiários colaboram com somente R$ 7. Os Correios fizeram uma proposta que poderia cortar até dois terços dos gastos de custeio da Postal Saúde. A ideia é assumir 100% das despesas dos empregados, sem nenhuma coparticipação, mas vetando dependentes. Hoje o convênio é extensivo, sem ônus, a pais, cônjuges e filhos. Essa fórmula gera um inchaço na carteira do plano: apesar de ter 140 mil titulares (entre ativos e aposentados), a Postal Saúde soma 400 mil vidas.

CORREIOS

A proposta inicial foi recusada pelos sindicatos e o ministro Emmanoel Pereira, do TST, é relator da tentativa de mediação. "Se ela [a mediação] não prosperar, vamos judicializar o assunto. E a judicialização virá junto com as discussões do novo acordo coletivo", afirma Campos. A data-base para negociação de reajustes salariais dos carteiros é agosto.

Questionado se não teme um ambiente propício à deflagração de greve, ele respondeu: "Esse risco está sempre presente. Se está frio, querem fazer greve. Se faz calor, também querem greve. A Postal Saúde pode matar os Correios. Do jeito que está, não dá para ficar". Nos últimos dois anos, a estatal teve prejuízo na casa de R$ 2 bilhões. Uma projeção levada ao Palácio do Planalto, três semanas atrás, falava em novo rombo de R$ 1,3 bilhão em 2017. Campos diz, porém, que essa estimativa se baseava em uma premissa errada: a multiplicação pura e simples do resultado verificado no primeiro trimestre - pior período do ano.

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