Correios: a pior das estatais brasileiras
Instituto Liberal
03/09/2018
03/09/2018
A União possui 151 estatais. Ao todo, elas
tiveram receitas de R$ 89 bilhões e despesas de R$ 122 bilhões nos últimos 5
anos; isto é: um prejuízo da ordem de 33 bilhões de reais. A despeito da forte
concorrência, os Correios se destacam como a pior
entre todas elas. Isso mesmo diante do fato […]A União possui 151 estatais. Ao
todo, elas tiveram receitas de R$ 89 bilhões e despesas de R$ 122 bilhões nos
últimos 5 anos; isto é: um prejuízo da ordem de 33 bilhões de reais.
A despeito da forte concorrência, os Correios
se destacam como a pior entre todas elas. Isso mesmo diante do fato de que
parte do portfólio de serviços prestados pela estatal detém monopólio legal.
Como é inerente às estatais, resta ausente um sistema de incentivos adequado,
que estimule a produtividade.
Os Correios são uma empresa completamente
inchada. A influência política é tão alta que atualmente todos os 25 cargos de
direção da empresa são ocupadas por indicados políticos: 1 presidente, 8 vices
e 16 assessores, tendo cerca de 700 cargos reservados apenas para
sindicalistas. Todas as 8 vice-presidências dos Correios são ocupadas por
apadrinhados do PDT, PSD, PTB e PMDB. É a mais politizada de todas as estatais.
O próprio presidente Guilherme Campos, ex-Deputado Federal pelo DEM, integra essa
politização: ele foi presidente do PSD, mesmo partido de Gilberto Kassab, que,
como ministro das Comunicações, nomeou-o como presidente dos Correios.
Questionado, ele admitiu que, para retirada de tamanha politização da empresa,
apenas com a sua privatização.
Vale lembrar os diversos escândalos de
corrupção em que a empresa envolveu-se. O próprio Mensalão foi descoberto em
decorrência da estatal, a partir de um vídeo que mostrava um ex-funcionário do
Correios negociando propina com um empresário e mencionando o aval do então
Deputado Federal Roberto Jefferson. A partir daí foi criada uma Comissão
Parlamentar de Inquérito para apurar as denúncias iniciais, e o país veio
abaixo com o esquema de compra de apoio parlamentar por parte do Partido dos
Trabalhadores.Mais recentemente, houve o escândalo do Fundo de Pensões dos
Correios, o Postalis, que registrou R$ 7 bilhões em prejuízos. Boa parte disso
foi por causa de investimentos fraudulentos, negligentes e em desacordo com a
própria política interna de investimentos do fundo.
Não para por aí: além das frequentes greves
com pedidos de reajustes salariais, os atrasos e perdas de itens são
rotineiros. Tudo isso custa muito não apenas à União, mas aos consumidores,
sendo que boa parte deles são empresas que dependem da companhia para entregar
e/ou receber seus produtos.
Não à toa que entre 2012 e 2017 foram
registrados R$ 4,4 bilhões em prejuízo na estatal. Entre 2000 e 2017, os
Correios apenas conseguiram fechar as contas anuais com lucro em apenas 5
oportunidades. Diante do dramático quadro da empresa, diversas medidas estão
sendo tomadas pela presidência da companhia.
Houve o fechamento de mais de 500 agências
pelo país, entre as mais de 6 mil existentes. Houve ainda a demissão de 5 mil
funcionários, entre os mais de 100 mil empregados pela empresa. Vale salientar
que o Correios trata-se da maior empregadora do país.Além disso, recentemente
houve um polêmico aumento do preço do frete para o comércio online. À época, o
Mercado Livre conseguiu uma liminar impedindo o reajuste, mas ela acabou sendo
derrubada, e os valores das entregas das encomendas restaram mais caros.
Outra mudança na política da estatal para com
seus consumidores – que, na prática, sem liberdade de escolha são algemados aos
Correios – foi na política de indenização. Eles reduziram drasticamente o preço
pago pelas falhas da empresa, dificultando mais ainda a vida de lojistas
dependentes da empresa para entregar suas encomendas.
E, para ajudar a cobrir o caixa da empresa,
foi criada uma nova taxa para as encomendas internacionais em R$ 15. Esse valor
se dá independentemente de peso, tamanho ou quaisquer outras características do
pedido, sendo cobrado de todos os produtos. Estima-se que com a medida a
estatal fature mais R$ 90 milhões mensais, já que diariamente recebe entre 100
e 300 mil encomendas internacionais por dia. Isto é, mais de 1 bilhão de reais
por ano. Diante da nova taxa, o PROCON do Rio de Janeiro abriu um inquérito
para investigar um possível abuso por parte da empresa pública.Não há quaisquer
justificativas para tamanha arbitrariedade, exceto pelo fato de que os Correios
podem aplicar esta medida. E elas continuarão acontecendo porque boa parte dos
brasileiros se recusa a apoiar a privatização dos Correios e a completa
liberalização desse mercado.
Uma solução seria a quebra do monopólio e a
privatização da empresa. A União Postal Universal, por exemplo, é composta por
192 países. Destes, 56 já quebraram o monopólio. Há 18 países que possuem uma
estatal de capital misto ou mercado totalmente privado. Um dos principais
argumentos contrários à medida é que o mercado privado “não vai querer atuar em
áreas afastadas e pouco rentáveis”. No entanto, o próprio mercado já trouxe
solução para esse problema: países europeus criaram um fundo que compensa as
perdas nessas regiões. Outra saída seria uma abertura gradual no mercado,
atraindo competição aos poucos. De toda sorte, manter o status quo é persistir
no erro.
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