Correios: vice do TST diz que greve é justa, mas quer receber encomenda
Rede Brasil Atual
04/10/2017
04/10/2017
São Paulo – A greve dos trabalhadores dos Correios é
legítima, considera o vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST),
Emmanoel Pereira, mas ao mesmo tempo o ministro se considera pessoalmente
prejudicado, por estar aguardando uma encomenda de São Paulo. O magistrado, que
já havia declarado abusividade do movimento, mediou na tarde de hoje (4)
audiência de conciliação na qual apresentou proposta de acordo que considerou
"limite", incluindo reajuste na data-base (1º de agosto) pelo INPC e
desconto parcial dos dias parados. Os representantes da Fentect e Findect,
federações que representam os empregados, pediram prazo para responder.
A paralisação começou há 15 dias em algumas
regiões. Os trabalhadores não aceitaram proposta de 3% de reajuste apenas em
janeiro. Também se manifestam contra a privatização da ECT e contra o que
chamam de "desmonte" da companhia. A proposta feita pelo magistrado
corresponde a um aumento de 2,08% na data-base – índice correspondente à
variação do INPC em 12 meses, até julho. O presidente da empresa, Guilherme
Campos, pediu que o pagamento retroativo fosse feito em duas parcelas.
A empresa, que fechou o primeiro trimestre
com pouco mais de 115 mil funcionários, vem fazendo redução de pessoal há
alguns anos. Em 2013, por exemplo, estava com 125 mil.
"A situação não é fácil para ninguém,
para nenhum de nós", disse o vice-presidente do TST, lembrando que os
trabalhadores já sofreram e poderão continuar tendo descontos nos salários,
enquanto a empresa sofre prejuízos "tangíveis e intangíveis". Ele
propôs compensação de 64 horas (correspondente a oito dias) e desconto dos
demais dias parados. As cláusulas sociais seriam mantidas, com exceção de duas
referentes a gratificações que, segundo o magistrado, já foram incorporadas. O
plano de saúde, outro fator de impasse, seria mantido até a conclusão de uma
negociação conduzida pelo tribunal.
"Entendo que este é o limite do que
posso chegar para atingir o consenso entre os senhores", afirmou Pereira.
Para enfatizar sua proposta, ele afirmou que a jurisprudência do TST é de
aplicar o INPC, e na hipótese de um julgamento, isso retardaria ainda mais o
reajuste. Além disso, mantida a abusividade, a tendência seria de que todos os
dias fossem descontados, sem compensação. "Espero que os senhores pensem
na situação que vive o país", pediu ainda.
Pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), o
subprocurador Luís Antonio Camargo de Melo, ex-procurador-geral, considerou a
proposta razoável. Ele afirmou que existe "preocupação muito grande em
relação ao cenário nacional" pelas mudanças provocadas pela nova
legislação trabalhista, prestes a entrar em vigor.
O presidente dos Correios disse que a greve
era um "atestado de que faltou competência às partes". Foi contestado
pelos representantes das duas federações, vinculadas à CTB e à CUT. "Não
foi falta de sensibilidade nossa, mas da empresa", afirmou o vice da
Findect, Elias Cesário de Brito Júnior. "Não foi incompetência nossa, foi
falta de habilidade da empresa. Nós ficamos o tempo todo à disposição para negociar",
reagiu o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva.
Os sindicalistas pediram pelo menos dois dias
para submeter a proposta às respectivas assembleias. Campos apelou para que a
resposta seja dada até sexta-feira, para, em caso de aceitação, começar
"com a corda toda" na segunda-feira (9). O vice do TST pareceu
concordar: ao final da sessão, assistida por aproximadamente 5 mil pessoas na
internet, ele disse que espera receber sua encomenda até segunda. A ECT diz que
apenas serviços com hora marcada (como Sedex 10 e 12) estão suspensos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário