Aportes na postal
saúde minam recuperação
financeira dos
Correios
Valor
15/08/2016
15/08/2016
Criada em 2013 para gerir com mais
eficiência a assistência médica de seus empregados, a Postal Saúde tornou-se
uma fonte de hemorragia para o caixa dos Correios.
O aporte para sustentar a nova empresa, que cuida do convênio médico de 117 mil
empregados, pode chegar a R$ 2 bilhões neste ano e comprometer seus ensaios de
recuperação financeira.
As despesas para bancar o plano seguem uma rota
aparentemente insustentável. No ano passado, alcançaram R$ 1,6 bilhão, o que
significa gasto médio de quase R$ 1,2 mil mensais por beneficiário. Cada
funcionário pode arcar com até 10% dos custos médicos, em um modelo de
coparticipação, mas a parte dos empregados tem ficado em 7%.
"É uma sangria permanente no caixa da
empresa", afirma o presidente dos Correios, Guilherme Campos, ex-deputado
federal pelo PSD de São Paulo. "O argumento era que essa autogestão
baratearia nossos custos, mas a realidade não nos mostra isso. Do jeito que
está, a situação é inviável." O comando da Postal Saúde foi trocado no
início de julho e ganhou carta branca para tomar medidas drásticas a fim de
conter o prejuízo. Ariovaldo Câmara, ex-chefe de controle disciplinar dos Correios,
que iniciou sua trajetória na estatal como carteiro em 1985, foi incumbido de
traçar um plano de recuperação em 60 dias. "Ele está fazendo um processo
de apertar os parafusos e eu estou aberto a todas as alternativas. O que não
pode é ficar assim. O plano de saúde dos funcionários mata a empresa", diz
Campos.
As contas da Postal Saúde, por requisitarem
aportes dos Correios, são uma das três fontes de preocupação imediata para
evitar um colapso na estatal. As outras duas são o futuro do Postalis, problemático
fundo de pensão dos empregados, e o próximo acordo coletivo da categoria.
Atualmente, cerca de 60% do custo operacional dos Correios é com a folha do
custo operacional dos Correios é com a folha de pagamento ampliada. Ou seja:
além dos vencimentos mensais, despesas com o Postal Saúde e com o Postalis.
A campanha salarial recém-lançada pela
Findect pleiteia reajuste de 9,5% e aumento real linear de R$ 300, além de
revisão no valor de vale-alimentação e cesta básica. Já a Fentect pleiteia 15%.
Campos diz ter assumido pessoalmente a negociação, cuja data-base é agosto, e
faz um apelo para que não haja greves. "Pela fragilidade em que nos
encontramos atualmente, seria catastrófico", afirma. Em 2013 e em 2014,
quando houve dificuldades para chegar a um acordo e os empregadores cruzaram os
braços e houve prejuízo estimado em R$ 200 milhões com as duas paralisações.
"Os danos intangíveis são maiores: perda de confiança, de reputação, de
clientes para a concorrência."
Quanto ao rombo no Postalis, que chega a R$
5,6 bilhões e precisará de contribuições adicionais dos beneficiários até 2039,
os Correios esperam a análise do TCU sobre novo provisionamento no balanço. Uma
provisão de R$ 1,8 bilhão - em valores atualizados - foi desfeita no ano
retrasado, melhorou as contas da empresa com maquiagem contábil e evitou o
primeiro prejuízo em duas décadas. Não por muito tempo. Em 2015, houve prejuízo
de R$ 2,1 bilhões, mas o balanço não saiu.
FONTE: http://www.valor.com.br/brasil/4672059/aportes-em-empresa-de-assistencia-medica-minam-recuperacao-financeira-dos-correios (com adaptações)
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