Governo quer privatizar Correios, diz ministro
Época Negócios
21/09/2017
21/09/2017
Os Correios entraram para a lista de
estatais que o governo pretende privatizar, um caminho já anunciado para a
Eletrobrás, a Casa da Moeda e a Infraero. A confirmação veio de Nova York. O
ministro Moreira Franco, da Secretaria Geral da Presidência, declarou que a venda
dos Correios está em estudo, mas que precisa ser feita "com muito
cuidado".Moreira Franco, que integra a comitiva do presidente Michel Temer
aos Estados Unidos, disse que a tendência é que os Correios passem a atuar mais
diretamente no setor de logística, em vez de se concentrar no monopólio postal.
"É o mesmo caso da Casa da Moeda, que produzia mais de 3 milhões de
cédulas por ano e agora está (produzindo) 1 milhão e pouco. As pessoas não usam
mais moeda", destacou. "A situação financeira dos Correios, pelas
informações que o (Ministério do) Planejamento tem e nos passa, é muito
difícil. Até porque, do ponto de vista tecnológico, há quanto tempo você não
manda telegrama? As pessoas perderam o hábito do uso da carta."A
informação irritou a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos
Correios e Similares (Fentect), que desde terça-feira lidera uma greve dos
funcionários da estatal, por um reajuste salarial de 8% e correção
inflacionária. "Somos contrários à privatização. A verdade é que não existe
vontade política do governo federal de melhorar a empresa, o que querem é
entregar os Correios a preço de banana", disse José Rivaldo da Silva,
secretário-geral da Fentect.
A estatal é presidida por Guilherme Campos,
ex-deputado federal por São Paulo e vinculada ao Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, comandado por Gilberto Kassab. Ambos são
do PSD.
Déficit
No fim de agosto, Kassab e Campos se reuniram no Palácio do Planalto com Temer e os ministros Moreira Franco, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Dyogo Oliveira (Planejamento). Eles discutiram a situação financeira da empresa e falaram sobre o Postalis (fundo de pensão da companhia) e o Postal Saúde (plano voltado aos empregados e dependentes) - uma das maiores causas de déficit anual de cerca de R$ 800 milhões, segundo um integrante da cúpula do ministério.
No fim de agosto, Kassab e Campos se reuniram no Palácio do Planalto com Temer e os ministros Moreira Franco, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Dyogo Oliveira (Planejamento). Eles discutiram a situação financeira da empresa e falaram sobre o Postalis (fundo de pensão da companhia) e o Postal Saúde (plano voltado aos empregados e dependentes) - uma das maiores causas de déficit anual de cerca de R$ 800 milhões, segundo um integrante da cúpula do ministério.
A privatização é tida por integrantes do
governo como uma "tendência" pela mudança de perfil da empresa no
mercado e a dificuldade de zerar o déficit, mas não existe uma modelagem pronta.
"A privatização é uma hipótese forte com esse buraco que está. Privatizar
ou não vai ser uma decisão de governo. Estamos fazendo um esforço para
recuperar a empresa. O rombo, quando a gente assumiu, era de cerca de R$ 2
bilhões por ano. A situação está melhorando. Estava morrendo na UTI, agora
continua na UTI, mas não está morrendo", disse Kassab.
O presidente dos Correios, Guilherme Campos,
disse ao Estado que soube pela imprensa das declarações de Moreira Franco e que
não desenvolve nenhum estudo para privatização, por orientação do Planalto.
"A missão que me foi dada pelo ministro Kassab é a de recuperação da
empresa e não existe um encaminhamento para privatização. Agora, se nada der
certo com todos os esforços para sanear a empresa, o governo pode e tem todo o
direito de mudar essa orientação."
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