Técnicos do governo federal, políticos alinhados e outros apoiadores têm recorrido a uma série de falácias para atacar a reputação dos Correios e, assim, tentar justificar a intenção de privatizar a estatal. No texto abaixo, mostramos alguns exemplos de como isso tem sido feito.
Resultados
Nos três últimos balanços, os Correios
registraram lucros. Somados, os lucros dos 3 anos chegam a RS 930 milhões. E,
em 2020, é esperado um lucro superior a RS 1 bilhão.
Apesar de saberem disso e de como são
significativos esses números, utilizam os prejuízos da Empresa no período de
2012 a 2016, para tentar apregoar que os Correios dão prejuízo.
Quando isso é feito por técnicos do
Ministério da Economia, o caso fica ainda mais grave, pois trata-se do órgão
que, com suas decisões, provocou diretamente os prejuízos imputados aos
Correios naqueles anos, com congelamento indevido de tarifas, retirada
excessiva de dividendos e omissão diante da implantação de uma norma contábil
controversa no país.
Corrupção
Para tentar argumentar que corrupção seria um
motivo para privatizar, recorrem a fatos de 2005, usando bordões que serviram à
época para manchetes sensacionalistas que se mostraram inapropriadas. Apesar de
ser de conhecimento geral que as apurações de corrupção feitas por ocasião do
chamado Mensalão demonstraram fartamente que os focos de corrupção estavam em
outras grandes estatais e empresas privadas, técnicos do governo e políticos
alinhados tentam usar esse argumento falacioso para se referir aos Correios.
Apostam na falta de memória da população e na força da repetição para tentar
transformar em verdade uma mentira descarada.
Qualidade
Os Correios têm a confiança da população.
Estão entre as 3 instituições públicas em que os brasileiros mais confiam, pela
consistência do serviço da Empresa ao longo do tempo.
Para tentar atacar a reputação da Empresa, os
achacadores utilizam dados sem contextualização de entidade privada de captura
de reclamações de clientes, ignorando propositalmente o volume de operações que
os Correios realizam e até mesmo outras fontes de informações, como o próprio
PROCON.
Além disso, usam o fato de que os grandes
marketplaces estão montando operações próprias de entrega para tentar
argumentar que isso se deve à qualidade do serviço postal, quando, na verdade,
trata-se de algo que está acontecendo no mundo todo, inclusive nos EUA, onde a
participação de empresas privadas no mercado de encomendas é mais forte que no
Brasil.
Postalis
Eventuais problemas em fundos de pensão nada
têm a ver com a decisão de privatizar ou não uma estatal. Mas, na falta de
argumentação apropriada, usam o déficit dos fundos do Postalis para tentar
construir a lógica de que seria mais uma motivação para a privatização.
Na verdade, porém, o Ministério da Economia
tem em sua estrutura a PREVIC, a agência reguladora que deveria cuidar dos
fundos de previdência privados brasileiros. Se tivesse feito seu trabalho
adequadamente, poderia ter evitado a situação que ocorreu não só nos Postalis,
mas também na maioria dos grandes fundos de pensão brasileiros, que se viram
com déficits bilionários, muitos além do que se registrou no Postalis.
Além disso, em vez de tentar fazer esse uso
falacioso, o governo federal deveria colocar a AGU e o Ministério da Economia
em campo para, em conjunto com o Ministério Público Federal, cobrar a devolução
dos recursos desviados, inclusive de um grande banco internacional que continua
operando normalmente no Brasil, apesar dos prejuízos que imputou a centenas de
milhares de participantes dos fundos de pensão brasileiros, especialmente do
Postalis.
Investimentos
Os Correios possuem uma infraestrutura já
montada e em pleno uso, a qual é formada, inclusive, por uma frota de veículos
bem nova.
Além disso, a Empresa tem diversos mecanismos
que podem gerar caixa, como, por exemplo, uma justa recomposição tarifária, uma
nova seleção de parceiro do Banco Postal e a colocação em prática das parcerias
possibilitadas pela lei nº 12.490/11, sem contar o próprio lucro bilionário que
a organização gera e seu baixo endividamento.
Tudo isso, porém, é ignorado para dar margem
ao discurso de que a Empresa não tem capacidade de investir o que será
necessário para os próximos anos e, por isso, precisaria ser privatizada.
Pura falácia.
Perspectivas do Negócio
A mais grave e menos percebida falácia,
porém, está nas perspectivas que apontam para os negócios da Empresa, tentando
montar um cenário de declínio, de redução de negócios, quando a realidade está
apontando claramente em sentido contrário, graças ao crescimento explosivo do
comércio eletrônico, que tem compensado, com sobra, o discreto e contínuo
declínio na curva da demanda de cartas.
Ao lançar mão dessa falácia, os soldados do
governo depreciam indevidamente o ativo que pretendem vender, atuando
frontalmente contra os interesses nacionais.
Na realidade, o que poderia ensejar a análise
de uma desestatização seria o esgotamento da missão pública confiada à estatal
ou ainda grave descumprimento dessa missão. No caso dos Correios, nenhuma
dessas situações ocorre e o governo, por razões meramente ideológicas, tenta
construir uma narrativa que se mostra vergonhosamente falaciosa.
A ADCAP - Associação dos Profissionais dos
Correios tem apontado sistematicamente esse método falacioso que o governo
federal e seus apoiadores vêm usando para tentar justificar uma decisão que não
tem sustentação técnica, econômica, estratégica e nem mesmo constitucional e
está à disposição da sociedade e da imprensa para aprofundar o assunto no que
for necessário.
Direção Nacional da ADCAP.
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