terça-feira, 26 de setembro de 2017

Correios suspendem entrega de cartas e encomendas na Rocinha
O Globo
25/09/2017

Desde a última sexta-feira, 22 de setembro, dia em que 950 militares das Forças Armadas entraram na Rocinha com o objetivo de cercar a comunidade e acabar com os confrontos entre traficantes na favela, os Correios suspenderam toda a entrega de cartas e encomendas na comunidade da Zona Sul do Rio.
Segundo a ECT, os objetos registrados no ato do envio, como Sedex e cartas registradas, estão sendo mandados para unidades dos Correios próximas à Rocinha.

A empresa informou, por meio de nota, que os clientes devem aguardar uma notificação, chamada "Aviso de Chegada", para comparecer à agência indicada e retirar a encomenda. Outra possibilidade é checar, no rastreamento disponível no site dos Correios, se a encomenda está com a situação "aguardando retirada".

Os objetos simples, não registrados, estão sendo retidos em Centros de Distribuição dos Correios na cidade. A ECT informa que essas correspondências serão entregues à população "quando a segurança for reestabelecida na comunidade".

Nos bairros próximos à favela, os Correios informaram que a distrbuição está sendo feita normalmente.

A INFLAÇÃO DO CRIME
Nesta segunda-feira, o EXTRA mostrou que, há cerca de um mês, chegou a notícia para os moradores da Roupa Suja, uma das áreas mais miseráveis da Rocinha: o botijão de gás passaria de R$ 70 para R$ 93. Traficantes da quadrilha de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, se preparavam para uma guerra contra o bando de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, e precisavam de dinheiro. O “imposto”, então, foi repassado aos moradores. Desde então, acuados pelos tiroteios, eles também sofrem com a inflação da violência: o preço cobrado por diversos serviços disparou na favela nas últimas semanas.

A Polícia Civil estima que o tráfico arrecade cerca de R$ 72 mil por semana com a venda de botijões de gás. Na Rocinha, bandidos também cobram pedágio pela venda de galões de água, pela circulação de vans escolares pela favela, pela instalação de gatonet, pela venda de cestas básicas e de mototaxistas. O preço de todos esses serviços aumentou no último mês, com a proximidade dos confrontos entre as quadrilhas. O preço do galão de água de 20 litros passou de R$ 15 por R$ 20. Já o transporte escolar aumentou 41%, de R$ 120 para R$ 170.

O ir e vir também ficou mais caro. Na segunda-feira passada — um dia após a invasão da favela pelo bando de Nem — mototaxistas chegaram a cobrar R$ 15 por uma corrida que, normalmente, custaria R$ 3. A inflação foi o reflexo da falta de opção: por conta dos confrontos, vans, ônibus e táxis pararam de subir a favela. No decorrer da semana, o valor foi baixando e chegou a R$ 7. Segundo agentes da Polícia Civil que investigam a Rocinha, cada mototaxista tem que pagar, semanalmente, R$ 150 ao tráfico.

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