Correios estudam reduzir gastos de R$ 2 bi
Exame
29/07/2017
Com o risco de fechar as contas no vermelho
pelo quinto ano consecutivo, a diretoria dos Correios começou
a estudar alternativas para reduzir os benefícios dos funcionários.
Nos cálculos da empresa, seria possível
economizar R$ 2 bilhões por ano se os benefícios fossem limitados apenas ao que
exige a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Também está sendo avaliada uma
restrição no plano de saúde, em que os dependentes ficariam de fora. Os dados
constam em estudo feito pela direção da estatal, obtido pelo Estadão/Broadcast.
A reportagem apurou que a direção da estatal
elaborou um levantamento interno para avaliar a diferença entre o que é pago
atualmente aos 109 mil empregados – que são celetistas mas com estabilidade no
emprego – e as exigências da CLT usadas por empresas públicas e privadas. A
diferença entre o praticado no mercado de trabalho para grande parte da
população e o que é pago pelos Correios alcança aproximadamente R$ 800 milhões
anuais.
Além disso, a empresa economizaria mais R$
1,2 bilhão se deixasse de pagar assistência médica para pais e filhos dos
empregados, como é feito hoje. Com dependentes, o plano custa R$ 1,8 bilhão em
12 meses. Além dos funcionários da ativa, o plano contempla 27,7 mil
aposentados.
Na prática, o montante economizado, de R$ 2
bilhões, é superior ao déficit previsto pela empresa para 2017, de R$ 1,3
bilhão. A estatal, palco inaugural do mensalão há mais de dez anos, também
terminou no vermelho em 2015 e em 2016.
O estudo foi feito para embasar as
negociações do acordo coletivo de trabalho para os anos de 2017 e 2018, com
mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Isso não significa, porém, que
será utilizada pela direção como proposta oficial para os funcionários. Entre
os benefícios que a empresa pretende tesourar estão: gratificação de férias,
vale alimentação, vale refeição durante as férias, vale cesta extra e vale
cultura.
A maior economia seria na gratificação de
férias complementar. Hoje, os funcionários recebem 70% de gratificação de
férias – enquanto os trabalhadores da iniciativa privada recebem um terço. Isso
representa hoje um custo de R$ 303 milhões num ano. Caso a estatal seguisse o
adicional de férias tradicional, o valor dispensado seria de R$ 144 milhões, o
que representaria uma economia de R$ 159 milhões por ano.
O presidente dos Correio, Guilherme Campos,
disse que os benefícios foram acordados quando a empresa tinha monopólio de
mercado. “Com a queda do monopólio, fica impossível a estatal ter dois terços
de seu custo só com salários e benefícios”, disse. A Federação Nacional dos
Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares contesta o
argumento de que a empresa tenha prejuízo. Os trabalhadores acusam a direção de
“maquiar” o balanço e argumentam que os benefícios superiores ao definido pela
CLT funcionam como compensação pelos baixos salários.As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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