Startup para substituir Correios capta R$ 1,2 milhão pela internet
Exame
4 out 2018
4 out 2018
Os consumidores brasileiros, ironicamente,
estão cada vez mais procurando o deslocamento físico próprio para receber uma
encomenda digital – basta ver pedidos sendo retirados em lojas como as da rede
Magazine Luiza. A startup Pegaki pretende aprofundar o movimento e alguns
investidores compraram sua ideia de credenciar estabelecimentos como pontos de
retirada de pedidos online. Mais especificamente, 98 futuros sócios.
A startup de logística para e-commerces
acabou de receber 1,2 milhão de reais por meio do equity crowdfunding, um
investimento 100% digital em negócios inovadores em troca de participação. O
negócio anunciou sua proposta por meio da plataforma Eqseed e trocou 22,5% de
equity pelos aportes de 98 investidores, a um ticket médio de 12 mil reais.
A plataforma já mediou 12,5 milhões de reais
em investimentos desde o início da operação, no final de 2015, e possui 700
investidores ativos. Até o final do ano, a Eqseed espera atingir a marca de 18
milhões de reais aportados. Vale lembrar que o investimento por equity
crowdfunding não se reflete em ações preferenciais – quem aporta não pode
assumir decisões da empresa, mesmo com muita participação.
Não é a primeira vez que a Pegaki aposta no
equity crowdfunding. No final de 2017, a startup já havia captado 360 mil reais
de 33 investidores, em troca de 12% de participação no negócio. “Tivemos
experiências bem positivas de agilidade e desburocratização – o contrário de
quando fomos procurar um investimento-anjo. A Eqseed cuidou da parte de
documentação”, explica o cofundador João Cristofolini.
Ainda mais anteriormente, a Pegaki recebeu
100 mil reais enquanto estava na aceleradora Cotidiano, de Brasília. O total de
investimentos captados, portanto, já passa de 1,6 milhão de reais.
Como funciona?
Os empreendedores João Cristofolini, Ismael Costa e Daniel Frantz fundaram a Pegaki no final de 2016. Com sede em Bluemenau, o negócio surgiu inicialmente com a necessidade de atender à demanda de Frantz, que tinha um e-commerce e muitos problemas para lidar com insucesso de entregas e a logística reversa de devoluções.
De acordo com Cristofolini, esse é o
obstáculo de muitos. Cerca de 20 milhões de pedidos online por ano teriam
insucesso em suas entregas – pelos destinos estarem em área de risco ou os
solicitantes não estarem em casa no momento, por exemplo. A logística reversa –
entregar um produto de volta à loja – é outro grande problema, com dependência
total em uma única empresa: a estatal Correios. “Somos uma espécie de
Correios privados, com melhor experiência. Temos pontos de retirada que operam
24h, por exemplo.”
20 grandes e-commerces – como Dafiti e Wine –
contratam a Pegaki para direcionar entregas a um de seus 500 pontos de retirada
nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Blumenau, Salvador,
Brasília, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá e Curitiba. Esses pontos são
estabelecimentos comuns, que não precisam investir em infraestrutura para as
entregas, como armários. O consumidor vê qual o estabelecimento listado mais
próximo de sua residência e pede para retirar o produto lá. Um exemplo de ponto
de retirada é a rede de supermercados Carrefour.
No modelo de negócios da Pegaki, varejistas
reduzem complicações logísticas em troca de 1,50 a 2,50 reais por encomenda.
Enquanto isso, o ponto de retirada ganha maior tráfego de pessoas. Por fim, o
usuário final não precisa esperar diversos dias para ter seu produto em mãos e,
dependendo do e-commerce, também não precisa pagar frete.
Esse é um mercado que começou a engatinhar no
Brasil, com redes como o Magazine Luiza inaugurando pontos de retirada do e-commerce
em suas próprias lojas. Por aqui, 20% das empresas que contam com loja virtual
e física já oferecem esse modelo.
O modelo mais avançado, de ter diversos
pontos de retirada não associados ao e-commerce, é praticado lá fora pela
gigante Amazon e pela francesa Kiala, a maior inspiração da Pegaki. Segundo a
startup, China, EUA e Europa somaram cerca de 40 mil pick-up points e uma média
de 300 mil pacotes por dia no ano de 2017, o que significou 40% das compras
online.
Números e próximos passos
O atual aporte, de 1,2 milhão de reais, deverá ser usado nos próximos 18 meses. O objetivo é dobrar a equipe, de dez para 20 funcionários, com foco nas áreas de comercial, marketing e tecnologia.
Outra meta é escalar a solução: os 500 pontos
de retirada devem dobrar e o número de entregas deve ir de 20 mil para 60 mil
até o final de 2019. Quando a data chegar, a Pegaki considera uma nova rodada
de investimento, desta vez com fundos. Com base nos movimentos das gigantes do
e-commerce, a retirada física dos produtos digitais é um mercado que ainda pode
ser muito explorado.
Boa tarde!
ResponderExcluirQuando vocês irão abrir capital na bolsa?