Interventor do fundo de pensão dos Correios atrapalha operação para flagrar propina
O Globo
11 dezembro 2017
11 dezembro 2017
A divulgação dessa informação arrasou os
planos de procuradores e delegados que esquematizavam uma “ação
controlada” para pegar os advogados em flagrante ao negociarem a propina.
A ideia era gravar quando eles oferecessem o dinheiro para que um acordo
de R$ 1,2 bilhão fosse fechado. Atualmente, as ações do fundo de
pensão contra o BNY Mellon somam R$ 5,5 bilhões, segundo cálculos do
interventor.
— Uma semana antes dessa reunião do Conselho
dos Correios, o Walter chegou no Ministério Público
Federal muito angustiado. A gente falou que faria a operação, mas orientou
que ele não poderia mais comentar sobre o assunto com ninguém — diz
uma fonte a par das investigações, sob a condição de anonimato.
Walter não seguiu o conselho dos
investigadores. Contou para todos os conselheiros dos Correios que foi procurado e recebeu uma oferta de propina. A informação foi
registrada na ata da reunião, realizada no fim de outubro.
Ao abrir a boca, estragou a ação dos
investigadores, que estava prevista para ocorrer pouco antes do Natal.
Segundo um deles, estava difícil conciliar o efetivo da PF com
as possíveis datas do MPF. Fim de ano tem sido uma época agitada para os
dois órgãos desde o início da Operação Lava-Jato. Há outras operações na
fila para ocorrem até a virada de 2018.
— Agora que a propina está registrada na ata
e que a informação tornou-se pública, não tem mais como fazer uma operação. O assunto morreu — lamenta um
investigador. Em nota enviada ao GLOBO, o BNY Mellon negou categoricamente
o oferecimento de propina. Disse que jamais tratou de assuntos
relacionados a um potencial acordo com o interventor do Postalis e nem
orientou os advogados para isso.
“Temos uma clara e contundente Política de
Anticorrupção (em conformidade as leis brasileiras e com normas
internacionais) que prevê tolerância zero para suborno e corrupção, além
de aplicarmos treinamentos regulares para todos os funcionários”, afirma a
instituição que diz que a política é também aplicada na sua integralidade
nas nossas relações com clientes, parceiros e prestadores de serviço.
“Em resposta a essa grave e absolutamente
infundada acusação, interpelaremos o Sr. Walter Parente para que esclareça
o ocorrido e, na sequência, adotaremos as medidas cabíveis”.
O fundo de pensão dos Correios está sob
intervenção da Superintendência Nacional de Previdência Complementar
(Previc) desde o início de outubro. O argumento é que havia problemas na
governança e que a a antiga diretoria teria inflado valores de
garantias para manter o balanço do fundo equilibrado. As informações são
do Jornal O Globo.
Walter de Carvalho Parente contou em reunião
do Conselho sobre oferta de suborno ma trapalhada do interventor do
Postalis, o fundo de pensão dos Correios, destruiu uma operação que era
arquitetada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal.
Conforme revelado na sexta-feira, Walter de Carvalho Parente contou —
durante uma reunião do Conselho de Administração dos Correios — que foi
procurado por advogados para favorecer um banco americano. A oferta de R$
6 milhões para fechar um acordo com o BNY Mellon, instituição
processada pelo fundo por perdas bilionárias em escândalos do passado, foi
registrada na ata do encontro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário