EMPRESAS Postalis leva disputa com BNY Mellon aos EUA
VALOR ECONÔMICO
17/5/17
O Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios,
busca ajuda de autoridades nos Estados Unidos no embate que trava contra o BNY
Mellon. A fundação acusa o banco americano, que era seu administrador
fiduciário, de gerar prejuízo de cerca de US$ 1,5 bilhão a trabalhadores da
ativa, aposentados e pensionistas dos Correios, com investimentos malsucedidos.
O presidente da fundação, André Luís Carvalho da Motta e Silva, chegou a
Washington nesta terça-feira junto com o diretor de investimentos, Christian
Perillier Schneider, e o vice-presidente de finanças e controles internos,
Francisco Arsênio de Mello Esquefe, entre outros, para encontros com
autoridades americanas, segundo a assessoria de imprensa do Postalis. O grupo
vai se encontrar com advogados, membros dos poderes Legislativo e Executivo,
funcionários dos departamentos de Justiça, de Estado e do Tesouro dos Estados
Unidos, além de advogados de uma banca de advocacia. "A delegação pretende
sensibilizar os congressistas americanos quanto à responsabilidade do banco BNY
Mellon no prejuízo causado por sua filial no Brasil", diz o Postalis em
nota. Procurado, o BNY Mellon não tinha se manifestado até o fechamento desta
edição.
Segundo a instituição, o BNY Mellon criou "uma cascata de fundos de
investimentos" cuja intenção seria "dificultar o acompanhamento pelo
Postalis dos investimentos efetivamente realizados sob a supervisão do
banco". "Os prejuízos causados aos planos dão origem a um déficit no
Plano BD [benefício definido] de aproximadamente R$ 6 bilhões", argumenta
o Postalis. O Plano BD tem patrimônio de R$ 5,3 bilhões e o Plano PostalPrev,
R$ 4,4 bilhões. O Postalis já move seis ações contra o BNY Mellon na Justiça
brasileira, relacionadas a fundos de investimento, como o Serengeti e o São
Bento, além de operações envolvendo o Fundo de Compensação de Variação Salarial
(FCVS).
Em meados de abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o bloqueio de
bens no valor de cerca de R$ 556 milhões do BNY Mellon, que tinha sido
decretado no dia 6 pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Os advogados do
banco entraram com mandado de segurança no Supremo e o pedido foi acolhido pelo
ministro Luís Roberto Barroso. Em sua decisão, ele reconheceu a prerrogativa do
TCU para decretar a indisponibilidade patrimonial, mas avaliou que, no caso do
BNY, a medida foi "desprovida de razoabilidade".
Segundo o ministro, apesar de a decisão do TCU ter sido fundamentada em suposta
omissão da administradora na fiscalização de serviços terceirizados de gestão
da carteira do fundo, o fato de o processo de investigação no tribunal se
encontrar em estágio inicial não justificava o bloqueio de bens. "Nesse
contexto, mostra-se desproporcional a decretação, de modo tão antecipado, da
indisponibilidade de bens da impetrante em volume tão substancial",
justificou.
Na ocasião, o advogado da BNY, Fabiano Robalinho, comentou que o TCU não
acusava o banco de estar envolvido em irregularidades no Postalis. E
acrescentou: "se houve omissão, isso tem que ser discutido no Judiciário,
sem a necessidade do bloqueio".
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