Amazon inaugura mais três centros de distribuição no Brasil e amplia serviço Prime
UGT
09/11/2020
Novos armazéns estão em Minas, Rio Grande do Sul e Distrito Federal
A Amazon inaugurou na última semana três novos centros de distribuição no Brasil, na maior expansão da empresa no país em oito anos.
Os novos galpões logísticos já estão em operação nas cidades de Betim, em Minas Gerais, Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul, e Santa Maria, no Distrito Federal.
Com essas inaugurações, a empresa chega a oito centros de distribuição de produtos no Brasil. O primeiro foi aberto em janeiro de 2019, em Cajamar, na Grande São Paulo.
Segundo a Amazon, 1.500 pessoas foram contratadas para operação desses novos núcleos de distribuição.
A empresa não informa o aumento em sua capacidade de processamento de pedidos com as novas unidades, mas afirma que, de imediato, compradores de 100 novas cidades passam a ter acesso às entregas mais rápidas do serviço Prime, a partir de dois dias. Isso eleva para 500 o número de municípios atendidos no prazo.
Assinantes do Amazon Prime têm frete grátis, acesso aos serviços de streaming (Prime Vídeo), de música, além de revistas, jogos e alguns livros.
Lançado em setembro do ano passado no Brasil –o primeiro na América do Sul a ter o serviço–, o crescimento no número de adesões ao Prime no país foi o mais rápido entre os outros 18 países com o programa. Alex Szapiro, presidente da companhia no Brasil, porém, não abre o número de assinantes na região. No mundo, são 150 milhões de assinantes.
A inauguração dos novos centros de distribuição, segundo Szapiro, está alinhado à necessidade de atender essa base crescente de consumidores que usam o serviço e esperam que a entrega ocorra rapidamente.
Essa proximidade com o cliente é a obsessão da Amazon, diz Szapiro. Segundo ele, a estratégia da empresa para o Brasil tem abrangência nacional, e a abertura dos novos galpões dará capilaridade às entregas.
O centro de Brasília, por exemplo, garante fácil acesso aos estados da região norte e nordeste. A Amazon já tem um armazém em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco.
No mês em que o ecommerce se prepara para a Black Friday, o executivo da Amazon no Brasil diz que sua preocupação maior hoje é garantir entrega e estoque. "Me preocupo menos com crescimento e mais em ter orgulho de que a gente prometa e consiga entregar."
Ainda assim, ele afirma que a empresa registra um "crescimento extremo" mensalmente.
Os novos centros de distribuição somam 75 mil metros quadrados e todos são expansíveis, conforme a demanda.
A escolha da localização dos armazéns seguiu critérios comerciais, segundo Szapiro. Em comunicado divulgado pela Amazon, o governador Romeu Zema, de Minas, disse que o investimento da empresa é uma demonstração das condições favoráveis aos negócios no estado.
Ibaneis Rocha, do Distrito Federal, afirmou que a instalação do armazém vai "ao encontro do ambiente competitivo criado pelo nosso governo –com programas de incentivos fiscais, segurança jurídica e redução de burocracia."
O governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse, também no comunicado da Amazon, que a decisão da empresa revela o "sucesso da política de atração de investimentos".
Procurados, os governos dos três estados não responderam se houve a concessão de benefício fiscais para a atração dos centros de distribuição.
Falta privatizar os Correios para melhorar o serviço, diz presidente do Mercado Livre para América Latina
Executivo participou de live do InfoMoney e disse que dependência dos Correios está diminuindo a cada trimestre com investimentos em logística própria
InfoMoney
06/11/2020
A dependência do Mercado Livre (MELI34) aos Correios está cada vez menor e vai continuar assim, segundo o presidente de commerce para América Latina do grupo, Stelleo Tolda. A empresa argentina tem investido cada vez mais em logística própria, inclusive com uma frota de aviões recém anunciada.
"Hoje nossa dependência dos Correios é muito menor. A gente fechou o trimestre com uma penetração de 74% da nossa rede logística dentro do cupom total do Mercado Livre. Isso é entregue majoritariamente através de outras transportadoras privadas. O restante que não vai para a nossa rede, uma parte vai sim pelos Correios", disse.
"A grosso modo, se a gente olhar para trás, uns dois ou três anos, a gente chegou a ter 90% do nosso volume que ia via Correios, mas hoje está em torno de 20%, diminuindo a cada trimestre. Houve a greve dos Correios, uma greve longa. É lamentável sob qualquer ótica", completou o executivo.
