Funcionários dos Correios podem entrar em greve nesta terça
Rede Sul de Notícias
18/09/2017
18/09/2017
Sindicatos dos Correios se
unem em assembleias em várias partes do país, nesta segunda (18), para decidir
pela deflagração da greve a partir das 22h desta terça (19). No Paraná a
decisão será tomada nesta segunda (18) e na terça (19), em Curitiba, Londrina,
Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel, Ponta Grossa, Guarapuava, Telêmaco Borba e
Terra Roxa e as decisões são válidas para todo o Estado. São 108 mil
funcionários, sendo 6,5 mil somente no Paraná.
De acordo com o Sindicato dos Tabalhadores
dos Correios no Paraná (Sintcom-PR), após mais de 40 dias de atraso para dar
início às negociações, começaram na semana passada, as tratativas entre trabalhadores
e diretoria dos Correios para a Campanha Salarial 2017/18. No terceiro dia
(14), a empresa apresentou uma lista que retira diversos benefícios e
conquistas do acordo coletivo anterior. A proposta da empresa foi imediatamente
apelidada como “pacote de maldades”, já alinhada à Reforma Trabalhista, o que
é, na prática, a exclusão de várias cláusulas benéficas para o trabalhador. O
presidente da empresa, Guilherme Campos, não compareceu às reuniões, o que foi
interpretado pelo comando de negociações como desrespeito e desprezo pelos
trabalhadores.
Entre as conquistas trabalhistas que a
ECT quer retirar dos trabalhadores, destacam-se o fim da obrigatoriedade dos
concursos públicos; fim de pagamento de horas extras, instituindo banco de
horas; fim da entrega de correspondências pela manhã, já flexibilizando e
aumentando a jornada durante a tarde e anoite; retira a segurança armada dos
bancos postais e das agências; extingue as cláusulas de proteção às gestantes,
que poderão trabalhar em locais impróprios ou insalubres (salvo se houver
recomendação médica, mas o médico será designado pela empresa e não precisa ser
um especialista); exclui as comissões regionais que tratam da violência contra
a mulher e da violação dos direitos humanos; retira a indenização por morte ou
invalidez permanente; exclui textos que dificultem ou criem barreiras para a
execução da Dispensa Motivada; extingue a fiscalização do cumprimento do acordo
coletivo de trabalho por parte do sindicato e proíbe o aceso de dirigentes
sindicais nos locais de trabalho; acaba com a participação dos aposentados nas
ações da ECT entre outras medidas.
O secretário geral do Sindicato dos
Tabalhadores dos Correios no Paraná (Sintcom-PR), Marcos Rogério Inocêncio
(China), disse que essa é a pior de todas as propostas das últimas 50 décadas
de história dos Correios. Para o líder sindical, o objetivo é de
enxugamento e sucateamento da estatal visando a privatização, já tendo
anunciado a abertura do capital como início do processo.
“O objetivo é muito claro: colocar os
Correios no segundo pacote das privatizações, entregando para o capital
estrangeiro privado. O reflexo disso serão as demissões, precarização do
trabalho terceirizado, o fim das entregas nos locais mais distantes e de
difícil acesso, onde a iniciativa privada não tem interesse em atuar.
Obviamente, as empresas que assumirem o papel dos Correios terão a proteção do
Estado para operar em certos lugares sem concorrência e os serviços custarão
mais caro”, apontou China.
Para a Federação que representa a categoria,
a ECT deve reavaliar o posicionamento e recuar nos ataques aos trabalhadores.
“A representação dos trabalhadores preza pelo diálogo e o processo de
negociação, no entanto, diante da intransigência da empresa, a greve é nossa
última e única alternativa”, indicou China.
A empresa ainda vai apresentar as alterações
que pretende fazer na questão da saúde; dos benefícios e apresentar a proposta
econômica, de reajustes. A classe pede 8% de reposição salarial e ainda
se manifestam contra algumas ações, como a ameaça de demissão motivada,
privatização, fechamento de agências, suspensão de férias e horas-extras,
reformas trabalhista e previdenciária, entre outros assuntos.
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