Supremo retira sigilo de inquérito contra Renan Calheiros no caso Postalis
CONJUR
29 de agosto de 2017
29 de agosto de 2017
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo
Tribunal Federal, retirou o sigilo do inquérito que investiga condutas
delituosas supostamente praticadas pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no
âmbito do Postalis, instituto de previdência dos Correios.
No despacho, o ministro também determina a remessa dos autos à Polícia Federal
para diligências.No último dia 9, o relator determinou a instauração do
inquérito, requerida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
destacando que, nesta fase, não é necessário que a verificação de indícios de
materialidade e de autoria ocorra com o rigor que se examina a existência de
justa causa para dar início a uma ação penal.
“Basta à instauração do inquérito que a
notícia-crime tenha probabilidade de efetivamente se referir a um fato
criminoso”, destacou. No caso dos autos, segundo o ministro, um primeiro exame
revela elementos de participação direta do parlamentar nos fatos narrados.
O ministro apontou que os fatos narrados pela
Procuradoria-Geral da República se referem a operações financeiras milionárias
feitas pelo fundo Postalis com a compra de papéis de empresas de fachada que
seriam geridas por Milton Lyra e Arthur Machado — o primeiro, como consta dos
autos, muito ligado ao senador Renan Calheiros. Acrescentou que relatório do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras apontou movimentação financeira
incompatível com o faturamento das empresas de Milton Lyra.
Além disso, em seu acordo de colaboração
premiada, o senador cassado Delcídio Amaral declarou que Milton Lyra era o
operador de diversos políticos do PMDB e que era um dos poucos interlocutores
de Renan Calheiros. Por sua vez, o doleiro Alberto Youssef, também em
colaboração premiada, corroborou a influência do senador no fundo Postalis.
Lyra afirma que "não é e nunca foi
intermediário do repasse de qualquer quantia a congressistas". O
empresário diz que jamais teve negócios com o fundo Postalis ou quaisquer
empresas de fachada. "Milton Lyra é o principal interessado na conclusão
das investigações, para o que colabora integralmente no esclarecimento das
falsas acusações, como essas, das quais tem sido vítima", diz a nota
enviada pela assessoria de imprensa dele à ConJur.
Ao retirar o sigilo do inquérito, Barroso
sustentou que o relato "é detalhado, e se fez acompanhar de termos de
colaboração premiada, relatórios de inteligência financeira, tudo a demonstrar
haver nos autos elementos suficientes para justificar a instauração de
investigação para melhor apuração dos fatos, com a consequente realização das diligências
requeridas”. Com informações da Assessoria de Imprensa do STF.
Inq 4.492
*Texto alterado às 20h11 do dia 29 de agosto
de 2017 para acréscimos.
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