Moradores de Praia Grande não recebem correspondências dos Correios
A Tribuna
15/03/201
A aposentada Marilene
Gomes Gil, de 73 anos, saiu de casa, no Jardim Maracanã, em Praia Grande, e
ficou por mais de três horas em uma fila. Eram exatamente 13 horas quando ela
conseguiu, enfim, receber suas mais de 40 correspondências, entre cartas e,
principalmente, faturas para serem pagas. Marilene era apenas uma entre as mais
de 50 pessoas que tiveram de fazer o mesmo na terça-feira (14) – e de tantos
que têm feito isso nos últimos dias.
O motivo do
transtorno, todos repetiram à exaustão enquanto aguardavam para ser atendidos
por uma única funcionária, que estava no balcão do Centro de Distribuição dos Correios (CDC), na
Vila Caiçara: há pelo menos dois meses, segundo relatos, praia-grandenses de
vários bairros não conseguem receber correspondências em casa.
“Tive de vir até aqui
para poder receber minhas cartas. Fiquei mais de três horas na fila e olha
quantas correspondências estou levando”, disse a aposentada, mostrando um leque
de documentos que, na teoria, deveriam ter sido entregues em sua casa pelo
serviço dos Correios. Porém, na prática, ficaram retidos no CDC de Praia
Grande.
Ironicamente, nas
paredes do posto – de espaço reduzido, com apenas dois guichês e três cadeiras
disponíveis para idosos, gestantes, pessoas com deficiência ou com crianças no
colo –, lia- se o seguinte comunicado: “CDC Caiçara informa que as
correspondências simples não serão mais entregues no balcão de atendimento a
partir de 26 de janeiro de 2017”. Marilene teve de ir ao local justamente para
retirar o básico de sua correspondência: cartas e contas.
“Moro no Samambaia e
tive de vir aqui ao Caiçara para buscar esta encomenda. Curiosamente, comprei
dois produtos. Um foi entregue e o outro ficou aqui no CDC. Permaneci na fila
por quase quatro horas, para retirar algo que foi entregue pela metade, já que
os dois produtos deveriam ter sido entregues juntos", reclamou o técnico
em refrigeração Jeferson Menezes Sodré, de 33 anos.
Se Jeferson saiu do
Samambaia para retirar o produto, na fila estavam moradores do próprio Caiçara.
“Moro aqui no bairro e faz um mês que não recebo minhas correspondências. Estou
há duas horas na fila e acho que vou ter de esperar muito mais”, comentou a dona
de casa Simone Marco Antonio, 44 anos.
Na fila também
estavam pessoas que nem sequer sabiam se teriam algum tipo de correspondência
para retirar. “Não recebo correspondências há mais de um mês. Vim aqui para
saber o que está acontecendo”, disse uma jovem, que pediu para não ser
identificada.
E o horário?
Enquanto aguardava
para ser atendido, o funcionário público Diamond Ribeiro, de 30 anos,
questionava informação do site dos Correios.
“Aqui no site oficial
está dizendo que os postos atendem até as 17 horas. Ontem (segunda-feira)
cheguei aqui às 16 horas e soube que a unidade já estava fechada. Como assim, e
o horário?”, indagou Diamond, que mora no Samambaia.
Após ouvir as
reclamações, A Tribuna apurou que o problema no CDC de Praia Grande seria a
falta de funcionários, devido a férias de uns e licenças médicas de outros. A
Reportagem solicitou informações dos Correios.
Em nota enviada por
sua assessoria, a empresa disse apenas que “o caso será apurado pela área
técnica responsável e após a conclusão enviaremos resposta definitiva sobre o
caso”.
Empresa fechará 250
agências
Os Correios pretendem
fechar, até o fim deste ano, 250 agências no Brasil, 37 delas em regiões
metropolitanas do Estado – incluindo a Baixada Santista. Trata-se de uma reestruturação
para diminuir despesas em meio a uma grave crise enfrentada pela empresa.
Apesar de a região
estar na lista, ainda não se sabem quais unidades encerrarão as atividades. Os
Correios alegam que, na prática, vão fundir agências muito próximas.
Questionada por A
Tribuna, a empresa respondeu que não informaria quais agências locais serão
fechadas porque ainda não há decisão definitiva.
Entretanto, também
não se confirmam quais agências continuarão abertas. A empresa informa que é
possível consultar, no site dos Correios, as agências próximas de casa. Quando
uma for fechada, desaparecerá da listagem.
“O projeto para fusão de agências vai tornar
a rede de atendimento mais eficiente e melhorar a prestação de serviços. A
implantação das mudanças será gradual para minimizar os impactos aos clientes
com as adequações”, citaram os Correios, em nota.
Com contas no
vermelho, os Correios, além de fecharem agências, entraram para o mercado de
telefonia móvel e lançaram um plano de demissão para funcionários.
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