Adcap Net 11/02/2020 - Por que privatização dos Correios promete ser a mais difícil do governo Bolsonaro - Veja mais!
Por que privatização dos Correios promete ser a mais difícil do governo Bolsonaro
G1
10/02/2020
10/02/2020
Como em qualquer processo de
desestatização, discussão é polêmica; para alguns analistas, particularidades
da estatal tornam sua venda mais complexa do que a de companhias como Embraer e
CSN, privatizadas nos anos 90.
No começo de 2020, o presidente
Jair Bolsonaro afirmou que, se pudesse, "privatizaria hoje" os
Correios.
Emendou, porém, que "há
dificuldades" para a venda da estatal e que o processo não poderia
prejudicar os servidores, que hoje somam 105 mil.
Fundada em 1969, durante a
ditadura militar, a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) foi uma das 9
incluídas em agosto do ano passado no pacote de privatizações do governo.
Desde então, se encontra na
primeira fase do processo, em estudo pela equipe do Programa de Parcerias de
Investimentos (PPI) e do Ministério da Economia.
Em Davos, no mês de janeiro, o
ministro Paulo Guedes afirmou a investidores que a intenção é privatizar a
empresa no máximo até 2021. Também no Fórum Econômico Mundial, reuniu-se com o
presidente da multinacional americana UPS, que supostamente estaria interessada
na estatal brasileira.
Ainda não há, contudo, um projeto
concreto ou um indicativo do modelo de privatização que o governo planeja
adotar com os Correios.
Como em qualquer privatização, a
discussão sobre a venda da empresa é polêmica e divide economistas. Aqueles
contra e a favor, porém, concordam em um ponto: ela é provavelmente a mais
difícil da lista.
As razões vão desde o longo
trâmite no Legislativo, já que exige uma mudança na Constituição, a questões
práticas, como a estratégia para garantir que as regiões menos rentáveis para o
setor privado, de mais difícil acesso, continuem sendo atendidas.
A seguir, a BBC News Brasil
explica 4 desses motivos e mergulha nas contas da empresa para entender como
anda a saúde financeira da estatal.
Antes da venda, a quebra do
monopólio
Os Correios têm o monopólio de parte do mercado — como o de cartas e impressos — assegurado pela Constituição.
Qualquer processo de
desestatização da companhia teria que passar primeiramente pela quebra desse
monopólio, que precisa ser aprovado pelo Congresso.
E as experiências mais recentes
mostram que não é fácil reunir maioria no Legislativo: lançada ainda no governo
Temer, em janeiro de 2018, a proposta de privatização da Eletrobras não
conseguiu passar das primeiras fases de tramitação na Câmara.
Em novembro de 2019, o governo
Bolsonaro enviou novo Projeto de Lei para tentar viabilizar a desestatização da
empresa, com texto semelhante ao anterior. O presidente do Senado, Davi
Alcolumbre (DEM-AP), já adiantou que a resistência é grande na Casa.
Além do Brasil, países como os
Estados Unidos ainda mantêm o monopólio dos Correios, que tem entre suas
origens uma questão de segurança em um período em que a maior parte das
comunicações de longa distância era realizada por meio de cartas.
Parte do mercado americano já foi
liberalizada, mas a prerrogativa de entrega das chamadas "first class
mail" e o acesso às caixas de correios dos americanos são exclusivos da
empresa — companhias privadas como Amazon e Fedex têm de deixar seus pacotes em
outro lugar.
A possibilidade de privatização
chegou a ser discutida em diversas ocasiões, inclusive no governo Trump, e é
defendida por parte dos economistas, mas não há qualquer sinalização concreta
nesse sentido — apesar dos prejuízos consecutivos que a empresa registra há 13
anos, desde 2007.
Com 496 mil funcionários — quase
5 vezes o total dos Correios no Brasil —, o United States Postal Service (USPS)
está entre os maiores empregadores dos Estados Unidos e goza de prestígio entre
os americanos.
Em uma pesquisa divulgada em
outubro de 2019 pelo Pew Research Center, o Serviço Postal teve a maior nota no
ranking que media a percepção da população em relação às agências federais, à
frente inclusive da Nasa e do FBI.
O problema das dívidas
Os Correios têm um passivo acumulado de R$ 6,8 bilhões com o plano de Previdência dos servidores, o Postalis, e o CorreiosSaúde, o plano de saúde dos funcionários.
