General que preside Correios obtém liminar e mantém militares nos cargos
Dos 8
assessores especiais que deveriam sair até início de março, 5 são militares;
salários são de R$20 mil
Veja
8 fev 2020
8 fev 2020
O presidente dos Correios,
general Floriano Peixoto, obteve liminar ontem da Justiça Trabalhista que o
garante manter nos cargos 8 assessores especiais da estatal, todos com salários
de R$ 20 mil
Desse total, 5 são militares, todos nomeados
pelo general.
O comando dos Correios tinha até 5 de março
para demitir todos assessores. Essas demissões deveriam ocorrer porque, em
2018, provocado por associação de servidores, o Ministério Público do Trabalho
(MPT) fez um Termo de Conciliação Judicial com a empresa para, primeiro, ir
diminuindo esses cargos ao longo dos anos e, agora, em 5 de março de 2020,
acabar de vez.
O argumento é que, por ser uma empresa
estatal, e não da administração direta, não aceita esse tipo de cargo e,
principalmente, ingresso sem concurso. Em dezembro, o general Floriano, atual
presidente dos Correios, entrou com uma ação rescisória para rever isso, e
requereu uma liminar para manter os apaniguados nos cargos, mas o TRT rejeitou.
Agora, os amigos do general vão ficando.
Os servidores dos Correios reagiram.
“Ao mesmo tempo em que o ministro Paulo
Guedes desqualifica os servidores públicos, que entram em seus postos a partir
de concurso público, o general Floriano Peixoto cuida de assegurar a boquinha
de seus oito assessores especiais, contratados diretamente por salários de R$
20 mil.
Os cargos de assessores especiais em estatais
foram considerados inconstitucionais, porque os empregados dessas empresas
deveriam ser admitidos exclusivamente por concurso público, como prevê a
Constituição”, diz nota da Adcap, uma das entidades dos
funcionários da empresa.
Por vias tortas, para garantir assessores, general Floriano mostra a Guedes a importância do concurso público
O general
Floriano Peixoto, presidente dos Correios, consegue liminar na Justiça Trabalhista para garantir nos cargos
nove assessores especiais, todos militares, todos com salários de R$ 20 mil.
GGN
08/02/2020
08/02/2020
Numa ponta, o Ministro da Economia Paulo
Guedes investe contra a estabilidade do funcionário público. Há muito a se
aprimorar, mas a estabilidade está na base da construção do Estado nacional,
separando Estado de governos.
Na outra ponta, o general Floriano Peixoto,
presidente dos Correios, consegue liminar na Justiça Trabalhista para garantir
nos cargos nove assessores especiais, todos militares, todos com salários de R$
20 mil.
Dá para entender a razão da importância da
estabilidade e do concurso público?
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Posição da ADCAP a respeito da questão dos
assessores especiais
A ação civil pública
movida pelo MPT contra os Correios, por conta da contratação irregular de
assessores especiais, foi motivada por denúncia formulada há alguns anos pela
ADCAP.
Desde a denúncia
inicial até a atualidade, todas as direções dos Correios se insurgiram contra a
recomendação de não contratarem pessoas sem concurso público. Assim, amigos,
correligionários de partidos e companheiros de caserna têm sido acomodados
nessas funções à medida em que o comando da estatal vai sendo passado de
partido a partido, sem trazer nenhuma colaboração que não pudesse ser melhor
obtida a partir do trabalho dos milhares de profissionais de nível superior que
existem no quadro próprio dos Correios, que entraram pela porta da frente do
concurso público.
O governo atual,
repetindo o que já fizeram os anteriores, busca maneiras de aparelhar as
estatais, burlando o concurso público. Para os governantes de plantão, a
Constituição Federal representa um embaraço, que vez por outra os impede de
engordar as contas de apaniguados, graças à atuação do MPT ou da Justiça do
Trabalho. Os milhares de cargos de confiança na administração direta – uma
vergonha nacional – não são suficientes para os partidos políticos que chegam
ao poder. Querem também os cargos de estatais e não apenas os de Diretoria, que
já são de livre provimento e não deveriam ser. Querem mais espaço para acomodar
os amigos do rei, em assessorias, departamentos e sabe mais o que.
A vergonhosa liminar
obtida pelos Correios é mais uma demonstração dessa intenção nefasta que tem
acometido os partidos políticos brasileiros. O general Floriano Peixoto não
encontrou entre os mais de 5.000 profissionais de nível superior técnicos
capazes de assessorá-lo; teve que buscar na caserna e no grupo que o
assessorava no governo federal pessoas “de confiança”, como se isso fosse
correto, ético e constitucional; e não é.
A Justiça do Trabalho
precisa rever essa liminar e restabelecer o cumprimento da Constituição
Federal, evitando o aparelhamento político-partidário-militar dos Correios.
Direção Nacional da
ADCAP.
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