Paranoá vai ganhar terminal automatizado dos Correios
Quase 100 mil moradores serão beneficiados
com a medida, que permitirá coleta de encomendas na própria cidade
Agência Brasília
15/08/2020
O Paranoá está prestes a receber projeto
inovador dos Correios. A cidade não tem uma agência da empresa e,
por isso, moradores precisam se deslocar até o Centro de Distribuição
Domiciliar do Lago Norte para recolher encomendas. Para resolver o problema, a
administração regional abrigará Terminais Automatizados de Encomendas (TAE) com
funcionamento sob demanda.
Quase 100 mil moradores devem ser impactados
com a iniciativa adotada após provocação da Administração Regional do Paranoá.
Os Terminais Automatizados de Encomendas são compostos por gavetas de múltiplas
dimensões de forma a viabilizar a entrega e a postagem de objetos com tamanhos
diversos.
“Estamos sem uma agência há muito tempo.
Temos que pegar ônibus, gastar dinheiro, ir até o Lago Norte. É ruim para todo
mundo”
Antônia Maciel, dona de casa
As estruturas são modulares, de forma que permita a adequação do tamanho dos
terminais à demanda por compartimentos em cada localidade. Eles também são
chamados de lockers (cadeados, em tradução livre) e funcionam sob demanda, com
senhas digitais para que cada morador possa retirar os produtos pessoalmente e
com segurança.
Segundo os Correios, dez lockers serão
implantados no Distrito Federal até o primeiro semestre de 2021. Em fase de
avaliação pela empresa, o Paranoá é uma das áreas já visitadas e que contou com
a adesão da administração regional. O objetivo é disponibilizar uma alternativa
de distribuição de encomendas por meio de terminais automatizados, nos quais os
objetos são retirados diretamente pelos clientes.
“A comunidade vai poder utilizar do serviço
na própria cidade, com proximidade, comodidade e segurança de poder pegar
encomendas em qualquer dia da semana. É uma solução que promove conveniência
para todos”, aponta o administrador regional, Sérgio Damaceno.
Perto de casa
Moradora do Paranoá há quase 30 anos, a dona de casa Antônia Maciel, 53,
comemora a iniciativa. “Vai ajudar bastante nossa situação porque é um
transtorno ter que se deslocar”, comemora.
“Estamos sem uma agência há muito tempo,
então não chegam nossas encomendas. Temos que pegar ônibus, gastar dinheiro, ir
até o Lago Norte. É ruim para todo mundo”, acrescenta Antônia.
Atualmente moradora do Paranoá Parque, ela
conta que chega a desistir de fazer compras por causa do problema. Com a
destinação do espaço na administração regional, ela poderá pegar os itens em
deslocamento a pé.
“Vi que vamos receber mensagem com código, e
é só buscar e ir embora. Achei muito interessante e seguro”, avalia.
"Como fica a agenda de privatizações do governo com as baixas no Ministério da Economia"
Gazeta do Povo
15/08/2020
"A agenda de privatizações deve acelerar
em 2021, apesar do empresário Salim Mattar ter deixado o governo nesta semana
alegando dificuldade em vender estatais federais devido à burocracia e ao
“establishment”. O ex-secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e
Mercados do Ministério da Economia deixou 14 empresas em processo de
privatização até 2021, além de algumas liquidações (fechamento).
“Da mesma forma que eu sai da Localiza em 13
de dezembro de 2018 e lá tá bombando, tá funcionando tudo direitinho, eu
preparei o processo de sucessão pra mim. Eu falei para o ministro [Paulo
Guedes, Economia]: não se preocupe, piloto automático, vai rodar direitinho,
independente da pessoa, lá [a secretaria de Desestatização] tá redondinho”,
disse Mattar em entrevista à Gazeta do Povo, após sua saída do governo.
A aceleração do calendário de privatizações
em 2021 já estava mesmo sendo tocada por sua secretaria, pelo Programa de
Parcerias de Investimentos (PPI) e pelo BNDES. Os três atores atuam juntos num
processo de venda ou fechamento de uma estatal federal."
"O trabalho da Secretaria de
Desestatização é mais de prospectar quais estatais podem ser vendidas e buscar
o apoio dentro do governo. Já o PPI e o BNDES têm como funções contratar
estudos técnicos para atestar se é mesmo viável privatizar a estatal e, depois,
encomendar os estudos de modelagem para definir o melhor modelo de venda, além
de coordenar consultas públicas e aos órgãos reguladores, o edital e a
licitação em si. Todo esse processo de estudos e consultas também é acompanhado
pela Secretaria de Desestatização.
Como o trabalho é feito em "três
mãos", a avaliação de técnicos do Ministério da Economia é de que não
haverá prejuízos, nem atrasos à agenda. Segundo interlocutores, o processo
agora pode até ficar mais fácil, já que Salim Mattar não tinha bom
relacionamento com parte do Congresso e com associações de servidores, o que
aumentava a resistência às privatizações."
"Diogo Mac Cord vai assumir o plano de
privatizações de Mattar
A Secretaria Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados será tocada
agora por Diogo Mac Cord, antes secretário de Desenvolvimento da Infraestrutura
do Ministério da Economia. Circulou na mídia a informação que a Secretaria de
Desestatização poderia ser fundida com o PPI e ser comandada por Martha Seillier,
o que não se confirmou.
Segundo apurou a Gazeta do Povo, o Palácio do
Planalto e parte dos militares eram favoráveis à ideia, mas ela foi rechaçada
pela ala liberal do Ministério da Economia. Seiller, apesar de ser uma técnica
respeitada na área de concessões e infraestrutura, não tem o viés liberal
defendido por Guedes e Salim. Eles temiam que a junção poderia travar o
processo de privatizações."
"Por isso, a opção foi escolher Diogo
Mac Cord para comandar a secretaria e acompanhar o processo de venda de estatais
federais. Mac Cord é favorável às privatizações e vem do mercado, assim como
Guedes e Salim. O novo secretário especial é engenheiro mecânico, mestre em
Administração Pública pela Universidade de Harvard (EUA) e especialista em
investimentos de infraestrutura e em regulação do setor elétrico. Foi professor
e coordenador do MBA do setor elétrico da FGV Management e sócio-líder de
governo e regulação da infraestrutura da KPMG no Brasil.
No governo Bolsonaro, liderou a aprovação do
marco legal do saneamento básico, uma pauta que estava travada há cerca de 20
anos no Congresso devido à resistência das estatais estaduais de saneamento à
abertura do mercado. Mac Cord também estava ajudando nas negociações para
aprovar o novo marco legal do mercado de gás, uma pauta prioritária do ministro
Guedes pelo potencial de gerar o chamado “choque de energia barata” no país.
Salim Mattar, em suas redes sociais, elogiou
a escolha do seu substituto. “Como Secretário de Desenvolvimento da
Infraestrutura, Diogo liderou a aprovação do Novo Marco do Saneamento que irá
beneficiar a vida de milhões de brasileiros. Egresso da iniciativa privada,
Diogo tem um robusto currículo e tenho certeza que irá dar continuidade ao
trabalho iniciado por mim.”
Estatais na mira da privatização
Segundo o calendário de privatizações do governo deixado pronto pelo
ex-secretário Salim Mattar, as 14 estatais que devem ser vendidas ou fechadas
até 2021 são:
Ceitec - 3T20 - fechamento
Emgea - 4T20 - fechamento
ABGF - 1T21 - fechamento
Eletrobras - 1T21 - privatização
Nuclep - 2T21 - privatização
Ceagesp - 2T21 - privatização
Ceasaminas - 2T21 - privatização
Codesa - 2T21 - privatização
CTBU - 3T21 - concessão do serviço
Trensurb - 3T21 - concessão do serviço
Serpro - 4T21 - privatização
Dataprev - 4T21 - privatização
Correios - 4T21 - privatização
Telebras - 4T21 – privatização"
"Todas essas estatais já estão no PPI ou
no Programa Nacional de Desestatização (PND). O PPI é uma etapa anterior à
desestatização, em que se estuda se é viável ou não a venda ou fechamento da
empresa e o que fazer com a política pública pela qual ela é responsável. Já
quando uma estatal é incluída no PND, começa-se de fato todo o processo para
privatizar a empresa.
