Reestruturação dos Correios prevê agências móveis e parceria com empresas de motoboys, diz presidente da estatal
G1/ECONOMIA
16/6/18
Segundo Carlos Fortner, objetivo é reduzir custos, ofertar novos serviços e fazer com que empresa se torne mais rentável. Reestruturação foi iniciada para melhorar contas dos Correios.
A reestruturação dos Correios, iniciada no ano passado, passará a prever a criação de "agências móveis" no lugar de agências físicas e parcerias com empresas de motoboys, afirmou em entrevista ao G1 o presidente da estatal, Carlos Fortner.
Diante dos resultados negativos nas contas da empresa, os Correios anunciaram em 2017 algumas medidas de reestruturação, entre as quais o Plano de Demissão Voluntária (PDV) e a cobrança da mensalidade do plano de saúde dos funcionários.
No ano passado, depois de quatro anos de prejuízo, os Correios registraram lucro. Ao todo, as receitas superaram as despesas em R$ 667 milhões.
Carlos Fortner se diz contra a privatização dos Correios e, por isso, a estatal deve começar a disponibilizar serviços já ofertados pelos concorrentes do setor de encomendas, como o "porta a porta", em que o carteiro busca a encomenda na casa do cliente e a entrega no local de destino.
"Existe uma ameaça, sim, de que, se ela [a empresa] dormir no ponto, ela encolhe", avalia Fortner.
Parceria
Diante disso, a estatal avalia uma parceria a exemplo da que fez com a empresa área Azul, mas, agora, com uma empresa de logística terrestre.
A parceria, segundo Forter, poderá permitir, por exemplo, que o serviço de entrega feito pelo carteiro motorizado passe para motoboys, reduzindo o custo do serviço.
"Tem empresas que fazem como o Uber, mas de motoboy. Buscam uma encomenda aqui e levam para o local de destino", afirmou. "Nessas empresas, o motoboy custa R$ 3 mil – em uma empresa de esquina, o motoboy custa R$ 1,2 mil. Já o carteiro motorizado dos Correios, com todos os custos trabalhistas, chega a US$ 3 mil. Custa três vezes mais do que um concorrente. É competitivo? Não é", disse.
Fortner afirma que, por meio de uma parceria, o carteiro poderá trabalhar em outra área da empresa, e o serviço de entrega motorizada ser feito por uma empresa parceira.
Agências móveis
Fortner disse que a meta dos Correios é aumentar de 12 mil para 15 mil o número de agências. Mas, segundo ele, parte das agências físicas deve ser transformada em agências móveis ou modulares.
O presidente da estatal afirma que para ser economicamente viável, uma agência precisa fazer, em média, 270 atendimentos diários, mas algumas registram número muito inferior. "Tem agência do interior que faz cinco atendimentos por dia", diz Fortner.
De acordo com o presidente dos Correios, um estudo interno apresenta algumas soluções, como a criação de agências móveis ou de agências que funcionem dentro de algum comércio local, em parceria.
"Essas cidades podem ter agências móveis. A agência vai lá, para na praça da cidade, atende e o próprio veículo leva para o centro de tratamento [de correspondências e encomendas]", afirmou.
Fortner citou como exemplo uma agência no distrito de Campo Alegre (AL). Segundo ele, a agência faz, em média, cinco atendimentos por dia.
"Ao lado tem um mercadinho local. Cabe ali você ter um balcão de atendimento em sinergia com o mercado? Cabe perfeitamente."
O plano em elaboração também poderá sugerir o fechamento de algumas agências próximas umas das outras. O presidente dos Correios, no entanto, diz não ter a previsão de quantas agências nesta situação poderiam ser fechadas.
"Até o fim do ano o projeto [da reestruturação] deve estar pronto, para começar a implementar no ano que vem", declarou.
Funcionários
Segundo Fortner, servidores que não forem mais necessários podem ser transferidos para outras áreas dos Correios ou até mesmo serem cedidos para outros órgãos.
Ele explicou que ainda não há nenhuma conversa oficial sobre o tema, mas afirma que o INSS tem déficit de 12 mil empregados, por exemplo.
Os Correios fizeram dois planos de demissão em 2018. Segundo Fortner, não há previsão de outro plano para este ano.
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