Para a economista Elena Landau,
que coordenou parte das privatizações feitas durante o governo Fernando
Henrique Cardoso, o governo precisará de uma estratégia bem definida sobre o
que fará com essas (e outras) obrigações se quiser atrair boas ofertas para uma
eventual privatização.
Ela lembra o caso da Rede
Ferroviária Federal, a RFFSA, em que o Tesouro assumiu a dívida de cerca de R$
13,6 bilhões da empresa e um passivo judicial estimado em quase R$ 7 bilhões
para viabilizar a venda.
No caso dos Correios, as cifras
em si não são a única questão.
O Postalis tem sido alvo de
denúncias de corrupção há anos. Desde 2015, foi objeto de pelo menos quatro
operações da Polícia Federal: Positus, Greenfield, Pausare e Rizoma.
Todas, de maneira geral, apuram
fraudes na gestão dos recursos, com desvio de verbas para favorecer dirigentes,
instituições financeiras, empresas de avaliação de risco, gestores e
empresários, o que, em última instância, causou prejuízos milionários ao fundo.
As denúncias levaram a
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), uma autarquia
vinculada ao Ministério da Economia, a intervir entre 2017 e 2019 no Postalis.
A indicação para a direção do
fundo é tradicionalmente feita pela diretoria dos Correios. Nesse período,
entretanto, ele passou a ser administrado por um interventor, que permaneceu na
posição, entre outras razões, para ajudar a elaborar um plano de recuperação
das contas.
Ainda que a intervenção tenha se
encerrado no último mês de dezembro, o mais recente parecer de auditoria
independente realizado nas demonstrações contábeis dos Correios, as relativas
ao terceiro trimestre de 2019, destaca que "os desfechos dessas
investigações e eventuais efeitos às demonstrações financeiras ainda não são
totalmente conhecidos".
Ou seja, o fundo continua sendo
um risco para as finanças da empresa.
Um das razões apontadas é o fato
de que as cobranças extraordinárias que estão sendo feitas à parte dos 100 mil
beneficiários para cobrir o déficit decorrente da má gestão são questionadas na
Justiça.
Se a empresa eventualmente
perdesse a causa, teria que desembolsar mais para garantir os pagamentos.
Além da questão dos benefícios
previdenciários, o parecer destaca que a empresa responde a um "volume
relevante" de ações de natureza cível, fiscal, trabalhista e criminal que
não estão "adequadamente divulgados nas demonstrações financeiras" —
e que, em última instância, também podem representar um passivo relevante.
Garantir o serviço em todo o
território nacional
Uma particularidade de uma eventual privatização dos Correios é a necessidade de garantir que todas as regiões do país permaneçam assistidas, especialmente as que estão mais distantes dos grandes centros.
"Que companhia privada, que
visa maximizar seus lucros, terá interesse em manter postos de coleta em
localidades do Brasil profundo? Quem vai arcar com este custo?", pondera o
economista Caetano Penna, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ).
Hoje, em alguns locais do país, os
Correios são a única empresa que realiza entregas de mercadorias, apesar de não
haver monopólio nesse setor — e o faz com tarifas menores e mais homogêneas,
diz o professor do Insper Sergio Lazzarini.
Essa foi a constatação de um
estudo feito por um de seus alunos no curso de economia sobre e-commerce em
favelas.
A privatização, avalia Lazzarini,
tenderia a tornar os preços mais alinhados aos de mercado.
"Aí o governo deve se
preparar para lidar com reclamações de segmentos da população em áreas mais complicadas
(em termos de acesso) e/ou de empreendedores que se beneficiam das tarifas mais
baixas dos Correios."
Para o economista, não seria
preciso necessariamente uma estatal para cumprir uma função que pode ser vista
como "social" e pela qual o setor privado não se interessa.
O governo poderia, por exemplo,
estabelecer subvenções aprovadas em Orçamento para incentivar empresas privadas
a entregar em áreas mais difíceis ou remotas.
"Só que esse tipo de
política requer um complexo aparato regulatório, o que demanda tempo e
recursos", pondera Lazzarini.
O Coordenador de Economia
Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Armando Castelar,
também avalia que o subsídio direto é preferível a manter uma estatal
deficitária.
E lembra, ainda, que nas
privatizações das estatais de telecomunicação havia regras específicas de
universalização do serviço, para garantir que as empresas atenderiam todo o
país — o que poderia ser um outro caminho.
