Monopólio postal é direito do cidadão
Gazeta do Povo
15/05/2017
15/05/2017
A Constituição Federal declara ser livre a
comunicação, assegura o sigilo da correspondência e estabelece que o serviço
postal seja de competência da União. Longe de conceder aos Correios um
privilégio, a exclusividade dos serviços postais tem o objetivo de assegurar o
direito a todos os cidadãos brasileiros, desde os que moram nos grandes centros
até os que vivem nos lugares mais remotos do país.
No entanto, a necessidade de se rediscutir a
exclusividade dos serviços postais sempre foi levantada. De tempos em tempos,
surgem questionamentos sobre a exclusividade, que abarca apenas
correspondências escritas de interesse específico do destinatário. A entrega de
propagandas em forma de mala direta, por exemplo, é de livre concorrência,
assim como a entrega de encomendas.Então, me pergunto: acabar com o monopólio
postal vai garantir o acesso à comunicação e a presença nacional que levou três
séculos e meio para ser conquistada sem imputar à sociedade o ônus de arcar com
o prejuízo? A resposta que me vem, com toda certeza, é não. Extinguir o
monopólio é decretar a falência imediata dos Correios e privar o cidadão do
direito à comunicação em qualquer lugar do Brasil — para se ter uma ideia, os
concorrentes da empresa na entrega de encomendas, por exemplo, chegam a apenas
600 cidades. Como ficará a população das demais localidades? Perderá seu
direito constitucional?Levantamento de outubro de 2016 da União Postal
Universal (agência da ONU que regula a atividade postal no mundo) com 165
países revela que 65% deles têm alguma exclusividade – entre eles, Estados
Unidos, Canadá e China, países de dimensões continentais, como o Brasil, onde
esse direito tem sido garantido pelos Correios.
É fato que vivemos uma realidade em que a
comunicação mudou e vai continuar mudando. A sociedade brasileira assistiu ao
surgimento de variadas formas de comunicação: telégrafo, telefone, fax,
smartphones. As pessoas já não enviam cartas como antigamente. As novas
tecnologias transformaram a forma como as pessoas se comunicam e as empresas se
relacionam. Em 2016, o volume de cartas entregues pelos Correios foi 16,4%
menor que em 2012, por exemplo.Outros países buscaram alternativas para
garantir uma comunicação moderna e adequada. Aqui, deixamos de fazer nossa
lição de casa e precisamos, agora, recuperar o que não foi feito nos últimos
anos. Precisamos diversificar nossos serviços e explorar outras possibilidades
para compensar a queda no volume das correspondências. Temos atributos como
imagem positiva, confiança de todos os brasileiros, capilaridade, presença
nacional e expertise em logística.
Então, não vale a pena recuperar a estatal,
como têm feito outros governos pelo mundo? A história dos Correios mostra que a
empresa possui credibilidade, eficiência (atualmente, de cada 100 cartas, 96
são entregues no prazo) e, quando corretamente conduzida, dá lucro à sociedade.
Por isso, antes de pensar em privatizar e
retirar a exclusividade postal dos Correios, é necessário recuperar a empresa.
Essa é a nossa missão e, lado a lado com nossos empregados, trabalhamos
fortemente para cumpri-la. Por isso, estamos fazendo de tudo para reposicionar
a estatal na nova realidade, como empresa pública e forte, orgulho de seus
funcionários e da população brasileira.
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