Aécio pede arquivamento de inquérito sobre CPMI dos Correios
IstoÉ Dinheiro
02/08/18
02/08/18
A defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG)
solicitou ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o
arquivamento do inquérito que apura envolvimento do parlamentar em suposta
“maquiagem” de informações prestadas pelo Banco Rural à CPMI dos Correios,
em 2005.
Em sua delação premiada, o ex-líder do
governo no Senado, Delcídio do Amaral, disse que Aécio Neves atuou para maquiar
as contas do Banco Rural durante CPI Mista dos Correios. Presidida por Delcídio
em 2005, a comissão investigou o mensalão, esquema que utilizava as empresas do
empresário Marcos Valério para lavagem de dinheiro.
A Polícia Federal atribuiu a Aécio e ao
ex-vice-governador de Minas Gerais Clésio Andrade o crime de corrupção ativa,
no relatório final do inquérito. De posse do documento, a Procuradoria-Geral da
República enviou manifestação a Gilmar Mendes, relator do inquérito na Corte, o
pedido para que o caso siga à primeira instância com base na limitação da regra
do foro privilegiado, uma vez que os fatos são anteriores ao mandato parlamentar.
A conclusão da PF foi a de que Aécio Neves,
então governador de Minas Gerais, e Clésio Soares de Andrade, vice-governador,
atuaram junto ao então senador Delcídio do Amaral, presidente da CPMI, para que
fosse dado mais prazo para o envio de informações bancárias, de tal modo que o
Banco Rural pudesse alterar os dados referentes a contratos de empresas do
publicitário Marcos Valério.
O intuito, segundo a PF, era impedir o acesso
da comissão a conteúdos que ligassem a gestão tucana a crimes operados a partir
das fraudes das empresas do publicitário com o banco.
“É seguro afirmar que, no início do segundo
semestre de 2005, por intermédio de pessoa não plenamente identificada, Aécio
Neves da Cunha e Clésio Soares de Andrade ofereceram vantagem indevida a
Delcídio do Amaral para que este, na condição de presidente da CPMI dos
Correios, viabilizasse o retardamento e a inadequação de remessa pelo Banco
Rural de Informações bancárias envolvendo as empresas de Marcos Valério, com o
propósito de, juntamente com atos pretéritos e posteriores, mitigassem
evidências da existência e funcionamento dentro do Governo de Minas de esquema
acentuadamente semelhante ao que ocorria no Governo Federal e era investigado
naquela CPMI”, diz o delegado da PF Heliel Jefferson Martins Costa.
O delegado aponta que Delcídio do Amaral
“praticou ato de ofício contrário a seu dever legal, a pedido mediato e no
interesse de Aécio Neves da Cunha e Clesio Soares de Andrade, em troca de
promessa ou oferecimento, tácitos ou expressos, de vantagem política futura e
indevida”.
Outro lado
Em nota, a defesa do senador destacou que o
inquérito foi instaurado com base nas palavras de um “delator que mentiu
inúmeras vezes para a Justiça” e afirmou que está documentalmente comprovado
que “nunca existiu a alegada maquiagem” e o suposto envolvimento do senador no
episódio.
“A
defesa aguarda que o STF promova a justa análise dos autos, com o consequente
arquivamento das investigações, na linha do que vem sendo feito em casos
análogos, em que só existe a palavra do delator”, escreveu o advogado Alberto
Zacharias Toron.
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