O economista reconhece,
entretanto, que a privatização dos Correios é complexa.
"Mais até do que Embraer e
CSN (Companhia Siderúrgica Nacional)", ele diz, referindo-se a estatais
antes consideradas "imprivatizáveis" — e que foram vendidas na década
de 1990.
No caso dos Correios,
entretanto, a dificuldade seria mais operacional, pelas razões citadas acima —
no caso de Embraer e CSN, o principal "problema" era convencer a
opinião pública, bastante refratária às privatizações de forma geral.
Para Castelar, no momento atual,
a desestatização tem aceitação popular "muito maior".
Tema divide o próprio governo
Outra questão relevante é a aparente falta de consenso dentro do governo sobre a privatização da estatal.
Outra questão relevante é a aparente falta de consenso dentro do governo sobre a privatização da estatal.
Em agosto do ano passado, em uma audiência
pública na Câmara, o ministro da Ciência, Tecnologia, Comunicações e Inovação
(MCTIC), Marcos Pontes, afirmou que não havia "nenhum processo de
desestatização" da empresa.
Cerca de meia hora depois, o
presidente Jair Bolsonaro disse em evento em São Paulo que o governo
privatizaria os Correios.
Dois meses antes, em junho,
Bolsonaro demitira o então presidente da estatal, general Juarez Aparecido de
Paula Cunha, por ter, em sua visão, se comportado "como sindicalista"
quando disse, também em uma audiência pública na Câmara, que a empresa não
seria privatizada.
Na avaliação da economista Elena
Landau, o próprio presidente se comunica de forma "dúbia" sobre o
assunto.
Fala que a privatização dos
Correios é prioridade, para posteriormente declarar que há
"dificuldades".
Para ela, o fato de não haver um
"ministro responsável" pelo tema — na Casa Civil ou nas Relações
Institucionais, por exemplo —, encarregado de negociar de forma mais próxima
com o Congresso, é um indicativo de que falta senso de urgência no governo.
"Eles tentam fingir que o
governo é privatizante."
Os Correios dão prejuízo?
A estatal tem um prejuízo acumulado de cerca de R$ 2,7 bilhões, como mostram as mais recentes demonstrações contábeis da empresa.
As contas ficaram no vermelho por
quatro anos consecutivos entre 2013 e 2016, chegaram a se recuperar nos dois
anos seguintes, mas voltaram a piorar no ano passado.
Entre janeiro e setembro, último
dado disponível, o resultado foi negativo em R$ 232 milhões.
Para o cientista social Tadeu Gomes
Teixeira, que já trabalhou nos Correios e estudou a empresa em seu doutorado, a
estatal faz uma boa gestão das unidades operacionais — a logística para a
entrega de cartas e encomendas —, mas peca na governança.
Nesse sentido, pesa um fator que
é muito comum às estatais, mas que, em sua avaliação, se intensificou nos
Correios a partir dos anos 2000: as nomeações políticas.
Durante o governo petista,
sindicalistas ligados ao partido passaram a ocupar cargos de gerência e,
principalmente a partir de 2011, membros da sigla assumiram o alto escalão da
companhia. O chamado "escândalo dos Correios", em 2005, foi um dos
episódios que desencadeou o mensalão.
A crise operacional que a empresa
vive — que se manifesta, em última instância, em atrasos nas entregas, por
exemplo — é resultado de uma crise política, ele avalia.
Lazzarini, do Insper, pondera que
é "sempre possível reorganizar as estatais para que elas se alinhem às
práticas operacionais e de governança das empresas privadas".
"Mas a tentação dos governos,
em geral, é aquiescer à pressão dos funcionários e políticos que usam essas
estatais como cabides de emprego", completa.
Para Teixeira, um "primeiro
caminho" para os Correios seria a abertura do capital da empresa.
A estreia na bolsa de valores,
diz o professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), permitiria um
escrutínio maior das contas da empresa e incentivaria a adoção de práticas de
governança mais condizentes com as de mercado.
A experiência internacional,
segundo ele, mostra que há várias formas bem-sucedidas de privatizar. A grande
maioria delas, entretanto, leva tempo.
Na Alemanha, por exemplo, o
processo durou mais de 15 anos, como relata o sociólogo em sua tese. Em 1989, o
Deutsche Bundespost, então público, foi divido em três empresas diferentes — de
serviços postais, financeiros e de telecomunicações, transformadas, durante a
década de 90, em sociedades de economia mista, inicialmente controladas pelo
Estado.
O mercado foi sendo gradualmente
aberto a partir de 1998 até que, em 2005, investidores privados tornaram-se
sócios majoritários do Deutsche Post World Net, hoje a DHL.
Para Teixeira, "a
possibilidade de extinção dos Correios, considerada por Bolsonaro, mostra
desconhecimento sobre o setor", diz ele, referindo-se a uma declaração do
presidente dada em janeiro deste ano sobre a possibilidade de
"liquidação" da companhia.
Há ainda casos em que as
privatizações, anos depois realizadas, despertam críticas de parte da
sociedade, seja por causa de aumento de preços ou de piora na prestação de
serviços — Portugal e Reino Unido, por exemplo, que venderam suas respectivas
estatais em 2013, hoje discutem a possibilidade de renacionalização.
Daniel Cunha, diretor de
desestatização do Ministério da Economia, diz que "nenhuma
possibilidade" foi descartada: seja abertura de capital ou venda parcial
ou total da companhia — cada modelo será estudado, diz o economista, assim como
as "melhores práticas" internacionais.
Em entrevista à BBC News Brasil,
ele afirmou que o processo ainda está em fase "bastante preliminar".
Por ora, um comitê interministerial, formado, além da pasta da Economia, pela
Ciência e Tecnologia, pelo PPI e pelo BNDES, realiza os primeiros estudos.
Ainda não há, por exemplo, um
diagnóstico sobre a situação atual da empresa — o que deve acontecer na
sequência, com a contratação de uma consultoria para fazer a análise.
Apesar de o projeto ainda ser
embrionário, o diretor diz acreditar ser possível cumprir a meta estipulada
pelo ministro Paulo Guedes, de privatização até o fim de 2021. "Ou começo
de 2022."
Correios abrem hoje inscrição para concurso internacional de cartas
Podem participar alunos de até 15 anos das redes pública e
privada
Agência Brasil
10/02/2020
10/02/2020
Começam hoje (10) nos Correios as
inscrições para o Concurso Internacional de Redação de Cartas. A competição
tem como objetivo estimular jovens e crianças a expressar sua criatividade
e a melhorar seus conhecimentos linguísticos por meio da redação. A
iniciativa, desenvolvida em parceria com escolas e estudantes de todo o país,
recebeu mais de 6 mil inscrições no ano passado.
Neste ano, o tema da redação é
“Escreva uma mensagem para um adulto sobre o mundo em que vivemos” e
podem participar alunos de até 15 anos das redes públicas e privadas. A
redação deve ser escrita de próprio punho, com caneta esferográfica preta
ou azul.
As inscrições podem ser feitas
até o dia 20 de março.
Premiação
Segundo os Correios, o primeiro
colocado de cada estado, e sua respectiva escola, receberão prêmios em dinheiro
e participarão da fase nacional.
Na segunda fase, serão premiados
os três melhores colocados.
Além de troféu, os vencedores
receberão certificado e prêmios de até R$ 10 mil. O primeiro lugar
nacional representará o Brasil na etapa internacional.
O regulamento completo do
Concurso Internacional de Redação de Cartas e o formulário de inscrição
estão disponíveis no site dos Correios.
A competição é promovida
anualmente pela União Postal Universal, sediada em Berna, na Suíça, com
o objetivo de melhorar a alfabetização por meio da arte.
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“...
diante do quadro de significativa recuperação dos indicadores de qualidade dos
serviços prestados pelos Correios, entende-se que as ações adotadas pela
empresa nos últimos anos com o objetivo de alavancar a qualidade dos serviços
postais devem ser vistas como boas práticas, não sendo necessária qualquer
recomendação a respeito no momento.” Privatizar não tem explicação. Manter os
Correios tem. TCU / 2019 - TC 043.382/2018-5. Digite no seu navegador: http://bit.ly/pesquisaTCU
Direção
Nacional da ADCAP.
O incrível que nesse post consta que já estão pensando em contratar mais uma consultoria???? Exatamente o que leva a empresa para o buraco. Existe um time de profissionais que poderiam levantar essa empresa há curto prazo basta tirar os políticos e os que somente ocupam posições estratégicas mas não tem noção nenhuma de gerenciamento de custos operacionais
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