Previ quer investir
em fatias menores de
empresas
Época
06/10/2016
06/10/2016
Dona de um patrimônio de R$ 163,2 bilhões,
a Previ tende a adotar cada vez mais a estratégia de investimento em participações
menores e sem presença no controle das companhias. O movimento reflete a busca
do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil por ativos com alta
liquidez, para fazer frente ao pagamento de benefícios a seus 200 mil
associados. A ordem é deixar a carteira de participações preparada para
aproveitar oportunidades como a que levou à venda da fatia da Previ na CPFL
para a chinesa State Grid, disse o diretor de participações do fundo Renato
Proença.
Enquanto a indústria de fundos de pensão tem
70% de seus ativos alocados em renda fixa, a Previ tem quase metade (45,9%) dos
ativos do Plano 1 - o maior do fundo, com R$ 151,6 bilhões em investimentos -
aplicados em renda variável. O fundo tem participações em companhias como
Petrobrás, Vale, Neoenergia, Invepar, Embraer, Ambev, Banco do Brasil, Bradesco
e Itaú. No ano passado, o fundo pagou R$ 9,4 bilhões em benefícios.
"O importante é deixar os ativos na
prateleira. Assim que houver uma oportunidade você pode tirar dela", diz
Proença. Isso significa criar janelas de saída dos ativos. O executivo usa a
CPFL como exemplo. Ao se desfazer dos 29,4% na empresa, a Previ levantou R$ 7,5
bilhões. "Se você me perguntasse no início do ano se a CPFL estava à
venda, a resposta seria não. Mas a empresa estava preparada, recebeu uma oferta
com prêmio e diante disso a decisão foi: como investidor é um bom momento de
monetizar o ativo", conta.
O movimento de venda faz parte da política
da Previ, mas o diretor ressalva que não há liquidação de ativos. As operações serão
graduais. As alternativas passam por redução da fatia em uma empresa, venda
total e aumento da diversificação, com participações pulverizadas em várias
empresas do mesmo setor. Nos últimos anos, o porcentual do patrimônio alocado
em renda variável no Plano 1 vem caindo, saindo de 64,5%, em 2010, para os
atuais 45,9%.
'Megatendências'
Proença reconhece que o cenário econômico
ainda traz preocupações no curto prazo, exigindo das empresas disciplina de
caixa e a definição de prioridades. A despeito disso, a Previ provocou o debate
de estratégias de longo prazo em seu 17.º Encontro de Governança Corporativa,
na quarta-feira, 5, no Rio. Agentes de mercado discutiram o que a Previ batizou
de megatendências - mudanças climáticas, mercado global e futuro digital -,
seus reflexos no mundo dos negócios e como elas poderão impulsionar o
desempenho das companhias.
O caminho mais simples para abrir a janela
de saída dos ativos é levar as companhias a mercado, listando suas ações em
bolsa. O maior desafio da Previ hoje está nas participações acionárias na
Neoenergia (49,01%), na Invepar (25,53%) e na Vale (15,68%), avaliadas pelo
critério do valor econômico. Enquanto o valor de mercado corresponde à cotação
do papel em bolsa, o econômico é obtido pela perspectiva de resultado da
companhia. Nesse caso a participação só é contabilizada no balanço fechado do
ano.
A Neoenergia e a Invepar não estão na bolsa
de valores, por isso uma oferta pública inicial (IPO) de ações é uma opção.
Para Proença, a empresa de energia está em estágio mais avançado para uma
eventual operação.
Já a Vale está listada, mas a participação
da Previ se concentra na Valepar, que reúne os controladores da mineradora, e
via Litel, veículo que reúne as fatias dos fundos na Vale. O acordo de
acionistas vence em 2017 e sua renovação está em discussão. A Previ não
comenta, mas o mercado enxerga a negociação como uma oportunidade para o fundo
dar liquidez às suas ações.
Investigação
O encontro de governança acontece no
momento em que os fundos de pensão estatais estão no centro das atenções, após
a Polícia Federal deflagrar a Operação Greenfield. A investigação apura
prejuízos de R$ 8 bilhões a Previ, Funcef (Caixa), Postalis (Correios) e Petros
(Petrobrás), apontando irregularidades em alguns investimentos.
Proença afirma que a Previ tem uma
governança robusta, calcada em avaliações técnicas e decisões de investimento
colegiadas. Ele lembra que foi por recomendação da área técnica que a Previ não
seguiu o aumento de capital da Sete Brasil, tendo sua participação diluída.
"A gente não enxerga que (a Operação Greenfield) gere um risco de imagem
para as investidas", diz.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário