Greve dos Correios: TST fará audiência de conciliação
G1
03/10/2017
03/10/2017
Uma
audiência de conciliação será realizada nesta quarta-feira (4), às 16h, no
Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, entre os Correios
e as federações que representam os trabalhadores.
A greve dos Correios entrou em seu 14º dia nesta terça-feira (3). O movimento,
que começou no dia 20 de setembro, tem a adesão de trabalhadores de todos os 26
estados e do Distrito Federal.
No dia 28 de setembro, o vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho
(TST), ministro Emmanoel Pereira, declarou abusiva a greve. O motivo apontado
por Pereira é que a paralisação foi iniciada enquanto ainda estava em andamento
um processo de negociação coletiva. Segundo ele, com o movimento declarado
abusivo, na prática, os trabalhadores que seguirem parados "não estão em
greve", e sim "ausentes do trabalho".
Para os Correios, com a decisão do TST, os "empregados que aderiram à
paralisação devem retornar aos seus postos de trabalho imediatamente".
Em nota, a empresa informou na segunda-feira (2) que 85,56% dos empregados
(92.898) estavam trabalhando normalmente em todo o país e que desde a última
sexta-feira (29), mais de 1.200 empregados retornaram aos seus postos de
trabalho. Na sexta-feira (29), eram 84,42% dos empregados (91.651 pessoas), o
que indica que houve queda na adesão à greve.
Veja balanço dos Correios de empregados trabalhando:
02/10 - 85,56% (92.898 pessoas)
29/09 - 84,42% (91.651 pessoas)
27/09 – 83,45% (90.607 pessoas)
26/09 - 90,59% (98.350 pessoas)
25/09 - 90,7% (98.545 pessoas)
22/09 - 91,3% (99.130 pessoas)
21/09 - 91,65% (99.504 pessoas)
20/09 - 93,17% (101.161 pessoas)
De acordo com entidades que representam os funcionários, a paralisação é
parcial, com redução de funcionários nas agências, e afeta principalmente a
área de distribuição. As agências franqueadas não estão participando da greve -
são cerca de 1 mil no país. Já as agências próprias totalizam mais de 6.500
pelo país. Os Correios garantem que a rede de atendimento está aberta e todos
os serviços, inclusive o Sedex e o PAC, continuam disponíveis. Apenas os
serviços com hora marcada (Sedex 10, Sedex 12, Sedex Hoje, Disque Coleta e
Logística Reversa Domiciliária) estão suspensos.
Motivos
Entre os motivos da greve, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em
Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), que tem 31 sindicatos
filiados, estão o fechamento de agências por todo o país, pressão para adesão
ao plano de demissão voluntária, ameaça de demissão motivada com alegação da
crise, ameaça de privatização, corte de investimentos em todo o país, falta de
concurso público, redução no número de funcionários, além de mudanças no plano
de saúde e suspensão das férias para todos os trabalhadores, exceto para
aqueles que já estão com férias vencidas. Também está em negociação o reajuste
salarial para a categoria.
A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos
Correios (Findect), outra entidade que representa os trabalhadores, com 5
sindicatos filiados, não aceitou o reajuste de 3% proposto pelos Correios
somente a partir de janeiro. A federação e seus sindicatos insistem no reajuste
retroativo à data-base da categoria, que é 1º de agosto.
Os Correios afirmam que a Fentect iniciou a paralisação nas suas bases
sindicais antes de ser apresentada a proposta financeira, entre outras
cláusulas que estavam sendo discutidas nas negociações.
Além disso, a ECT alega que após chegar a uma proposta de acordo coletivo para
o biênio 2017/2018 com a Findect, que contemplava o reajuste de 3% nos salários
e benefícios a partir do mês de janeiro de 2018, as bases sindicais votaram em
assembleias pela rejeição da proposta e decidiram aderir ao movimento, sem uma
contraproposta.
Crise nos Correios
Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos
e melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta. Nos últimos dois anos, os
Correios apresentaram prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões.
Neste mês, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que existe a
possibilidade de privatizar os Correios, mas afirmou que ainda “não há uma
decisão tomada”, já que “isso é uma coisa que tem que ser tratada com muito
cuidado”. Em março, o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, já havia
afirmado que, se a empresa não promovesse o "equilíbrio rapidamente",
"caminharia para um processo de privatização".
Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e
pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao
programa. Além disso, a estatal não realiza concurso público desde 2011.
Os Correios anunciaram em março o fechamento de 250 agências, apenas em
municípios com mais de 50 mil habitantes, além de uma série de medidas de
redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos.
Em abril, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a demissão
de servidores concursados vinha sendo estudada. Segundo ele, os Correios não
têm condições de continuar arcando com sua atual folha de pagamento.
A estatal alega ainda que o custeio do plano de saúde dos funcionários é
responsável pela maior parte do déficit da empresa registrado nos últimos anos.
Hoje a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários,
com 7%. Os Correios tentam negociar com os sindicatos um corte de até dois
terços das despesas de custeio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário