Em mais uma de
suas tentativas de encontrar razões para justificar a venda de estatais em
plena pandemia, o ministro Paulo Guedes acena agora com a possibilidade de usar
os recursos dessas privatizações para erradicar a pobreza. Pura balela!
Esse
fato aconteceu numa reunião na Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira,
4, durante audiência conjunta de quatro comissões da Casa: Educação; Finanças e
Tributação; Seguridade Social e Família; e Trabalho, Administração e Serviço
Público, quando o ministro da Economia Paulo Guedes afirmou que é possível
fazer um plano de erradicação da miséria vendendo as nossas estatais.
A
absurda proposta do ministro é algo como “me deixe vender a sua panela para os
banqueiros e depois você a aluga deles”, ou seja, você deixa de ter o que já
tem e passa a ter mais despesa com o novo aluguel que vai se obrigar a pagar,
porque o serviço será mais caro e você vai precisar dele, se não morre.
A
proposta do ministro empobrece e não erradica pobreza nenhuma. Apenas enche
ainda mais os bolsos dos que orbitam ao redor do ministro e de seus assessores,
que não são os pobres, mas sim os banqueiros, rentistas e especuladores,
personagens que costumam chamar inadequadamente de “mercado”, que é uma coisa
bem mais ampla que essa turma.
Uma
boa gestão de um país utilizaria os recursos disponíveis, estatais incluídas,
para gerar mais valor, mais riqueza, mais empregos, principalmente nesse
momento da história. Isso, porém, não cabe na visão de desmonte que orienta
esse governo que nega a todo momento a importância e necessidade do Estado.
Um
bom ministro não se prestaria a utilizar sistematicamente bordões que ele sabe
que são falaciosos, injustos, inapropriados ou fora de contexto, como o de que
os Correios precisam ser privatizados porque foi lá que começou o mensalão, ou
porque o Postalis teve um grande rombo ou foco de corrupção. Com essas
falácias, o ministro age para depreciar o próprio ativo que alega querer
vender, prejudicando diretamente a União. Consegue, assim, lesar duas vezes a
Pátria: quando tenta enganar o pobre para vender sua panela e quando
desvaloriza a própria panela para que o banqueiro a compre bem baratinho.
Uma
estatal existe para cumprir uma missão pública. E a importância e o cumprimento
dessa missão é que precisam ser avaliados quando se fala em desestatização,
além dos aspectos constitucionais envolvidos. Isso não é brincadeira, nem
conversa de botequim.
O
Brasil precisa de gente séria no comando da Nação. E essa seriedade passa pelo
respeito às instituições e à inteligência das pessoas.
ADCAP – Associação dos Profissionais dos Correios
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