Uma estatal também pode ser incluída
diretamente no PND, sem passar pelo PPI, por decisão do Conselho do PPI. Isso,
contudo, só pode acontecer caso não seja necessária a aprovação do Congresso
para venda da empresa. Caso contrário, ela só pode ser incluída no PND após o
aval dos parlamentares."
"Correios e Eletrobras são as joias da
coroa a serem privatizadas
É o que acontece com a Eletrobras e os Correios, por exemplo, as duas
principais estatais na lista de privatização do governo. O governo encaminhou
em novembro do ano passado o projeto que autoriza a privatização da Eletrobras,
mas até o momento o texto está na gaveta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ).
Já no caso dos Correios, o governo vai enviar um projeto para quebrar o monopólio que a estatal tem no setor postal para poder privatizar a empresa. Ainda não foi divulgada uma data, mas o texto está sendo elaborado pela equipe econômica e pelo Ministério das Comunicações, comandado por Fábio Faria."
"O também deputado federal e agora
ministro é a favor da venda dos Correios, segundo apurou a Gazeta do Povo, e
não colocará qualquer empecilho ao processo. Os Correios estão vinculados ao
Ministério da Comunicações, que poderia barrar a venda, caso quisesse e tivesse
o apoio do presidente.
Quais estatais grandes ficaram de fora do
plano de privatizações
Das grandes estatais que ficaram de fora da lista de privatizações estão Banco
do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Petrobras, EBC e Casa da Moeda. No
caso da Casa da Moeda, uma medida provisória quebrando o monopólio da estatal
na fabricação de moeda e papel-moeda e abrindo caminho para privatização foi
editada pela equipe econômica, mas a MP não foi aprovada pelo Congresso, que
rechaçou a ideia de vender a empresa.
Já no caso da EBC, a resistência veio da ala
militar, que entende que o governo precisa ter seu próprio canal de comunicação
com a sociedade e a imprensa. O ministro Fábio Faria, que levou à EBC para o
guarda-chuva do Ministério das Comunicações, é favorável apenas à reestruturação
da empresa.
Os bancos públicos e a Petrobras sempre
estiveram fora do radar, por decisão do presidente Jair Bolsonaro."
"Guedes queria acelerar privatizações,
mas é impossível
O ministro Paulo Guedes e Salim Mattar queriam ter acelerado o calendário de
privatizações, mas eles perceberam que tecnicamente isso é impossível. A
burocracia para conseguir vender uma estatal foi um dos principais motivos para
Mattar deixar o governo."
"Guedes até chegou a citar publicamente
que queria vender em até 90 dias os Correios, a Eletrobras, a PPSA e o Porto de
Docas, mas teve que voltar atrás. Em média, se o processo acontecer sem
paralisações, o que não é comum, uma estatal de controle direto da União demora
de um ano e meio a dois anos para conseguir ser vendida ou fechada. Somente a
venda de subsidiárias (estatais que pertencem a outras estatais) é mais rápida.
O governo tem 46 estatais de controle direto
e, até o momento, não fechou nem vendeu nenhuma. O primeiro ano foi dedicado a
mapear as empresas que poderiam ser vendidas e convencer internamente o
governo. Já neste segundo ano, começaram os estudos, mas muitas etapas foram
paralisadas devido a outras prioridades por causa da pandemia de Covid-19.
Resumidamente, o processo de privatização de
uma estatal funciona em etapas. Primeiro, o governo precisa decidir
internamente se quer vender determinada estatal. Se há interesse, o nome da
empresa é levado para deliberação do Conselho do Programa de Parcerias de
Investimentos (CPPI). Esse conselho é presidido por Guedes e composto por
alguns outros ministros e os presidentes da Caixa, Banco do Brasil e BNDES.
Cabe ao CPPI recomendar a inclusão de uma
estatal no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) ou no Programa Nacional
de Desestatização (PND). Normalmente, a decisão é incluir primeiro a empresa no
PPI, para estudar se a privatização é mesmo o melhor caminho. Caso a resposta
seja sim, o CPPI recomenda que o presidente assine um decreto incluindo a
estatal no PND. Assim, começam de fato os trâmites para a venda da empresa.
Esses trâmites incluem estudos de modelagem e
de viabilidade econômico-financeira, consultas públicas, aval do Tribunal de
Contas da União (TCU) e publicação do edital em si. Essas fases tendem a
demorar mais de um ano, já que para contratar as consultorias o BNDES leva de
30 a 90 dias, depois são mais três a seis meses normalmente para a consultoria
entregar os pareceres e mais cerca de 90 dias entre a publicação do edital e o
leilão em si, isso se o TCU não pedir alterações no edital."
"Mais demorado ainda fica o processo
quando uma estatal precisa do aval do Congresso para ser vendida ou para
quebrar algum monopólio previsto em lei. Neste caso, antes de incluir a empresa
no PND, o governo precisa da aprovação dos parlamentares, o que depende do
timing político."
"Fast-track não saiu do papel
Salim Mattar, enquanto secretário, buscou emplacar um projeto de fast-track
para tentar acelerar o processo de privatizações. Esse projeto previa pular
algumas etapas hoje obrigatórias para a privatização e tirar a exclusividade do
BNDES na contratação dos estudos de modelagem dos editais de privatizações. O
texto também deveria contar com uma lista de todas as estatais que o governo
queria privatizar, para ter a autorização legislativa de uma só vez.
O ex-secretário, que na época que ainda
estava no governo, foi alertado que o projeto não passaria de jeito nenhum pelo
Congresso, além de poder prejudicar o andamento da agenda, já que muitos viam a
iniciativa como uma tentativa de burla aos trâmites legais. No começo deste
ano, a ideia foi então engavetada."
Parlamentares responsabilizam Salim Mattar por travar negociação em privatização dos Correios
Ex-secretário deixou governo colocando a
culpa nos políticos por não conseguir privatizar estatais
Folha SP
15/08/2020
Embora Salim Mattar tenha deixado o governo
colocando a culpa nos políticos por não conseguir privatizar estatais,
parlamentares lembram que, no caso dos Correios, foi ele quem travou a
negociação ao não querer delegar a tarefa ao centrão, como defendia o ministro
Fábio Faria (Comunicações).
Mattar dizia que Amazon, DHL, Fedex e Magalu
poderiam se interessar, mas que o texto deveria ser bem amarrado porque o
Congresso não deixaria entrar empresas que só quisessem o filé, ou seja, operar
no Sudeste. Faria se propôs a negociar, mas a ideia não avançou.
Estatais com aval de Bolsonaro para privatização são só 17% do total
Petrobras, Caixa e BB, que o presidente já
‘blindou’, têm a maior fatia do patrimônio de R$ 711,4 bilhões
O Globo
17/08/2020
Indicado para suceder Salim Mattar na tarefa
de tocar o projeto de privatizações, o novo secretário de Desestatização, Diogo
Mac Cord, só poderá avançar sobre uma pequena parte do universo de quase 200
companhias públicas, entre as diretamente controladas pela União e as
subsidiárias.
Segundo dados de 2019, as estatais somam R$
711,4 bilhões em patrimônio líquido. Mas, desse montante, 83% correspondem às empresas
blindadas pelo presidente Jair Bolsonaro: Petrobras, Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal, além do BNDES. Os demais negócios do governo federal,
inclusive a Eletrobras, contabilizam R$ 118,2 bilhões — ou 17% do total.
Para especialistas, está claro que o processo
de redução desse portfólio tende a ser demorado e depende de articulação
política.
Os dados são do mais recente Boletim das
Estatais, do Ministério da Economia. O patrimônio líquido das estatais não
reflete necessariamente o valor pelos quais seriam vendidas. Isso depende de
fatores de mercado. No entanto, dá uma dimensão do que de fato poderia sair das
mãos do Estado.
Nas contas de Mattar, o número de ativos é
bem maior que as 46 empresas de controle direto da União e as 148 subsidiárias
— que somam 194 estatais.
O ex-secretário calculou ainda 210 coligadas
(empresas nas quais companhias controladas pela União ou subsidiárias têm
participação significativa) e outras 210 participações do governo federal em
companhias, o que eleva o total de bens a serem desestatizados para 614.
Com base nesse critério, ele deixou o cargo
com uma marca de 84 vendas, mas não privatizou nenhuma empresa-mãe, uma estatal
clássica. Em novembro, ainda viu o governo Bolsonaro criar mais uma: a NAV
Brasil, responsável pelo controle do espaço aéreo.
A estratégia do ex-secretário se concentrou
na venda de subsidiárias de estatais ou de participações detidas por elas em
outros negócios. Só a venda de subsidiárias da Petrobras, como BR Distribuidora
e TAG, e ações detidas pelo BNDES resultaram em R$ 88,7 bilhões,
aproximadamente 65% do total de R$ 134,9 bilhões arrecadado.
Empresas empregam 476 mil
A ação do BNDES, segundo fontes, foi um pedido específico do ministro da
Economia, Paulo Guedes, para turbinar os trabalhos da pasta na desestatização, diante
da dificuldade em outras frentes.
O patrimônio de R$ 118,2 bilhões que estaria
livre para venda é um número que pode variar. O balanço do Ministério da
Economia não detalha quanto dos valores concentrados nas empresas cuja
privatização foi vetada por Bolsonaro é referente às subsidiárias dessas
companhias.
Esses negócios sob o guarda-chuva de grandes
estatais estão no plano de desestatização da equipe econômica e podem ser
entregues ao setor privado sem aval do Congresso, graças a uma decisão do ano passado
do Supremo Tribunal Federal (STF). Já a venda de uma empresa-mãe, como a
Eletrobras, precisa passar pelo Legislativo.
Egresso do setor privado e um crítico da
excessiva presença do Estado na economia, Mattar saiu com duras críticas à
burocracia do setor público. Para ele, o ambicioso projeto de Guedes não
avançou por falta de vontade política.
O tamanho do universo de empresas estatais dá
a dimensão das pressões. Hoje, essas empresas empregam mais de 476 mil
funcionários, o que reforça a corrida de políticos por indicações e a
resistência de corporações contra perda de prerrogativas.
O conjunto de companhias públicas inclui
casos que se transformaram em anedotas nos debates sobre a redução do papel do
Estado.
É o caso da EPL — que nasceu para projetar o
trem-bala brasileiro, projeto que jamais saiu do papel. Hoje, a empresa ainda
tem 132 funcionários e depende de recursos da União para se manter no papel. No
ano passado, os repasses foram de R$ 98 milhões.
Companhias dependentes
A Ceitec, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, também virou folclore
ao ser apelidada de empresa do “chip do boi”. A fabricante de semicondutores,
que ainda preserva 183 funcionários, está em processo de ser dissolvida,
segundo o relatório mais recente do Programa de Parcerias e Investimentos
(PPI).
Ambas as companhias fazem parte de um
capítulo à parte na discussão sobre estatais no país: as empresas dependentes.
Só no ano passado, o governo precisou desembolsar R$ 20 bilhões para mantê-las
de pé. O grupo inclui desde casos emblemáticos de distorções do papel do Estado
a organizações em pleno funcionamento, como a Embrapa.
Na avaliação do analista da Instituição
Fiscal Independente (IFI) Josué Pellegrini, que acompanha o panorama das
estatais, o debate sobre as empresas dependentes passa pela definição de que
políticas públicas fazem sentido no país, já que, na prática, essas
instituições atuam como órgãos do governo.
— A gente tem muito pouca avaliação de
políticas públicas no Brasil. E isso vale para tudo, os benefícios tributários,
os subsídios, política educacional e, como não poderia deixar de ser, essas
empresas criadas para um determinado objetivo também não são avaliadas — afirma
o especialista.
O governo planeja avançar no processo de
privatizações, mas sabe que o processo será lento. Hoje, 15 empresas estão na
lista de estudos para privatização, incluindo Correios e Eletrobras, que
depende da negociação com o Congresso e deve ser vendida até o terceiro
trimestre de 2021, segundo informou recentemente o presidente da companhia,
Wilson Ferreira Júnior.
No mercado, há expectativa de que o processo
acelere, mas os riscos estão calculados.
— Quem achar que não vai ter discussão
jurídica sobre qualquer ativo, em qualquer época, quando ele tem uma exposição
midiática, está sonhando — comenta Alberto Sogayar, sócio da área de
infraestrutura do L.O. Baptista Advogados.
Governo adia avaliação de empresas estatais para possível privatização
O decreto adia para 6 meses após o fim do
estado de calamidade pública
Rádio Agência Nacional
14/08/2020
O presidente Jair Bolsonaro publicou no
Diário Oficial da União desta sexta-feira (14) um decreto que adia para seis
meses após o fim do estado de calamidade pública a avaliação, para uma possível
privatização, de empresas estatais com controle direto da União.
Decretado por conta da pandemia do novo
coronavírus, o estado de calamidade pública termina no dia 31 de dezembro deste
ano.
Além de avaliar a sustentabilidade
econômico-financeira das estatais, a análise adiada ainda verifica se permanecem
as razões que justificaram a criação da empresa.
Um decreto de 1998 determina que essa
avaliação seja feita a cada 4 anos.
Em nota, o Ministério da Economia informou
que o adiamento é necessário porque todos os órgãos da Administração Federal estão
ocupados em reduzir os efeitos da crise sanitária provocada pela Covid-19.
O decreto, que teve assinatura do ministro da
Economia, Paulo Guedes, também prevê que a União faça o ressarcimento ao BNDES
no caso de contratação de pareceres ou estudos necessários à desestatização de
empresas.
Em nota, o Ministério da Economia afirma que
esse ressarcimento é fundamental para que o BNDES possa avançar nos estudos de
privatização do setor postal brasileiro.
'O desafio da privatização continua sendo ideológico', diz coordenador do Observatório das Estatais
Ex-secretário de Política Econômica,
economista Márcio Holland avalia que faltam estudos técnicos para definir a
estratégia de privatização no Brasil
O Globo
17/08/2020
O economista Márcio Holland, professor da
FGV, ex-secretário de Política Econômica e coordenador do Observatório das
Estatais, avalia que faltam estudos técnicos para definir a estratégia de
privatização no Brasil. As estatais que o governo pretende privatizar são
apenas 17% do total.
Como vê o desafio de acelerar as
privatizações no Brasil?
O maior desafio da privatização no Brasil
continua sendo ideológico. Infelizmente, quando vamos discutir privatização,
dizemos “vamos fazer porque somos liberais” e, aí, se constrói um argumento
equivocado de que a justificativa para existência de uma empresa estatal é
exclusivamente a visão de participação do Estado na economia. O debate deveria
sair dessa seara e ir para a seara mais técnica, que é a justificativa da
função social da empresa. Quando a gente faz essas perguntas técnicas, muitas
delas não deveriam existir.
O que mais é entrave?
Além do de comunicação, há falta de estudos
qualificados. Está se discutindo privatização num vazio. Não é à toa que o TCU
(Tribunal de Contas da União) cobra muito desse processo. Quando vai
privatizar, não há uma discussão sobre quanto você vai vender, qual é o modelo
operacional da privatização, quais são os impactos daquilo em termo de política
pública. Não temos estudos sobre isso.
Como assim?
Quando foi anunciada a privatização da
Eletrobras no governo Temer, foi anunciada uma redução de participação de 4% do
Estado. Nunca foi colocada uma justificativa sobre o porquê desse percentual.
Que exemplos de estatais não funcionam?
As estatais têm modelos diferentes de
privatização. Em algumas, basta a perda do poder do controle estatal, outras
requerem uma fusão estratégica com outra companhia. Outras simplesmente
deveriam ser descontinuadas. Você tem Trensub, CBTU, entre outros, que, se
privatizar, com a venda inteira, melhora o serviço. O Estado não tem recursos
para fazer investimento em mobilidade urbana. Tem casos de privatização em que
a palavra é até forte, porque você vai vender apenas o controle. É o caso do
Banco do Brasil, que, para mim, deveria ser nesses termos. Com 15% a 20%, o
Estado mantém a área de crédito rural nos moldes atuais. Não é o Estado saindo
da economia como alegam os críticos de privatização.