"O Mercado Livre é o maior cliente dos Correios no que diz respeito a volume de encomendas ou no que os Correios faturam. A gente se viu, então, enfrentando demoras, um nível de serviço deplorável. (...) A gente gostaria sim de ver os Correios privatizados não simplesmente por privatizá-lo, mas para tornar os seus serviços mais eficientes."
Ele participou nesta quinta-feira (5) de uma live no InfoMoney da série Por Dentro dos Resultados, onde executivos de importantes empresas da Bolsa apresentam os principais destaques financeiros do terceiro trimestre, comentam os números e falam sobre perspectivas.
O grupo teve volume de vendas (GMV) de US$ 5,9 bilhões no terceiro trimestre de 2020, uma alta de 62,1% na comparação anual. O lucro líquido foi de US$ 15 milhões. Já a receita ficou em US$ 1,1 bilhão, um recorde trimestral — do total, 55% vieram das operações no Brasil.
Tulio Oliveira, vice-presidente do Mercado Pago no Brasil, também participou da live e comentou o desempenho do braço de fintech da empresa argentina no país. "Nossos clientes já estão processando pagamentos nos níveis pré-pandemia", disse. "O Mercado Pago vem crescendo em crédito, mesmo com o cenário de restrição causado pela pandemia, e estamos controlando a inadimplência."
Oliveira e Tolda falaram sobre como a reabertura das lojas físicas não prejudicou o e-commerce, o mercado de maquininhas, o novo sistema de pagamentos do BC — o Pix —, as parcerias e os investimentos previstos. Assista à live AQUI.
Venda dos Correios vira "menina dos olhos" de Bolsonaro, que busca marca igual teles
Gazeta do Povo
02/11/2020
O plano é que o projeto seja aprovado nas duas Casas do Congresso até o primeiro trimestre de 2021
A privatização dos Correios virou uma das principais agendas do governo Bolsonaro para o ano de 2021. O presidente e seu corpo técnico têm apostado que ela será um dos principais marcos do seu mandato, assim como foi a privatização da telefonia no governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). Também seria uma forma de diminuir as críticas sobre as dificuldades de o governo levar adiante sua promessa de redução do Estado brasileiro.
A expectativa é de que o projeto que abre caminho para privatização da estatal seja enviado ao Congresso em novembro. O texto já teve o aval dos ministérios da Comunicação e da Economia e falta apenas passar pelo crivo jurídico do Planalto. A análise está sendo feito pela Subchefia de Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência da República e pela Casa Civil.
Interlocutores do governo disseram à Gazeta do Povo que o plano é que o projeto seja aprovado nas duas Casas do Congresso até o primeiro trimestre de 2021, com a tramitação começando pela Câmara dos Deputados ainda neste ano.
O prazo será apertado: caso o Congresso não cancele o recesso de fim de ano, o Legislativo para no fim de dezembro e em teoria só volta a funcionar em fevereiro. Como será um ano de eleição da mesa diretora da Câmara e do Senado e de nova composição das comissões, o funcionamento só deve se dar de fato a partir de março.
Governo tem pressa para privatizar os Correios
A pressa do governo em aprovar o projeto se justifica pela meta de privatizar os Correios em 2021. O governo ainda precisará definir o modelo de venda da estatal, algo que já está sendo feito paralelamente ao envio do PL ao Congresso, mas que só pode ser finalizado após a aprovação do texto com os princípios norteadores.
Depois, ainda terá de realizar audiências públicas, road shows (encontros com potenciais compradores/investidores) e audiências com empregados e aposentados da estatal. Só aí é que será publicado o edital, que terá de ter anuência do Tribunal de Contas da União.
Ao fim de todas essas etapas é que o leilão poderá ser realizado. Essas etapas que dependem unicamente do Executivo, após o aval do Legislativo, tendem a demorar pelo menos seis meses, segundo integrantes do governo. O prazo não considera eventuais judicializações que possam interromper o processo.
Sobre a adesão do Congresso ao projeto, interlocutores com quem a Gazeta do Povo conversou se mostraram bastante confiantes. Eles afirmam que o fato de o ministro Fábio Faria estar diretamente envolvido no caso tem ajudado nas conversas com o Legislativo. Faria é deputado federal pelo PSD, um dos partidos do Centrão. Ele acabou ficando com o Ministério das Comunicações, que foi recriado pelo presidente neste ano e é responsável pelos Correios.
Antes, a estatal estava vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, chefiado pelo ministro Marcos Pontes. A mudança dos Correios para as Comunicações de Fábio Faria foi bem recebida pelo Ministério da Economia, pasta mais atuante em favor das privatizações. Faria é considerado dentro do governo como um líder político em ascensão, de fácil interlocução e com viés pró-mercado. Pontes, por sua vez, se opunha as privatizações.
