Correios podem arrecadar até R$ 90 milhões ao mês com despacho postal
O Globo
30/08/2018
30/08/2018
A cobrança de R$ 15 por encomenda importada
pode gerar aos cofres dos Correios entre R$ 1,5 milhão e R$ 4,5 milhão por dia.
Segundo o presidente da empresa estatal, Carlos Roberto Fortner, com o aumento
das compras em sites e empresas do exterior, o volume de mercadorias que os Correios recebe
do exterior cresceu de forma inesperada, variando entre 100 mil e 300 mil
objetos/dia. Considerados estes números e um mês com 20 dias úteis, o aporte de
recursos financeiros com o início da cobrança do despacho postal pode chegar a
R$ 90 milhões mensais. Valor que Fortner assegura que a empresa investirá na
melhoria do serviço prestado aos clientes.
— O valor arrecadado com a cobrança será
destinado a custear a estrutura necessária ao desembaraço alfandegário, um custo
que estava sendo embutido em outros serviços—, disse o presidente ao explicar a
jornalistas os motivos da cobrança, que entrou em vigor na última
segunda-feira, dia 27.
Antes, o serviço era cobrado apenas de
objetos tributados pela Receita Federal e que representam cerca de 3% do volume
total de mercadorias importadas recebidas pelos Correios, o que não chega a
alterar a expectativa média de faturamento com a cobrança.
O que pode sim afetar os resultados, segundo
a empresa, é um eventual aumento no percentual de mercadorias devolvidas por
consumidores que, eventualmente, desistam de retirar os produtos comprados para
não ter de pagar os R$ 15. Nestes casos, os objetos são devolvidos aos
exportadores com custos de manuseio, estocagem e envio para os Correios.
“Com a reorganização, a qualidade dos
serviços é melhorada e a velocidade do desembaraço alfandegário e da entrega
das mercadorias passa a ser mais rápida”, assegurou o presidente dos Correios.
Segundo ele, a cobrança do despacho postal já é uma prática comum em outros
países e o valor estabelecido pelos Correios é, em média, quatro vezes menor
que os cobrados por empresas privadas que atuam no Brasil neste mesmo segmento.
“Como o volume de encomendas era pequeno, os
custos estavam diluídos pelo restante das operações. Com o crescimento da
quantidade de objetos importados, foi necessário organizar serviços
complementares e reorganizar o serviço de maneira a lhe dar maior transparência
e permitir que cada cliente pague apenas aquilo que tem que pagar”, acrescentou
o presidente dos Correios.
De acordo com Fortner, entre 2016 e 2017, o
volume de mercadorias importadas recebidas pelos Correios cresceu cerca de 80%.
Mesmo com a alta do dólar, até junho deste ano a empresa já registrava um novo
acréscimo do volume de serviço, da ordem de 32%.
Trâmite para liberar encomendas
Segundo a área técnica da estatal, em 2017 os
Correios receberam, em média, 189 mil encomendas importadas por dia. Já no
primeiro semestre deste ano, foram 242 mil objetos/dia. Toda essa mercadoria
tem que ser separada, estocada e inspecionada por servidores dos Correios que
dão suporte ao desembaraço alfandegário.
Quando necessário, a estatal ainda tem de
providenciar o tratamento adequado a objetos cuja importação é proibida ou que
ofereçam algum tipo de risco fitossanitário; recolher e repassar à Receita
Federal eventuais tributos de importação não pagos e, por fim, avisar os
destinatários sobre a presença dos objetos.
“É um serviço que precisa ser remunerado, que
não podemos oferecer de graça, pois precisamos ter sustentabilidade
econômico-financeira”, ponderou Fortner.
Quem está aguardando encomendas do exterior, deve acessar o sistema de rastreamento de objetos e, se necessário, realizar o pagamento do despacho postal por meio de boleto ou cartão de crédito. O prazo de entrega do objeto, conforme o serviço contratado no momento da compra, passa a contar a partir da data da confirmação do pagamento. As informações e orientações sobre os procedimentos de importação estão disponíveis no site dos Correios.
Quem está aguardando encomendas do exterior, deve acessar o sistema de rastreamento de objetos e, se necessário, realizar o pagamento do despacho postal por meio de boleto ou cartão de crédito. O prazo de entrega do objeto, conforme o serviço contratado no momento da compra, passa a contar a partir da data da confirmação do pagamento. As informações e orientações sobre os procedimentos de importação estão disponíveis no site dos Correios.
Usuários reclamam
Apesar das justificativas, o início da
cobrança motivou usuários do portal e-Cidadania, do Senado Federal, a
apresentarem ao menos quatro propostas de revogação da cobrança da taxa. Uma
delas já conta com o apoio de 13.624 internautas cadastrados no portal.
Caso alcance 20 mil apoios até o próximo dia
26 de dezembro, a sugestão será encaminhada à Comissão de Direitos Humanos e
Legislação Participativa (CDH), responsável por, confirmada a legalidade das
ideias legislativas apresentadas por cidadãos, transformá-las em sugestões
legislativas para que sejam debatidas pelos senadores.
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