A quem interessa tanto a privatização dos Correios
ADCAP
17/08/2020
Aos milhões de brasileiros que residem nos
rincões do país, não interessa, pois em todos os municípios há uma agência
postal e as pessoas podem receber suas cartas e encomendas. Além disso,
privatizações de correios mundo afora têm demonstrado que, após a privatização,
os preços postais sobem e o atendimento fica pior, como acontece em Portugal.
Aos operadores de comércio eletrônico, que
têm nos Correios geralmente preços menores de frete e uma
abrangência de atuação que nenhum outro operador privado oferece, também não. A
presença dos Correios no mercado lhes dá segurança e capacidade de chegar a
todo o país.
Ao próprio governo federal, que poderia estar
tendo que bancar com impostos o serviço postal, como acontece em inúmeros
outros países, também não deveria interessar, pois no Brasil os Correios
produzem suas próprias receitas, não dependendo do Tesouro Nacional.
Então o que pode estar por trás da teimosia
do governo federal em apresentar os Correios como estatal a ser privatizada a
todo custo?
Uma privatização de uma grande empresa como
os Correios interessa sobremaneira aos assessores e intermediários, que são,
principalmente, as consultorias e bancos de investimento contratados para
analisar viabilidade, dimensionar e estruturar o negócio.
Em seguida, temos os detentores de capital
especulativo, sempre disponível para aproveitar oportunidades mundo afora.
E ainda os concorrentes dos serviços de
encomendas dos Correios, que poderão elevar substancialmente seus preços, em
detrimento da população em geral.
Num momento como o vivido na atualidade, o
Estado deveria canalizar todos os seus esforços para combater a pandemia. Nesse
contexto, os Correios deveriam ser um instrumento importante do Estado para
ajudar nesse combate e não um ativo que precisa ser vendido a qualquer custo e
o quanto antes, como mencionam alguns integrantes do governo sem dar
justificativas plausíveis para isso.
Que interesses prevalecerão no final? O dos
brasileiros em geral ou o desses grupos que sempre lucram quando oportunidades
são criadas?
É bom que os brasileiros percebam quem pagará
essa conta e reajam, para evitar que sejam prejudicados.
Por Marcos César
Alves Silva
Funcionários dos Correios reclamam que Caixa não repassa valor do FGTS
O Dia
14/08/2020
Trabalhadores dos Correios têm reclamado que
a Caixa Econômica Federal não está liberando o crédito do FGTS decorrente do
pagamento das parcelas alusivas ao período em que as empresas puderam postergar
seus recolhimentos.
No caso dos Correios,
apesar de a empresa informar que recolheu regularmente as parcelas de julho e
de agosto, os valores correspondentes não foram liberados pela Caixa, que
exigiu, em meio à pandemia do novo coronavírus, a presença dos trabalhadores
nas agências para que seja feito um recadastramento. Só assim eles podem voltar
a receber as parcelas do FGTS.
A Caixa alega aos trabalhadores que como os
trabalhadores ficaram três meses sem receber os créditos (período em que os
recolhimentos foram suspensos conforme previsto na MP-927/2020), o sistema
exige que se faça o recadastramento.
Os funcionários reclamam, também, que apesar
de alguns valores aparecerem no extrato, não há a transferência automática para
as contas de poupança, conforme ocorria antes no caso dos aposentados pelo
INSS.
Eles alegam que são, "assim, duplamente
penalizados, pois não estão recebendo nem mesmo depois de transcorrido o prazo
dado às empresas pela MP-927/2020".
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Brasil é gigante e
seu povo também. Os Correios não poderiam ser diferentes. São mais de 90 mil
funcionários que acordam todos os dias pensando em fazer o melhor para o país,
apesar dos percalços, da distância, das diferenças territoriais e de todas as
dificuldades do dia a dia. Tenha orgulho do Brasil, do seu povo e dos Correios.
Eles merecem. #todospeloscorreios
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