Correios suspendem entrega de cartas e encomendas na Rocinha
O Globo
25/09/2017
25/09/2017
Desde a última sexta-feira, 22 de setembro,
dia em que 950 militares das Forças Armadas entraram na Rocinha com o objetivo
de cercar a comunidade e acabar com os confrontos entre traficantes na favela,
os Correios suspenderam toda a entrega de cartas e
encomendas na comunidade da Zona Sul do Rio.
Segundo a ECT, os objetos registrados no ato
do envio, como Sedex e cartas registradas, estão sendo mandados para unidades
dos Correios próximas à Rocinha.
A empresa informou, por meio de nota, que os
clientes devem aguardar uma notificação, chamada "Aviso de Chegada",
para comparecer à agência indicada e retirar a encomenda. Outra possibilidade é
checar, no rastreamento disponível no site dos Correios, se a encomenda está
com a situação "aguardando retirada".
Os objetos simples, não registrados, estão
sendo retidos em Centros de Distribuição dos Correios na cidade. A ECT informa
que essas correspondências serão entregues à população "quando a segurança
for reestabelecida na comunidade".
Nos bairros próximos à favela, os Correios
informaram que a distrbuição está sendo feita normalmente.
A INFLAÇÃO DO CRIME
Nesta segunda-feira, o EXTRA mostrou que, há
cerca de um mês, chegou a notícia para os moradores da Roupa Suja, uma das
áreas mais miseráveis da Rocinha: o botijão de gás passaria de R$ 70 para R$
93. Traficantes da quadrilha de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, se
preparavam para uma guerra contra o bando de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o
Nem, e precisavam de dinheiro. O “imposto”, então, foi repassado aos moradores.
Desde então, acuados pelos tiroteios, eles também sofrem com a inflação da
violência: o preço cobrado por diversos serviços disparou na favela nas últimas
semanas.
A Polícia Civil estima que o tráfico arrecade
cerca de R$ 72 mil por semana com a venda de botijões de gás. Na Rocinha,
bandidos também cobram pedágio pela venda de galões de água, pela circulação de
vans escolares pela favela, pela instalação de gatonet, pela venda de cestas básicas
e de mototaxistas. O preço de todos esses serviços aumentou no último mês, com
a proximidade dos confrontos entre as quadrilhas. O preço do galão de água de
20 litros passou de R$ 15 por R$ 20. Já o transporte escolar aumentou 41%, de
R$ 120 para R$ 170.
O
ir e vir também ficou mais caro. Na segunda-feira passada — um dia após a
invasão da favela pelo bando de Nem — mototaxistas chegaram a cobrar R$ 15 por
uma corrida que, normalmente, custaria R$ 3. A inflação foi o reflexo da falta
de opção: por conta dos confrontos, vans, ônibus e táxis pararam de subir a
favela. No decorrer da semana, o valor foi baixando e chegou a R$ 7. Segundo
agentes da Polícia Civil que investigam a Rocinha, cada mototaxista tem que
pagar, semanalmente, R$ 150 ao tráfico.
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