Em relação ao modelo estudado para privatizar os Correios, a tendência é que se opte pela concessão dos serviços da estatal à iniciativa privada no modelo "filé com osso", conformou mostrou a Gazeta do Povo. Basicamente, a ideia seria dividir o país por regiões, oferecendo à iniciativa privada a concessão de municípios superavitários junto de deficitários. Seria uma forma rentável de garantir a universalidade dos serviços.
O modelo já é adotado nas novas concessões de saneamento e aeroportos. Marco igual à privatização das teles? A economista e advogada Elena Landau, uma das responsáveis pelo programa de privatizações do governo FHC, diz que a privatização do setor postal tem potencial para ser um marco para o país – assim como foi da telecomunicação – caso seja bem feita. Mas que só saberemos de fato quando o governo der publicidade ao processo, o que não vem ocorrendo.
"Para ter a qualidade da privatização da telecomunicação, tem que ter a qualidade do processo de privatização da Telebras. A privatização da Telebras foi boa porque foi muito bem preparada em todas as suas etapas: contratação clara de consultores, definição de modelo de negócio, preparação de leis e da regulação, bons juristas fazendo as leis, filosofia de competição", resumiu a economista em entrevista à Gazeta do Povo.
Mais importante do que cumprir um cronograma é a garantia da qualidade do processo, diz Landau. "É uma privatização muito complexa. Por isso mesmo, quanto mais transparência, melhor. Tem que estar muito claro que o objetivo é manter a universalização, porque é obrigação, está na Constituição. Tem que saber se eles vão colocar entrega de encomendas junto ou separado da privatização do setor postal. Tem que saber o que vai acontecer com o passivo da Postalis [fundo de pensão dos Correios] e da empresa. E o que você vai fazer com 100 mil funcionários. Essas questões são muito complexas e vão além da modelagem", afirma.
Ela também alerta para a necessidade de se construir uma boa legislação que possibilite a competição, além de alguma flexibilidade para incorporações de novas tecnologias ao longo do tempo. "Eles [governo] vão ter que aprender com as telecomunicações que a tecnologia é muito mais rápida que regulação. Alguma flexibilização para avanço tecnológico no sistema de comunicação eles vão ter de prever pra não ter que mudar a lei o tempo todo." Por Jéssica Sant'Ana, Gazeta do Povo
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O jornal Gazeta do Povo trouxe hoje matéria intitulada "Venda dos Correios vira "menina dos olhos" de Bolsonaro, que busca marca igual teles".
Comentaremos algumas informações e citações da matéria, apresentando a posição da ADCAP a respeito.
Pressa: A maneira atropelada com que vem sendo tratado o assunto, com projetos sendo apresentados antes de estudos técnicos, além da completa falta de motivação baseada no interesse público, indicam que tem-se nesse caso mais uma situação em que o governo federal tenta impor um encaminhamento que lhe é ideologicamente simpático, ignorando os procedimentos formais e adequados para lidar com o patrimônio público.
Marco regulatório similar ao das teles: Uma das especulações que têm sido comentadas refere-se à utilização de princípios similares aos usados por ocasião da privatização das teles brasileiras, com o país sendo dividido em regiões abrangendo mercados mais rentáveis e mercados menos rentáveis em cada região. No mundo postal, esse tipo de modelo nunca foi utilizado e não faz sentido cogitar-se de algo cuja complexidade operacional torne ainda mais difícil a regulação e o controle. Encomendas e cartas são muito diferentes de pulsos eletrônicos.
É importante lembrar, ainda, que, quando ocorreu a privatização das teles, o governo federal apresentou, como argumentos, o fato de haver muita demanda reprimida, com algo próximo a 70% do mercado sem cobertura, e preços elevados para as linhas de telefonia fixa. No caso do serviço postal, a situação é bem diferente: os Correios já estão presentes em todos os municípios e o preço da carta brasileira é um dos menores do mundo, apesar de o Brasil ser o 5º país em extensão territorial. As questões de universalização e de modicidade tarifária já estão, portanto, vencidas, não cabendo como argumentação.
Desserviço aos brasileiros: O governo federal faz um desserviço à sociedade quando utiliza recursos públicos para tentar privatizar os Correios, deixando, assim, de priorizar outros tantos temas que são efetivamente prementes, como os ligados à saúde, ao meio-ambiente, à educação e à segurança pública, e colocando em risco um serviço público prestado de forma adequada e sustentável à população.
Direção Nacional da ADCAP.
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